27 janeiro 2013

Kant was a Red

O comentador Francisco teceu esta conclusão num comentário no post original de PA "Não existe":
"O único aspecto aqui onde eu talvez concorde com o PA é que há uma certa tendência para extrapolar os conceitos abstractos para fora do pequeno domínio onde eles aproximam a realidade, e torná-los absolutos, o que pode levar a alguns delírios intelectuais."

Pois essa absolutização pode tomar diferentes formas.

PA socorre-se muitas vezes de Kant para por associação validar as suas teses. No limite: Kant estava errado e como Kant usava pensamento abstracto, logo, Mises (ou "moeda", ou...)  = abstracto = errado. 

Ora eu não ponho em causa o que se possa dizer da crítica a Kant, o que temo é que, num velho tique de Ayn Rand (e não estou a por em causa o que Ayn Rand criticou em Kant) se leve longe demais nas demonstrações por associação.

O comentário foi assim:

"O PA não gosta das abstracções porque:

- ninguém se entende sobre o seu significado
- não têm realidade concreta

A 1ª objecção é uma não-questão circular. Não existe nada que tenha uma definição absoluta e 

universal. Peço ao PA se consegue arranjar uma definição consensual do que é Deus, e pergunto-lhe 
se isso o coíbe de afirmar que Deus existe. Isto porque o prório conceito de definição é abstracto. As definições só existem na nossa cabeça, mesmo que se tratem de coisas concretas como a caneta que está na minha mesa.

Portanto, o PA, quando quer falar de Deus, define-o à sua maneira e não se fala mais nisso. Para o dinheiro e a espécie é exactamente a mesma coisa. Se os quer discutir, a primeira coisa que tem que fazer é escolher as suas definições e partir daí.

A 2ª objecção também não concordo muito com ela. As abstracções tanto podem não ter nada a ver com a realidade, como podem ter tudo a ver com a realidade. E como é que podemos saber isso? Pegamos numa abstracção e comparamos com a realidade. Certamente essa abstracção não representa toda a realidade, mas pode ser que capte uma parte."

2 comentários:

João Mezzomo disse...

È possível também que a realidade última seja o abstrato (ou o "em si", na terminologia de Kant), e que o concreto seja mera projeção dele.
A questão de não necessitarmos "compreeender" algo pela razão especulativa para que esse algo possa servir de base a um conhecimento qualquer, foi justamente a linha adotada por Kant para justificar a possibilidade dos valores e dos costumes. A própria ciência toma como base conceitos que não resistem a uma consideração mais acurada.

simon disse...

E logo deus não existe além do conceito que o diz na cabeça em cada um. Thank U .