26 fevereiro 2013

ser conservador

Os tradicionalistas gostam ("the last men standing"), a direita dita moderna nem guarda memória do que tal coisa seja. Aqui não entra progressista de esquerda, liberal ou direita, nem sequer a do tipo fascismo republicano. É outra coisa. É aquela coisa que o estado moderno procura apagar furiosamente todos os resquícios isolando a existência do indivíduo a quem tudo oferece e tudo pede, e a quem de todos os vínculos tradicionais liberta. Mais tarde ou mais cedo, quando sentir que tem força para isso, tentará acabar com a Igreja, já o vai tentando. Quem sabe apoiado pela "direita" da altura, mergulhada já no caldo da legitimidade incontestada da vontade geral porque decidiram que direito natural é coisa estranha, a verdade decide-se a cada momento, adapta-se, pergunta-se aos outros. Perderam a memória, desvaneceu-se. O que é a propriedade? é aquilo que a autoridade política diz que é, uma espécie de licença dos outros, e enquanto o quiserem, começa tudo aí. Como já disse, é Huxley não Orwell, que arriscamos.

“Ser conservador [conservadores ocidentais greco-cristãos] refere-se a alguém que reconhece o antigo e natural para além do "ruído" de anomalias e acidentes e que defende, apoia, e ajuda a preservá-lo contra a temporário e anómalo.

Dentro do reino das ciências humanas, incluindo as ciências sociais, um conservador reconhece a família (pais, mães, filhos, netos) e as famílias com base na propriedade privada e na cooperação com uma comunidade de outras famílias como a mais fundamental, natural, essencial, antiga, e indispensáveis unidades sociais.

Além disso, o agregado familiar também representa o modelo da ordem social em geral. Assim como existe uma ordem hierárquica numa família, assim há uma ordem hierárquica dentro de uma comunidade de famílias de aprendizes, servos e senhores, vassalos, cavaleiros, senhores, e até reis-ligados por um sistema elaborado e complexo de relações de parentesco, dos filhos, os pais, padres, bispos, cardeais, patriarcas ou papas, e, depois, o transcendente, Deus.

Das duas camadas de autoridade, o poder físico terreno dos pais, senhores e reis é naturalmente subordinado e sujeito ao controlo pela autoridade espiritual-intelectual final de pais, sacerdotes, bispos, e, finalmente, Deus.” Hans Hermann Hoppe

36 comentários:

muja disse...

E V. a dar-lhe com a propriedade como base do direito natural.

Na Idade Média, que famílias tinham "propriedade"?

Em Roma? Caramba, em Atenas ou Creta?

Sem saber muito, mas arriscando um bitaite, diria que o sistema mais parecido com o que V. idealiza, há-de ter existido entre as tribos germânicas do norte da Europa, antes e durante o contacto romano.

V. não entende que sem Estado para lhe proteger a propriedade, V. só é dono do que pode proteger e apenas enquanto o possa?
Como raio é que isso base de algum direito natural?

É evidente que há nisso uma regra: a mais básica e brutal - a da força. Ou bem que tem força para repelir usurpadores, e mantém a propriedade; ou bem que não tem, e deixa de a possuir. Porque entretanto, teria que ter força para a subtrair do recente usurpador.



CN disse...

a força não faz o direito

quer dizer que na Idade Média não existia propriedade?

Pode haver propriedade sem direito natural?

zazie disse...

Quando é que em Inglaterra se passou a fechar os campos?

zazie disse...

Até o Marx sabia isso e com os mesmos campos abertos e propriedades comunitárias criou outro "Direito Natural" da utopia gémea da sua.

zazie disse...

E é por isso que os anarquistas comunas ou capitalistas acabam por coincidir na utopia.

muja disse...

Ó CN, eu nem quero entrar muito por aí porque não sei o suficiente para discutir muito aprofundadamente. Além do mais, a Zazie sabe mais e melhor que eu. Sobretudo nos princípios filosóficos da coisa.

Agora, é evidente que havia propriedade na Idade Média. Mas era de quem, perguntei eu?

E a resposta é uma apenas: era de quem a podia defender - a nobreza e o Rei.

A propriedade é consequência da força. Mais nada.
A questão resume-se a isto: ou V. tem força para a defender, conservar e até acrescentar; ou submete-se a alguém que a tenha por si: senhores feudais, reis, ou estados.

CN disse...

Zazie

Onde é que a propriedade é incompatível com propriedade comunitária ou colectiva?

a questão determinante é se o direito de propriedade é um licenciamento dos outros ou se é uma verdade em si mesmo.

Se depende dos outros, nenhum pobre agricultor que achando terreno sem dono, o faça seu usando-a e dela auferindo sustento, não pode reclamar propriedade.

Está sujeito a que uma qualquer vontade geral chega lá e o afaste em nome da ausência do direito natural

É isso em que acredita?

zazie disse...

Para v. ter direito a alguma coisa é preciso que o hábito tenha consenso.

O hábito não é nenhum apriori. E, muito menos natural- é social.

E olhe, agora vou passar a imitá-lo: quer tornar divinas as ocupações por minorias na Europa, é isso, se é isso, força.

Como v. diz- a mim nem me afecta, se é por aí que v. quer ir.

Porque, nos dias de hoje, fazer lei divina o saque de terras num país já existe e foram os seus neotontos que o aprovaram na ONU e UE no seguimento do nazismo.

A judiaria acabou por patrocinar esta merda dos direitos das minorias que depois nem têm nacionalidade- só têm Direitos Humanos extra-nacionais.

zazie disse...

Não faz o meu género acabar os argumentos com supostas acusações em tom emotivo.

Mas, como é a sua táctica, vou passar a repeti-la até lhe incomodar também.
.
Fora isso, v. é um bacano com muita piada.

É um autêntico extra-terrestre neotonto.

rui a. disse...

Na Idade Média foram surgindo vários regimes de propriedade privada que resultavam de contratos de exploração das terras feitos entre os senhores e os servos. Habitualmente, ao fim de um certo número de anos a trabalhar a terra o servo ficava com a propriedade de parte dela, sendo que nunca com mais de metade. Durante esses anos, tinha direito a parte dos frutos ou ao seu rendimento.

zazie disse...

E isto porque v. viaja para o passado para justificar um "apriori" que nem explica para que serviria nos dias de hoje.

E eu vou passar a mostrar-lhe a realidade que está à frente do nariz e que não lhe cheira.

Porque esta realidade fede. E fede na europa da globalização com ciganada a ocupar quintas e casas, e terrenos e querem que passem a ser deles por lei divina de minoria sem pátria, nem terra mas cheia dos seus "direitos naturais".

zazie disse...

Claro que foram sempre contratos.

Nem o comunismo é natural- como dizia o marx, nem o anarquismo de propriedade divina apriorística, como dizem os anarco-coisos.

CN disse...

Mas quem é que está a falar de anarquismo.

Estamos a falar de direito de propriedade. Existe ou cada proprietário só o é porque o resto do planeta lhe concede essa benesse? é independente da opinião ou sustenta-se a si próprio?

zazie disse...

Então, os que passam a ter direito de ocupação dizem o mesmo e os tribunais dos Direitos Humanos concordam.

A Europa está a ser espatifada à conta disto.

zazie disse...

Explique lá como é que uma noção que depende do hábito podia depender dela própria.

Eu dou-lhe um exemplo de um aprior e v. depois faz o mesmo exercício com a noção que quer fazer passar como apriorística- o direito de propriedade.

Aqui vai:

Toda a figura geométrica que tem todos os pontos à mesma distância do centro é uma circunferência.

Agora avance lá com um apriori do género.

Pode até socorrer-se dos sintéticos apriori que são dos do Kant e que serviram de base para os seus neotontos tiroleses.

Força. Pegue lá num sintético a priori (que até pode não o ser, mas mesmo pensando que é, de acordo com Kant) e faça a sua demonstração teórica.

Sem a fazer, v. apenas lança opinião com argumento ad baculum e não explica nada.

zazie disse...

É que eu nunca me dei ao trabalho de ler as fontes que v. papagueia.

Nem aquele patusco que estudou com o Habermas.

Mas aposto que até esses tiveram de fazer maiores malabarismos teóricos para venderem o peixe.

zazie disse...

Se eu não tivesse mais nada para fazer, desmontava-lhe esses patuscos.

Já li umas merdas por alto do tal que estudou com o Habermas e aquilo fede.

E do Rothabard, idem. O gajo era louco.

Louco perigoso, fugido de hospício.

zazie disse...

Este aqui, este palerma escardalho que deu em ancap:

Hans-Hermann Hoppe

DEra giro v. citar o tipo, nas tais demonstrações que v. quer vender mas nem sabe como, para eu lhe destapar a careca.

Ah, mas sem truques como fez com o outro texto do brasileiro, onde v. alterou tudo e passou a chamar direito natural clássico ao que é moderno.

Porque o que lá vinha era defesa do conceito de direito natural em Aristóteles e em S. Tomás de Aquino.

E isto é que foi chamado de "clássico" para depois ser adulterado pelos liberais- todos. a partir de Hobbes.

E estes nada têm de clássico, como v. tentou vender, até salientando a vermelho.

Eu deixei passar porque curto os seus truques e porque até acho que para quem é, clube ancap - bacalhau basta.

rui a. disse...

Zazie,

O Rothbard não era louco, era apenas um anarquista que tentou demonstrar o indesmonstravel, a saber, que uma ordem livre se pode sustentar na soberania individual racional ilimitada. É daqui que decorrem disparates sem fim, tais como a inexistência dos direitos das crianças. Depois, tentou fazer aqui um arranjo "explicando" que uma coisa é o juízo ético individual de um proprietário que dispõem do que é seu. ainda que seja para fins ímpios e imorais, e a própria moral que pode não ter nada a ver com estes comportamentos. O que tenho vindo a tentar demonstrar é que isto - que tem vindo a subverter os think tanks liberais - não tem nada a ver com a tradição liberal, exercício que nem é muito difícil, porque eles mesmos fazem questão de atacar os alicerces do liberalismo clássico. Os custos, a meu ver, que o liberalismo irá pagar por isto serão equivalentes às brincadeiras jacobinas de alguns "liberais" do começo so século passado.

rui a. disse...

Já sobre o HHH, desconhecia que tivesse sido de esquerda, mas não me admira. Se tiver informações a respeito, agradecia que as desse.

CN disse...

Sim, ele entrevistas sobre o sei percursos académico, nos anos de faculdade era de esquerda e depois descobriu Mises por acaso segundo creio.

zazie disse...

De acordo, Rui. Era maluco, pois. Li passagens dos direitos das crianças e outros à Peter Pan.

Agora o Hoppe estudou com o Habermas e tem formação neo-hegeliana.

O Habermas era de esquerda, ele próprio o foi.

Vem na biografia.

rui a. disse...

CN,
Muito francamente e sem querer diminuir ninguém, acho que esse percurso esquerdista (e, provavelmente de esquerdista radical) explicará muita coisa do que escreve o HHH. Sabe que isto de se ter sido esquerdista é como a genética: tem coisas que nunca se perdem...

zazie disse...

Os anarquistas são loucos,
O Rothbard era anarquista,
logo o Rothbard era louco.

Pronto, já demonstrei como ele não batia bem da bola e só por isso pode ter escrito anormalidades absolutas sem ser internado.

zazie disse...

Pode crer, Rui.

Nunca deixam de o ser. E um tipo com formação com o Habermas- logo o Habermas, que era daqueles escardalhos teoricamente consistente, não pode ter mudado muito.

rui a. disse...

"e depois descobriu Mises"
Descobriu, mas deturpa-o, Carlos.

CN disse...

"esquerdista radical) explicará muita coisa do que escreve o HHH"

Absurdo, foi o percurso normal de académmico universitário.


Hayek também na mesma altura era socialista, diz que foi convencido por Mises logo no inicío.

É o mesmo caso que HHH.

Ao trabalho que a zazie se dá só para recurar a propriedade como direito natural e o Rui A de certa forma com medo de ter de admitir que toda a autoridade tem de ser voluntariamente aceite para ser legítima.

CN disse...

Não deturpa, nada.

O Rui A primeiro aceite a praxeologia de Mises como válido e de resto como culminar da tradição da procura de verdade universais pela reflexão e depois vemos isso.

Mises nem se debruçou sequer sobre a questão do anarquismo internacional, mas contribuiu para ele ao proclamar o direto de secessão.

rui a. disse...

Então não deturpa, caro Carlos. E o ponto é exactamente esse do "direito de secessão", de uma breve passagem, do Liberalismo, segundo a tradição clássica, em que o Mises diz o óbvio - que, se fossível, a decisão deve ser reconhecia ao nível mais básico do indivíduo -, para se dar, a partir daí, um salto de corsa dizendo que o Mises era anarquista. Ora, o homem passou a vida dele a dizer mal do anarquismo e a considerar o estado e o governo como o ponto de partida de tudo o que escreveu (como é óbvio, porque, se não fosse a partir daí, o liberalismo não fazia qualquer sentido), e vocês a darem-lhe que ele era anarquista. De resto, a crítica ao anarquismo do Mises é aos fundamentos do anarquismo - a ordem social sem governo - e não ao anarquismo de esquerda, como vocês tentam demonstrar. Nos fundamentos relativos à ordem social sem governo, o anarquismo, de esquerda ou de direita, é rigorosamente igual, ou nao?
Por último, tenho andado para pegar nessa vossa teoria de que a ordem internacional é anárquica. Olhe que não, olhe que não, como dizia o camarada Barreirinhas. É olhas um bocadinho para a História, para concluir que, desde a Antiguidade Clássica,até hoje, houve sempre um, ou vários, monopolistas da força na comunidade internacional. Sabe de onde vem o ditado de que "todas as estradas vão dar a Roma"?...

Vivendi disse...

Carta saída do punho de Salazar, quando estudante no Seminário de Viseu.

Seminario de Vizeu, 15/3/1908
Caros amigos

… Que amigos devemos ser, e bem unidos, para não fraquejarmos na grande lucta pelo mesmo ideal. E é desta lucta e dos meios de que havemos de lançar mão, para que mais fácil e mais seguro seja o nosso triumpho, que vamos fallar-vos, nós, os seminaristas de Vizeu. E estranhar não deveis que de tal assumpto nos occupemos, hoje que se exige a conjugação de esforços, para que, isolados, não sejamos esmagados, pela onda avassalladora da desordem e da desmoralização, legitimos filhos do anticatholicismo revolucionário.

É misera a condição da nossa patria, e gravemente ameaçada, bem vêdes que está a divina Egreja de J. Christo. A seus ministros, a todos os seus filhos, – não é avançar muito, sustenta-lo! – incumbe a ponderosa obrigação de trabalhar em defeza da religião e na salvação da nossa querida pátria! Nós vimos, caros amigos, que a causa das nossas desgraças e ameaça incessante de nossa ruina, é a desmoralização que campeia infrene, produzida por uma grande falta de fé, que se accentua cada vez mais, que se sente e se vê, não fallamos já nas camadas mais elevadas da sociedade, mas ainda nas mais baixas, no povo, onde rareiam as crenças sinceras, e se é cathólico, – que vergonha! – por tradição!... À imprensa se attribuem, e com toda a razão, a maior parte destes males; à má, entenda-se, que não à bôa, que relevantissimos serviços tem prestado no campo catholico. Pois bem! Se o mal, se a doença que mina e ameaça matar para a fé e para a grandeza, o povo portuguez, foi produzida pela má imprensa, que envenenou a sociedade, curemos o mal com a boa, propagando-a, defendendo-a, quando demais, está, em o nosso paiz, passando uma vida amargurada! Estas resoluções tomaram-nas, apoz uma festa celebrada a 8 de Dezembro, (como podeis vêr no “compromisso” junto), os seminaristas de Vizeu. Estudando o melhor modo de praticar o compromisso tomado aos pés da Virgem, fundamos com vizivel agrado e plena approvação de nossos Superiores, uma “Liga de Propaganda” da Bôa Imprensa. Esta Liga com as quantias mensalmente pagas pelos alunos e outras pessôas que queiram subscrever-se, compra e assigna jornaes, que são gratuitamente enviados a diversos indivíduos, para que, conhecendo-os e apreciando-os, os comecem a assignar apoz o tempo, em que por nossa conta os recebem.

Não sereis vós certamente quem ha-de pôr em duvida, a grandeza, importancia e efficacia da obra, que emprehendemos. A vós, dando-vos conta do que fazemos, resolvemos escrever, preguntando também se nesse Seminario alguma coisa ha neste sentido, ou se nisso pensam os briosos Seminaristas. Em correspondencia com os de Sevilha, que amavelmente nos tem mandado e offerecido sempre os seus meios de propaganda, soubemos que para o vosso dig.mo Vice-Reitor, haviam descripto, pedindo que fosse entre vós fundada uma Liga.

Vivendi disse...

Secundamos o seu pedido com o maior enthusiasmo, e se elle alguma coisa vale por ser de amigos e filhos da mesma terra, em que mais se sente a necessidade destes meios, queremos ter em breve a satisfação de saber que muito se trabalha no vosso Seminário pela Bôa Imprensa. Estamos em começo de vida, no entanto ao vosso dispôr pomos tudo o que temos, todas as informações que precisardes, e que pudermos dar-vos.
Amigos: O momento é grave e de lucta! Criminoso será aquele que cruzar os braços, na immensa derrocada a que assistimos!
Seminaristas portuguezes: É Portugal que periga! É a Egreja que ameaçam! A terra formosa, de victorias sem conto e glorias sem par, a terra que nos viu nascer, em que o sol primeiro nos sorriu, e soltamos os primeiros vagidos affogados nos beijos ternos de nossas mães, que a mesma pátria possuem e no mesmo Deus acreditam, periga, clama por nós! Negar-lhe-hemos o que podemos dar-lhe?
Não são indifferentes aos males da Patria e da Religião, seminaristas portuguezes! Mostrae que assim é, e pela Bôa Imprensa sejam de hoje para o futuro o vosso trabalho e a vossa dedicação!
Para nós só queremos a satisfação de vêr em seminaristas, nossos amigos e nossos collegas, tão grande amor e tanta dedicação, que em muito excedam a muita que temos.

Abraçam-vos e saudam-vos os vossos collegas de Vizeu
Pela Comissão de Propaganda
O presidente
Antonio d’Oliveira Salazar

Vivendi disse...

"A terra formosa, de victorias sem conto e glorias sem par, a terra que nos viu nascer, em que o sol primeiro nos sorriu, e soltamos os primeiros vagidos affogados nos beijos ternos de nossas mães, que a mesma pátria possuem e no mesmo Deus acreditam, periga, clama por nós! Negar-lhe-hemos o que podemos dar-lhe?"

Isto é que era um verdadeiro conservador!

muja disse...

Mas o que é, afinal, esse "Direito natural"?

Natural em que sentido? Que vem da Natureza? Se sim, então só há um: força. O mais forte impõe a sua vontade.

Se o sentido é ser extra-humano, ou supra-humano, então, para não ser o da força (natural), só pode ter uma origem: divina.

Portanto, ou vem do Homem, ou da Natureza, ou do Divino, que em se admitindo, abarca e origina os dois primeiros.

Como V. não me parece inclinado a envolver o divino na questão, só sobra o do Homem (claro que falta saber de onde vem, de dentro do Homem, mas deixá-lo, para já) ou o da Natureza.

E o da Natureza, dê V. lá as voltas que der, é o da força. Não necessariamente violência, porque pode ser esperteza, ou coisa semelhante. No fundo, é a imposição da própria vontade sobre a dos outros.

O demais sai todo da cabeça do Homem. Seja por inspiração ou participação divina ou não - questão filosófica que já é demasiada areia para a minha camionete.


Ricciardi disse...

Bem, ao ouvi-los, neste caso a lê-los, até já me ia esquecendo que o Homem faz parte da Natureza de onde deriva a tal lei natural.
.
Ora, se o homem inventou leis, as leis são da natureza. Como tal o Direito Natural não existe sem o homem. E se existir não me interessa aquilo que não tem em conta o bicho humano.
.
E o homem sentiu necessidade em se organizar em consensos. A sociedade. Esses consensos são regulados por regras ou leis. E como provém do homem, e como este provém da natureza, então tudo é natural.
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Rb

BLUESMILE disse...

Ou seja, não há "lei natural" mas construção humana de sistemas normativos de organização social.

O que define o humano é precisamente o não ser "natural".

BLUESMILE disse...

E ando um bocado farta de citações de salazar um triste ex-seminarista merdoso.