26 março 2013

depósitos à ordem seguros

Como poderia dizer o PA, deixem-se de paleio... e assinem a petição.

http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2013N38344

Petição Pela Moeda Depositada à Ordem Sem Risco 
Para: Assembleia da República

"Exigimos que os "Depósitos à Ordem" deixem de ser financiamento em risco aos Bancos e passem a constituir-se como verdadeiros "depósitos": uma conta corrente de moeda (com todas as funcionalidades correntes de movimentos a débito e crédito) depositada à guarda de valores, sem risco de crédito.

No actual sistema monetário tal significa que os Bancos terão de manter esses valores em reservas monetárias junto do Banco Central e ainda que de forma agregada, protegidos quer de eventuais necessidades de liquidez dos Bancos para outros efeitos, quer de potenciais falências bancárias e/ou acções de reestruturação exigidas por entidades públicas.

Os Bancos que pretendam oferecer contas correntes que constituam seu financiamento deverão oferecer um produto com uma designação clara e compatível com tal contrato de crédito e risco inerente.

Os signatários"

22 comentários:

Ricciardi disse...

O problema é quando o pessoal ficar a saber que, fazendo isso, os bancos exigem o reembolso dos emprestimozinhos ao pessoal de supeton.
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Ai querem que que a gente não empreste a massa dos depósitos? pois então, paguem lá o creditozinho a habitação que têm sff.
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Quando descobrirem isso os portugueses assassinam os signatários da petição ou pedem a cabeçazinhas deles numa bandeja.
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Rb

CN disse...

Rb

Pensei que já tinha ficado claro que não é nada disso.

Os Bancos Centrais só têm de:

- emitir as reservas necessárias para cobrir todos os DO.
- declarar 100% de reservas sobre os DO.

Ricciardi disse...

E depois, bem, e depois ficam a saber outra coisa mais assutadora, dentro do genero do terror, um finaciamentozinho ficaria mais carote. Para ser meigo e optimista.
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Aonde vão os bancos buscar a massa que eu preciso para a minha tesouraria?
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Hummmm, já sei, vão remunerar melhor os outros depositos (com risco). Vão dar tanto para ter esses depósitos que depois para emprestar vão cobrar ainda mais em juros.
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Rb

Ricciardi disse...

«Os Bancos Centrais só têm de:
- emitir as reservas necessárias para cobrir todos os DO.» CN
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Não podia ser solução mais Keynesiana. Essa é a solução de Huerta. Imprimir dinheiro para corrigir os balanços dos bancos.
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Ora, eu sou mais modesto. Acho que a impressão de dinheiro não deve servir os bancos, muito menos os depositantes, mas sim os estados que dele necessitem em situações excepcionais de emergencia. Aliás até acho que os estados não deviam poder financiar-se na banca. Devia ser proibido fazerem-no.
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Rb

CN disse...

Rb

Está a fazer confusão, é preciso imprimir reservas e não moeda que essa já existe. E trata-se de repor o que é devido e não um intervencionis mo keynesiano.

Ricciardi disse...

Não percebo.
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O que é imprimir reservas?
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A moeda que existe deixa de existir a partir do momento que um deposito é guardado e não pode ser utilizável para financiar a economia.
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Assim sendo, se a massa que deposito fica à guarda, quietinha, sossegadinha, à espera que eu a gaste ou invista, eu pergunto aonde é que os bancos vão buscar cacau para financiar o comum dos mortais?
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Vc parece dizer que os bancos só poderiam emprestar se obtivessem depositos com risco, e se quisessem emprestar sem ter depositos com risco teriam de recorrer ao BC que imprimia papelinhos (dinheiro) para o efeito.
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É isso?
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Rb

CN disse...

Não, só podem emprestar o que está em depósitos a prazo e outras formas de financiamento (obrigações e capital).

Ricciardi disse...

Bom, CN, eu confesso que não me esforço muito para ser palerma.
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Faço-o com uma naturalidade que, eu próprio, me impressiono. Conceda, pois, a este seu palerma, a compaixão devida aos menos bafejados pela sabedoria, de me desfazer da palermice... explicando-se.
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Vejamos, na realidade consta haver Depositos à Ordem e Depositos a Prazo.
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Imaginemos que existem em iguais quantidades (50/50) no total de depositos.
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Se os DO's passassem a ser depositos à guarda (no seu conceito) os bancos só podiam emprestar o montante equivalente aos DP's.
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Assim sendo, tendo em consideração que os Creditos Concedidos (CC) são 118% do Total de Depositos, isso quer dizer que os bancos só podiam emprestar metade disso.
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A minha dúvida é saber aonde é que os bancos vão buscar dinheiro para manter o credito total concedido.
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Só há duas ou três hipoteses:
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1º Os bancos pedem de imediato o reembolso de metade dos CC ao pessoal equivalente aos DO's. Imagine that.
2º Os Bancos arranjam Capitais de entre os accionistas ou outros para financiar a coisa.
3º Os bancos pedem dinheiro emprestado ao banco central para o efeito.
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- A solução 1ª é inconcretizável. O pessoal não pode reembolsar os emprestimos senão na medida de tempos daquilo que contrataram.
- A solução 2º é materialmente inexequível. Os accionistas não possuem recursos no montante exigido, muito menos metade do total do financiamento necessário à economia.
- A solução 3º é aquela que o Huerta defende. Imprimir dinheiro no BC para o ceder aos bancos para estes o emprestarem no montante equivalente aos DO's. O risco de crédito passa a estar no balanço dos B. Centrais e não nos bancos.
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Rb

CN disse...

O Banco Central passa a substituir os DO´s.

Assim os Bancos têm de registar:

Activo: Reservas no BC
Passivo: Banco Central

CN disse...


Isto não é propriamente pedir emprestado ao Banco Central neste sentido.

Isto já é o que se passa dado existir a garantia velada que os DO´s são "garantidos" de alguma forma. Ou seja, já é de certa forma verdade, que quem está a financiar os DO é o Banco Central de alguma forma.

Ricciardi disse...

Hummm.
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Eu andava a ver se soltava a verdade da proposta de Huerta, que mais não passa do que cobrir os DO's com dinheiro sem poupança alguma (imprimido, pois, pelo Banco Central), formulando a tese dele com a proposta de uma verdadeira antitese.
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Não podia ser de outra forma.
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Em suma, se um banco estiver à rasca, caberá ao BC soltar a impressora para garantir os DO's.
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Não me parece má ideia. Mas não deixa de ser curioso que a solução se afigure perfeitamente Keynesiana.
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Não resolve, porém, o problema.
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Garante os DO's ao pessoal, mas não combate a origem do problema.
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E a origem do problema actual é simples:
- 1º os bancos estão à rasca porque os estados os coagiram a comprar titulos do tesouro.
- 2º os bancos estão à rasca porque compram activos tóxicos no mercado dos derivados, ou activos tendencialmente tóxicos.
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Rb

CN disse...

Rb

Não é "se uma banco estiver à rasca o BC entra".

Isso é o que aconece agora, supostamente não existem quase reservas, mas se um banco estiver à rasca o BC trata de as arranjar de uma forma ou outra.

Esta solução é um "one off" para repor a verdade de DOs como deposito à guarda sem risco de crédito.

Ricciardi disse...

Então não seria mais simples criar um tipo de deposito novo, a par dos outros?
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Do tipo Deposito à Guarda. Pronto está resolvido. Os bancos passavam a não poder emprestar sobre o montante desse tipo de depósitos.
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Não faz sentido o BC cobrir o que quer que seja... excepto em situações de emergencia nacional, epidemias, guerras, graves crises etc.
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Agora se criassem um tipo de Depositos (à guarda) desses, tenho muitas dúvidas que as pessoas a prazo o utilizassem.
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Basta perceber que o endividamento privado é em Portugal na ordem dos 300% do PiB, para percebermos que, só escolheriam esse tipo de depositos as pessoas sem qualquer crédito. Os que tem patrimonio financeiro liquido positivo, em suma, meia duzia de pessoas.
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Mais, porque é que licito para si criar reservas (imprimir) para garantir direitos financeiro (sobre o dinheiro) das pessoas e já não é licito fazê-lo para cobrir direitos não-financeiros?
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Porque não criar reservas, já agora, para garantir os direitos salariais estabelecidos contratualmente?
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Se uma empresa não-financeira for à falência, não consta que o BC tenha que ter reservas para reembolsar os seus credores previligiados (como o fisco e os salários).
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Porque motivo ha-de o BC ter que imprimir notas para garantir espcificamento o direito de posse do dinheiro e não outros direitos não pecuniarios?
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Rb

muja disse...

Epá, agora o palerma sou eu...

Então são os bancos que estão à rasca??

E eu que sempre pensei que que estava à rasca eram os contribuintes...

E já agora, uma pergunta para o Rb: os bancos só emprestam a totalidade do dinheiro que têm depositado?

CN disse...

"Então não seria mais simples criar um tipo de deposito novo, a par dos outros?

Do tipo Deposito à Guarda. Pronto está resolvido. Os bancos passavam a não poder emprestar sobre o montante desse tipo de depósitos."


Aparentemente é simples. Mas imagine que passam todos para os "novos depósitos"? É com se levantassem todos os depósitos. Não conseguem. Tem de existir transicção.

zazie disse...

Eu não sei é como é que o Joaquim assinou sem perceber corno.

CN disse...

Zazie

Ninguém tem de perceber o que o BdP terá de ser obrigado a fazer por consequência.

O que interessa é se as pessoas acham ou não que os DOs (nem sequer os depósitos a prazo) devem estar seguros por inerência contratual.

Se sim, o BdP tem de implementar as medidas necessárias.

zazie disse...

As pessoas não podem achar ou não achar uma coisa, cujas consequências desconhecem.

As perguntas que o RB fez são bem pertinentes e não vejo alguém a esclarecê-las.

zazie disse...

V.s, por uma lado, dizem que o problema é das rotativas estatais. Agora querem que as rotativas estatais ainda fabriquem mais.

Ricciardi disse...

«E já agora, uma pergunta para o Rb: os bancos só emprestam a totalidade do dinheiro que têm depositado?» Muja
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O rácio, neste preciso momento, em Portugal é de 118%. Quer dizer, emprestam +/- 18% a mais do que aquilo que têm em depósitos. O caminho, segundo as novas regras de Basileia III, é que se fixe nos 100%.
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Mas para efeitos de solvabilidade, se o banco for à falência, tem activos superiores às suas dividas em cerca de 9% (racio de cook).
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O que aconteceu no Chipre foi um distorçao. O Alemanha perdou a divida publica da Grecia e os bancos do Chipre tinham comprado essa divida. No fundo a Alemanha obrigou os bancos do Chipre a perdoar a divida da Grecia criando um buraco nesses bancos; e agora penaliza os depositantes por causa disso.
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Eu até sempre fui contra as off-shores. Porque é por aí que passam os dinheiros negros.
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Mas aquela ilha vivia disso. Como vive a suiça, o luxemburgo, londres, em valores bem superiores aos de chipre. E isso parece não precuopar a sra. Merkel.
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Em suma, se queriam moralizar o sistema, deviam ter dado instruções ao BCE para controlar os dinheiros nas off-shores. O BCE não quis saber disso. Uma clara falta de regulação.
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Rb

Ricciardi disse...

Mas o CN, Muja, pretende outra coisa.
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Vejamos, quando um gajo pede um crédito, o mesmo é depositado na conta DO da pessoa que o pediu. Nesse banco ou noutro qualquer. Certo?
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Com base nesse deposito DO (com origem em credito)o banco pode emprestar outra vez a massa. Matematicamente um banco pode com o mesmo dinheiro empresta-lo cerca de 8 vezes mais. É o sistema fraccionário.
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E porquê?
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Porque os bancos sabem que as pessoas só levantam em média os seus depositos numa percentagem de cerca de 15%.
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Como sobram sistematicamente os outros 85% o banco vai emprestando esta percentagem... e o cliente volta a depositar o dinehiro no sistema bancário... on and on... até ao limite aritmetico possivel (8 ou 9 vezes).
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Tudo isto está certo, excepto se houver uma crise de confiança que motive os depositantes TODOS a levantar a massa de supeton. Aí o banco não tem massa. Quer dizer, tem-na, mas está emprestada aqui e acoli. Para pagar os depositos tem de cobrar os emprestimos primeiro.
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A confiança é, pois, o elemento chave, do sucesso do sistema bancário. É por isso que muitas vezes o FED e os BC's vão injectando massa no sistema, emprestando-o aos bancos. Para repôr eventuais levantamentos a mais.
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Quando se belisca a confiança, o pessoal fica maluco e toca de ir aos bancos levantar a massa antes que se faça tarde.
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Ora, a confiança está a ser abalada neste preciso momento. Na duvida o pessoal levanta a massa das suas contas. E se isso acontecer de forma massiva é o caos.
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Nas empresas é a mesma coisa. Quando eu vendo mercadoria a credito a um cliente. Passado um semana ele já não tem a mercadoria ali. Já a processou e entro no processo de fabrico. Na volta já a vendeu a clientes. Se eu exigir imediatamente a devolução da mercadoria, ela já não existe. O cleinte só me pode pagar depois de receber do cliente.
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Rb

CN disse...

"V.s, por uma lado, dizem que o problema é das rotativas estatais. Agora querem que as rotativas estatais ainda fabriquem mais"


Nope. Porque o Banco Central deixa que os Bancos fabriquem moeda e que os DO estão em risco dado financiarem o crédito concedido pelos bancos.

Esta medida é reverter a intervenção por legalização errada da utilização dos DOs para crédito.

E não é inflacionário. Os Bancos deixam de poder criar moeda para dar crédito, apenas intermediar.

É a reposição do sempre devia ter sido e evitando as bolhas e crises.