28 janeiro 2013

Uma via para simplificar os conceitos

e porventura poupar tinta e tempo a todos  é... declarar o Estado o princípio de todas as coisas.

Por exemplo: Moeda, o que é?

Segundo o chamado Chartalism (ou State Theory of Money) que se tornou até dominante Moeda é... o que o Estado diz que é.
Chartalism is a descriptive economic theory that details the procedures and consequences of using government-issued tokens as the unit of money, i.e., fiat money. The name derives from the Latin charta, in the sense of a token or ticket.[1] The modern theoretical body of work on chartalism is known as Modern Monetary Theory or (MMT).(...) 
Knapp coined the term "chartalism" in his State Theory of Money, which was published in German in 1895 and translated into English in 1924. Knapp argued that "money is a creature of law" rather than a commodity.[4]"
ou numa descrição ainda mais sucinta e directa:
Modern Monetary Theory views money as a "creature of the state". Chartalism is the belief that money or "the unit of account" is determined by a Sovereign government or other governing authority. This contrasts with mainstream views of money as having arisen by people spontaneously agreeing to use precious metals as a medium of exchange. 
E pronto, acabam-se as discussões sobre o assunto. Claro que tal definição pouco faz para explicar o dito de Voltaire (1694-1778):
Toda a moeda por fiat acabará eventualmente por regressar ao seu valor intrínseco - zero.
E temos uma lista (incompleta) aqui:

  • Angola (1991-1999)
  • Argentina (1975-1991)
  • Austria (1921-1922)
  • Belarus (1994-2002)
  • Bolivia (1984-1986)
  • Brazil (1986-1994)
  • Bosnia-Herzegovina (1993)
  • Bulgaria (1991-1997)
  • Chile (1971-1973)
  • China (1939-1950)
  • Ecuador (2000)
  • Greece (1944-1953)
  • Georgia (1995)
  • Germany (1923-1924, 1945-1948)
  • Greece (1944-1953)
  • Hungary (1922-1927, 1944-1946)
  • Israel (1979-1985)
  • Japan (1944-1948)
  • Mexico (2004)
  • Nicaragua (1987-1990)
  • Peru (1984-1990)
  • Poland (1922-1924, 1990-1993)
  • Romania (2000-2005)
  • Russia (1921-1922, 1992-1994)
  • Taiwan (late-1940s)
  • Turkey (1990s)
  • Ukraine (1993-1995)
  • United States (1812-1814, 1861-1865)
  • Vietnam (1981-1988)
  • Zaire (1989-1996)
  • Zimbabwe (1999-2007)

21 comentários:

Ricciardi disse...

A moeda não tem que ter valor intrínseco. Vc está a confundir conceitos.
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Uma moeda só pode existir se houver confiança entre as pessoas que a usam. A confiança é assegurada pelos estados emitentes. Se os estados perderem a confiança das pessoas, perdem a confiam também na sua moeda. Mas não só. A moeda é apenas um reflexo da perda de confiança geral.
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O que vc propoe é que seja criada uma confiança através de um metal que serve de moeda de troca. Lembre-se que a moeda, antes de ser um metal como o ouro, já foi cortiça, madeira, sal etc.
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Ora, se eu lhe disser que esse metal (o seu valor intrinseco) é perfeitamente manipulavel, desvirtuando o comercio, essa moeda deixa de ser confiável.
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A confiança nos estados que nos governam é melhor medido pela cotação das suas moedas-papel. E se tiverem de valer zero, pois que valham. É o mercado a funcionar. Não é a tentação de açambarcamento a reinar.
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Rb

zazie disse...

Não é "perfeitamente manipulável".

Pode ser é arrecadado na "fonte".

zazie disse...

Mas, ó morgadinho, coloca lá de novo a tua ideia de ser por nascimentos, a ver se o CN percebe e responde.

Eu ontem estava num leilão e nem li com atenção.

Cfe disse...

O Riciardi tem razão até porque verifico as datas de alguns países indicados coincidem com crises políticas nesses mesmos lugares. Seria curioso ver o que aconteceu em todos para ver o que provocou o valor zero.

Ou seja: enquanto houver estabilidade e confiança política a moeda não tende para zero.

PS: No caso de Israel, Brasil e julgo do Chile os governos ancoraram a nova moeda numa paridade com o dólar, fazendo este o lugar do ouro e com o tempo largaram essa paridade

Cfe disse...

Já outros países como a Argentina e Equador utilizaram o mesmo dólar de maneira muito mais intensa para ancorar suas moedas, no entanto como não tem capacidade de gerir essa reserva tornaram-se refens e até hoje sofrem as consequências.

Anónimo disse...

Isto de por no mesmo nivel e igualmente comparavel o rublo da Russia (1921-1922, 1992-1994) nao deve ter nem pés nem cabeça.
Por nao dizer a comparabilidade do pais mesmo...

Ricciardi disse...

Zazie, eu já me arrependi de a ter dado. A sério. A coisa pode ser levada para outros campos. Nomeadamente para o ridiculo. eheheh. É como dizer a um engenheiro para esquecer tudo o que ele aprendeu nas tecnicas de construir uma casa em altura em betão porque a partir de agora as casas serão escavadas nas arvores, nas rochas, como os tuaregues. ehehe
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Não é uma ideia susceptivel de ser interiorizada por quem vê o dinheiro da forma classica de o ver, isto é, como um meio de troca e reserva de valor exclusivamente dependente da criação de riqueza comercial ou, no caso do CN, do próprio valor do metal.
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O mesmo é dizer que um país cujas empresas são ineficientes, que produzem mal e porcamente pode ser rico se tiver acesso ao metal com o qual se transacionariam as nossas batatas.
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Temos, pois, de partir de um pressuposto base primeiro. Que a moeda existe para trocas entre pessoas reais. De bens e serviços.
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Se pensares que toda a troca podia ser um serviço (sem um bem a trocar de mãos), no fundo estamos a vender a inteligencia a alguém que a quer comprar. Mas, no sistema classico e austriaco, temos de arranjar primeiro um metal para podermos vender a inteligência a outrém, já que a confiança só devém de estarmos de acordo acerca do valor do metal.
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Quer dizer a inovação, a criação, a inteligência fica dependente de uma terceira coisa. O metal. Não basta eu ter uma ideia e alguém a querer adquirir. Esse alguém tem que ter um metal que eu aceite. O CN diz que eu só aceito vender a minha ideia se alguém me der uma moeda que eu considere confiável. Neste caso uma de ouro. Nada mais lógico, portanto.
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Então como é que o comprador vai arranjar a moeda de ouro? Não o pode tirar da sua terra. Nem pode fabricar um papel porque eu não confio na validade desse papel per si.
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Existem 20 spots no mundo com esse metal em boa quantidade. E, portanto, ou ele vai ao garimpo a ver se encontra algum, ou não pode obter a minha ideia. É simples.
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Transportando isto para um país actual. O dinheiro existe porque todos nós confiamos em quem o emite. Uma moeda vale mais do que outra estrangeira em função da confiança que lhes dá-mos. Essa confiança é dada pelo sucesso ou não das politicas economicas do país. Do sucesso das suas empresas e pessoas que geram activos e passivos.
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Rb

Ricciardi disse...

O dinheiro é, pois, um conjunto de activos do país, de créditos sobre o exterior e de passivos. E quanto maior for o sucesso economico-empresarial do país, mas confiança existe na sua moeda.
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Assim, imprimir dinheiro sem criação de riqueza inerente é algo com consequências práticas imediatas.
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Se os governos tiverem a tentação de o fazer de forma isolada face a outros estados de moedas concorrentes, a primeira consequencia é a desvalorizacção relativa da moeda. O que significa que os preços sobem. Se isso acontecer, e quando isso acontecer, os governos responsaveis fazem o contrário, isto é, retiram liquidez de circulação, aumentando por exemplo as txas de juro ou auemtando as reservas legais. Ou seja, estas medidas só podem ser aplicadas por periodos curtos e em linha com as moedas concorrentes e para mitigar crises por certo e determinado tempo.
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Agora, imagina outro sistema. Fora destas cenas economicas classicas de põe dinheiro, tira dinheiro, mete taxa, tira taxa, mete ouro, tira ouro.
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Tudo isto depende, como disse acima, da confiança. Num caso da confiança dos estados; no outro caso da confiança no valor estável de uma commoditie (que é uma falsidade se ela própria for dinheiro).
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Imagina um sistema de produção de moeda em linha com o crescimento da população e criação de riqueza.
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Neste sistema, Portugal emitia Bentos e substituia todos os euros por bentos. Imagina, se a massa monetária fosse de cerca de 300 mil milhoes de euros e se temos 10 milhoes de pessoas, o governo emitia por pessoa 30 mil Bentos.
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Se a economia crescesse 10% num ano e a população se mantivesse nos mesmo 10 milhões de pessoas, o governo emitiria mais 3 mil milhões de Bentos para assegurar os preços.
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Mas se a população aumentasse 5%, o governo emitiria mais 5% de moeda.
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Se a população diminuisse 5% o governo retirava 5% de moeda em circulação. Se a economia decrescesse 10% e a população aumentasse 10% o governo não faria emissão adicional.
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A estabilidade de preços estava sempre garantida. Na fonte. E não é suscptivel de manipulação. O padrão é po mais valioso de todos. A vida humana (e a riqueza). E a fonte são as pessoas que usam o dinheiro. Mais pessoas, mais dinheiro. Menos pessoas, menos dinheiro. Mais riqueza, mais emissão. Menos riqueza, menos emissão.
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Se a produção de dinheiro estiver em linha com algo não manipulável (nascimentos/mortes/riqueza), os governos concentram-se naquilo que é mais importante.
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E o mais importante é que a quantidade de velhos não seja demasiado grande porque corremos o risco de ter de destruir moeda de forma massiva destruindo riqueza potencial. Ou seja, o governo, por causa da emissão de moeda indexada ao crescimento populacional e riqueza, cuidaria de manter os velhos pelo maior tempo possível e cuidaria de incentivar a natalidade com maior vigor (já que a capitação de moeda se faz por nascimentos tambem).
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O resultado disso seria uma sociedade com uma faixa etária equilibrada. Sempre equilibrada. Qualquer desvio na idade média optima seria corrigida imediatamente através de politicas activas direcionadas. Se necessário fossem mais crianças, o acrescimo de produção de moeda por nascimento financiaria politicas fiscais que potenciem às familias terem mais filhos. Se os nascimentos estiverem a ser em demasia (originado um numero de velhos a prazo insuportavel) o governo emitiria menos moeda e retirava estimulos à natalidade.
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Uma pessoa nascida, uma nota a mais.Uma pessoa falecida, uma nota a menos. Sempre em conjugação natural com a riqueza produzida, claro, porque a quantidade maior ou menor de pessoas não significa que as mesmas sejam eficazes na produção de riqueza.
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Haverá padrão melhor do que este?
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Rb

CN disse...

"Uma moeda só pode existir se houver confiança entre as pessoas que a usam. A confiança é assegurada pelos estados emitentes"

Uma moeda por fiat só existe enquanto "existir confiança" que o Estado não manipule aquilo que pode criar a custo zero para pagar a sua despesa e o Banco Central crie a custo zero para facilitar o crédito.

Ora exactamente qual é a confiança que se pode atribuir aos Estados e Bancos Centrais?

Como já procurei explicar, o valor do Ouro como moeda advém da sua quantidade ser a mais fixa que se conhece em qualquer mercadoria conhecida (dado o seu baixo rácio de produção/ stock), ora isso é que lhe dá a confiança máxima que nunca poderá ser objecto de manipulação quantitativa (a prata num segundo lugar mais distante).

Se existir concorrência legal, o ouro acaba a ser selecionado como preferencial.

Ricciardi disse...

Mas eu gostaria de perguntar, ao caro CN, uma coisa muito simples.
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Imaginemos que o mundo todo concorda em adoptar o ouro para as suas transacções.
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Certo?
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Como não existem reis Midas, como é que cada país faria para transformar o dinheiro que tem em ouro?
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Vejamos, o caso de Portugal. Tem, imaginemos, uns 300 mil milhões de euros em dinheiro. E portanto iria necessitar de adquirir esses 300 mil paus em ouro à cotação do dia para servir de padrão à moeda em criculação. Só assim é que haveria a tal confiança, certo?
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Ok. Agora eu pergunto. Como iria Portugal adquirir esse ouro?
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Para o fazer só tinha uma possibilidade. Vender outros activos. Portugal tinha de vender outros activos para comprar ouro. A alternativa era ficar a dever ao país que o estivesse a vender, o que ia dar ao mesmo.
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Como é que então, caro CN, conseguiriamos obter esse metal?
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Já agora, gostaria que comentasse a que preços poderia chegar o ouro se todos os países dessem ordens de compra de ouro em simultaneo (mesmo com entregas fisicas posteriores).
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Rb

Ricciardi disse...

Por fim gostaria que pudesse comentar a quem é que esse negócio (ouro-padrão) interessaria. A que tipo de país. Produtores de ouro? potencias militares? outros?
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Rb

CN disse...

O ouro interessaria a todos a começar pela população em geral ou se quiser o povo.

Usando ouro fica defendido quer de inflação quer dos colapsos e valoriza com o crescimento económico.

Outro ponto importante é que pode constituir poupança sem que fique dependente de produtos financeiros.

O ouro não interessa nem a Estados e nem aos próprios bancos. Se assim é só deve ser bom.

CN disse...

Quanto à transição o melhor é simplesmente defender que fique tudo como está mas deixem simplesmente o ouro circular como moeda (sem ónus fiscal e com possibilidade de sere usado em contratos irrevogáveis em ouro, ou seja, fixando preços e obrigações).

muja disse...

A sua ideia é boa ó Rb. Mas diga-me lá:

V. que é tão avesso à "engenharia social", e ao que utilizando o reductio ad hitlerum denominam políticas nazis(tas, para acentuar o ridículo), não teme que isso condicione o Estado a agir nesse sentido?

E agora, uma questão de índole mais prática: como é que V. afere a riqueza criada?
No meu entendimento, o dinheiro havia de reflectir a riqueza existente, e é esse o padrão que faz mais sentido para mim.

A sua ideia acho que é muito boa precisamente porque se baseia na única coisa indispensável para existir riqueza: pessoas. Sem pessoas não se cria riqueza (e também não há quem a aproveite e lhe dê valor).

Mas existe esse problema da riqueza: se é fácil aferi-la, porque não se emite apenas o dinheiro correspondente. Se não é, então a sua ideia também não resolve o problema, porque há criação de riqueza que transcende a vida do criador.

Ricciardi disse...

«Quanto à transição o melhor é simplesmente defender que fique tudo como está mas deixem simplesmente o ouro circular como moeda (sem ónus fiscal e com possibilidade de sere usado em contratos irrevogáveis em ouro, ou seja, fixando preços e obrigações).» CN.
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A Lei de Gresham resume-se na seguinte oração: "A má moeda tende a expulsar do mercado a boa moeda".
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No fundo é um princípio económico que diz que moedas que têm valor pleno em termos de metal precioso tendem a desaparecer quando circulam num sistema monetário depreciado.
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De acordo com esta lei, as boas moedas são exportadas ou derretidas para se capitalizar o seu valor de mercado mais alto no câmbio estrangeiro.
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Rb

CN disse...

"A má moeda tende a expulsar do mercado a boa moeda".

Não tenho a certeza que esteja a interpretar a lei de Gresham correctamente:

È verdade quando forçam legalmente que a má moeda vale tanto como a boa.

Não que uma boa moeda quando convive com uma má, a má como que supera a boa. Só se forçarem legalmente (e mesmo assim, só se conseguirem fechar os mercados negros e paralelos) que a má moeda vale tanto como a má.

Porque se assim for, quem é que vai pagar com a boa se pode pagar com a má?

Anónimo disse...

Carlo Novais,

O seu esforço de divulgação da teoria económica da escola austríaca é mutíssimo louvável, mas parece-me que está a atirar pérolas a porcos!

zazie disse...

O morgadinho tem ideias malucas mas desta nem sei.

Só pergunto: o crescimento ou diminuição da população pode não ter apenas a ver com natalidade.

Existem catástrofes naturais.

Numa situação dessas, qual a lógica de diminuição do valor do país quando até precisaria de mais?

zazie disse...

A pergunta do Mujah, acerca de quem afere, é mais importante.

Porque é mesmo isso a questão de fundo: quem vai aferir a âncora que sustenta o valor da riqueza e das transacções?

Por isso é que o CN tem historicamente razão. O ouro sempre foi escolhido por um motivo- e esse motivo é a tal estabilidade intrínseca ao metal precioso.

Ricciardi disse...

A lógica é total. Mas percebo o que queres dizer; quer dizer, então se vem uma catastrofe como saimos da crise?
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Pois. Não há solução para catastrofes. A única que conheço, com provas dadas pós-guerra, é a resposta Keynesiana. Emitir, emitir, emitir... solidariedade, solidariedade, solidariedade entre países... endividar, endividar, endividar.
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Em casos desses, catastrofes, guerras etc, só recuperas mais rápido se te ajudarem. Dando ou emprestando ou perdoando dividas. Não existe outra solução.
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Ou melhor. Existe sim. A austriaca, que é deixar andar e recuperar com os meios que sobreviveram à catastrofe. O sacro-santo Ciclo Economico Austriaco que é coisa tão divina que o Homem não pode mexer nele. Nem para sobreviver. Bolas.
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Rb

CN disse...

"A única que conheço, com provas dadas pós-guerra, é a resposta Keynesiana."

Não tem provas dadas.