23 janeiro 2013

orgulho de pai



Fundei o Portugal Contemporâneo há quase oito anos, na sequência de uma zaragata qualquer ocorrida no Blasfémias, daquelas muitas «moscas na sopa», ou no whisky, de boa memória, que marcam os blogues colectivos de sucesso, onde os egos individuais sempre prevalecem sobre o espírito colectivo, coisa que, como nós liberais sabemos, não existe.

Durante uns tempos, o PC foi o meu blog particular, solitário e quase íntimo, onde fui escrevendo umas coisas que não me pareciam nada más, mas que não tinham leitores. A média diária do blog andava pelos 150 leitores e aos fins-de-semana baixava para menos de metade, o que demonstrava que, como quase sempre, o génio só é reconhecido na posteridade, o que, muito francamente, não me estimulava, até porque tive sempre a convicção de que, um dia, ganharia prosperamente a minha vida a escrever em blogues, e no Portugal Contemporâneo, sozinho, esse dia tardava em chegar.
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Revoltado com a ingratidão humana e a falta de sensibilidade literária e política dos frequentadores de blogues portugueses, regressei ao Blasfémias, de que fora fundador e que tinha abandonado por capricho e falta de juízo, onde havia um mercado de leitores certo e abundante, e onde tinha e tenho bons amigos.
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Nessa ocasião, para reforçarmos o plantel, comecei a desafiar o Pedro Arroja – o liberal mítico da liberalidade portuguesa – a abandonar o ostracismo mediático a que ele, por casmurrice e vaidade, se condenara uns anos antes, após uma intensa e mais do que brilhante incursão pela comunicação social portuguesa. Após um namoro longo e vários assaltos fracassados, o Pedro aceitou começar a escrever no Blasfémias (começou com um post sobre o Leo Strauss e os neocons norte-americanos), tendo ficado assim constituído o «dream team» do liberalismo blogosférico português, numa sentida expressão pronunciada, num célebre almoço na cidade do Porto, por um dos mais eminentes autores do Blasfémias, que inventara o slogan da «bovinidade» que ainda hoje encima o cabeçalho do blog. Por acaso, o restaurante onde o almoço ocorreu fechou pouco tempo depois, e o Blasfémias por pouco conseguiu sobreviver a tanta genialidade junta…
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Em resultado desse almoço e dos alvoraçados episódios que marcaram a passagem do Pedro pelo Blasfémias (terminados, simbolicamente, numa bela manhã de Abril, 25), o Portugal Contemporâneo voltou a reanimar – ele que ficara praticamente inactivo durante meses -, comigo e com o Pedro Arroja, a quem se juntou o nosso querido amigo José Manuel Moreira, que, por sua vez, resistiu por pouco tempo às investigações sobre a suspeitíssima sexualidade de Adam Smith e David Hume, que o Pedro desenvolveu com o inequívoco rigor científico que aplica a estas matérias.

Tendo, assim, ficado cientificamente demonstrado que Smith e Hume eram gays e que mantiveram um caso por muitos anos (prova feita pelo Pedro, onde não faltaram transcrições de cartas trocadas entre ambos, verdadeiros bilhetinhos secretos de dois apaixonados), o que constituiu um dos momentos de maior brilhantismo científico deste blog, eu e o Pedro ficamos novamente sozinhos, isolamento que terminou, julgo que de uma assentada só, com a entrada do Ricardo Arroja e o Joaquim Sá Couto. Foram os tempos árduos em que o blog foi indelevelmente marcado pelos posts em inglês («em estrangeiro») do Pedro, o que fez de nós o blog mais culto e ilustrado da blogosfera lusitana, orgulho que ainda hoje conservo.

Depois dessa renovação, o blog começou a ser marcado pela pena do Joaquim, que melhorava a cada dia que passava, assim como no ciclo anterior fora marcado pelo Pedro e, no primeiro tempo de vida, por mim próprio, não tanto pelo brilhantismo da escrita, mas (talvez?) por ser o único a escrever. Pouco tempo depois entrava o João Miranda, que nunca nos frequentou muito (volta, João, volta!), há pouco tempo o Paulo Mendo, que nos trouxe alguma seriedade institucional, e, logo depois, o Carlos Guimarães Pinto (outro liberal de excelente extracção e muito boa cepa). Hoje, com este post, tenho o grato prazer de anunciar que o Carlos Novais aceitou começar a escrever no Portugal Contemporâneo.

O Carlos Novais é uma figura conhecidíssima da blogosfera nacional e dos círculos liberais portugueses. Culto, polemista, ferverosamente anarco-capitalista, ele é, em Portugal, o representante mais antigo e ilustre do liberalismo de raiz rothbardiana, de cuja obra e pensamento é seguramente, entre nós, o mais profundo conhecedor. Para mim, poder contar com o Carlos Novais num blog onde escrevo é uma alegria que suplanta o simples reconhecimento das suas muitas capacidades. Quem segue, desde os primórdios, a blogosfera liberal portuguesa, não ignorará que eu e o Carlos mantemos nela, desde o famoso «liberalómetro», mais ou menos o mesmo estatuto que os dois velhos dos Marretas tinham nesse programa: nunca concordamos com nada e sempre discordamos de tudo, o que é muito salutar e bastante estimulante. Sem exagerar na proporção destas coisas, não tenho dúvida que só um blog como o Portugal Contemporâneo nos poderia aturar aos dois. E esse é o melhor elogio que nos podemos fazer, todos quantos aqui escrevemos com maior ou menor regularidade, o de mantermos «o blog mais livre da praça», como há uns tempos profetizou o Carlos Guimarães Pinto, certamente já a pensar em ser-nos agradável para ter aqui um lugar…

Seja, então, muito bem-vindo, caro Carlos Novais.

18 comentários:

joserui disse...

Carlos quantos?... caro Rui A., o Insurgente que por aqui anda, além da calçadeira, pouco valor acrescentado... huh... acrescentou...
Passe algum exagero, olhe que com 150 visitas era capaz de ter mais leitores que o outro (com 3.000 visitas na altura, ou menos)... tem de ler um livro sobre o Analytics e como interpretar as hordas de visitantes de um blogue de sucesso como o Blasfémias... o mercado abundante de leitores se calhar são apenas visitas e curtas, demasiado curtas, para poderem ler os títulos sequer... -- JRF

joserui disse...

Casmurrice e vaidade?... se alguém tivesse que descrever o caro PA em duas palavras, faria melhor?... impossível!...
Aquilo no Blasfémias não foram meros episódios... foi uma vergonha que dimensionou muitas personalidades... deixei de ler o pasquim na mesma altura...
De política só leio este e o Porta da Loja, que é o melhor. Mas este é bom também caro PA!... um verdadeiro prodígio... -- JRF

joserui disse...

Mas gente como o PA, o Rui A. , o RA, o José e mais uns quantos (Pedro Lomba...) deviam era pensar numa coisa mais a sério... feita para a web, telefones e tabletes... o mercado da comunicação social está maduro (no sentido de a cair de podre)... e está pronto para umas ideias novas, um sítio que não deixe entrar os do costume, que seja independente, "des-situacionista" e descomprometido... --JRF

Carlos Guimarães Pinto disse...

Excelente contratação.

zazie disse...

O cerco aperta-se...

Quando não se vence o adversário por fora, toma-se por dentro.
...............

À parte isto, gosto muito do CN e cheguei a recomendar o wars 4 status quo.

Agora no resto, já se sabe, é mais um biruta simpático.

CCz disse...

Boa notícia!

Fica cada vez melhor!

muja disse...

Hmm. Não estão de acordo sobre nada, excepto que o liberalismo é a melhor coisinha desde o pão às fatias (parafraseado os estrangeiros)...

Suponho que teremos muitos Rothbards, muitos Hayeks, muitos Mises, muitos Landes, muitos Rands; muita gente com quem o Rb não concorda mas que se apressará a defender quando alguém apontar que têm todos um nariz parecido...

Livre dizeis vós?
O único que na verdade agita as águas a sério é o PA mais o seu catolicismo, que mesmo sujeito aos contorcionismos a que o PA o sujeita por forma a tentar não ofender a sensibilidade elevada das bailarinas liberais (agora é libertárias que se diz, é?), ainda retém poder suficiente para desencadear discussões pouco ortodoxas (para a ortodoxia dominante da falsa dicotomia esquerda/direita).

Prevejo um abaixamento de Zazies e um aumento de Bluesmiles...
Espero estar enganado.

O JRF tem razão.

zazie disse...

Pode crer.

Vamos ter mais um suplemento do Blasfémias para concorrer com o Insurgente.

Pena foi o Paulo Mendo ter dado à sola.

O resto, é mais do mesmo.

zazie disse...

Vai ser mais um blogue de tricas ideológicas entre maluquinhos neotontos.

Uma réplica virtual das tretas das seitas marxistas leninistas antes do 25 de Abril.

Tudo a debater a melhor utopia e quem a deve dirigir.

zazie disse...

Mas isto prova aquilo que há perto de 40 anos eu já dizia:

É fácil arregimentar malucos para ideologias. Difícil é fazer com que eles as larguem.

Não largam.

O PA é um caso único de um neotonto que se apercebeu da parvoeira e a largou.

Mas fez seguidores neotontos e não consegue influenciar um único para o seguirem na saída.

muja disse...

Coitado do Vivendi... Agora já não vai ter oportunidade para fazer os seus volumosos copy pastes económicos... Que estes tipos vão monopolizar a coisa a esse nível (à vez, e chamando-lhe concorrência - na boa tradição liberalista, perdão! libertária).

Excepto com o Dr. Salazar. Esse é que não lhes agrada nada, por isso ainda vai ter muitas oportunidades para lhes dar com ele no toutiço...


zazie disse...

O CN é um tnto à parte e excelente quando se põe a falar de política internacional.

É perfeitamente anti-neocon.

É é um medievalista.

Eu tenho um fraquinho pelo CN (acho que toda a gente tem, de tal modo que também se entendia com aquele bacano escardalho e de grande QI- o Miguel Madeira).

marina disse...

o rui a está a tentar que o PC volte às 150 visitas diárias ? e o título do post devia ser orgulho de avô porque é meio gaga . e malcriado . lá está o caranguejo tuga em todo os seu esplendor.

zazie disse...

Em que é que o Rui A foi malcriado?

Essa agora ultrapassou-me.

Se há coisa que o Rui é, é o inverso- um gentleman.

Sempre com luva de seda.

zazie disse...

Há pessoas que têm esse dom. Nunca lhes consigo mandar bujardas.

Duas delas são eles: o Rui e o CN.

Vivendi disse...

Pois Mujahedin. Como tudo na vida tem a teoria e tem a prática. E tivemos 40 anos de bos práticas na defesa económica e do tradicional e anda tudo com medo de assumi-las? Eu não tenho.



muja disse...

E faz V. muito bem! Eu também não tenho!

Tem todo o meu apoio!

Vivendi disse...

;)