21 fevereiro 2013

Keynes II - a falácia do empirismo estatístico-matemático

Existe uma coisa chamada multiplicador que passou a fazer parte da linguagem económica  (em especial da chamada síntese keynesianismo-neoclássicos) desde a publicação da Teoria Geral de Keynes em 1936.

E esta coisa expressa talvez o máximo do ridículo que é conjugar estatística com matemática e chegar a supostas expressões quantitativas.

Retirando a camada de nevoeiro com que essa coisa é normalmente apresentada o que resta é mais ou menos isto:

R = C + I , expressa a formulação do Rendimento como sendo igual ao Consumo e Investimento (uma verdade em si mesmo por definição, partindo algo em dois ou mais este é igual à soma do resultado da partição).

Vai daí, se inferirmos estatísticamente que 80% do Rendimento é gasto em  consumo, C = 0.8 * R

E trabalhando a matemática:

R = 0.8* R + I

Ou seja

R = 5 * I

Conclusão, parece ter sido determinado que existe um multiplicador de 5 para o Investimento: investindo-se adicionalmente (e para Keynes isto é sinónimo de qualquer despesa do estado) por exemplo 100, o resultado no Rendimento será um acréscimo de 500.

Não consigo arranjar expressões suficientemente satisfatórias para classificar a completa anormalidade conceptual e falsidade de tal coisa. Pegar em conceitos descritivos, depois juntar uma medição,  manipular o conceito descritivo com propriedades matemáticas para chegar a uma relação "causal" determinística define bem o erro em que uma boa parte da doutrina económica incorre.

Diga-se de passagem que sem grande barulho, esta "coisa" foi sendo como que abandonada, mas a dimensão do erro que aqui está nunca foi devidamente apreciado. E depois continua a surgir de forma subentendida aqui e ali com expressões como "é preciso fazer despesa para estimular a economia".

Sem comentários: