23 janeiro 2013

beneficiários ou beneficiados?

O Estado gasta com cada beneficiário da ADSE cerca de 400,00 €/ ano e com cada beneficiário do SNS cerca de 1.000,00 €/ ano. Como os 400,00 € são insuficientes, cada funcionário público ainda acrescenta 1,5% do seu vencimento a este montante, para cobrir todas as despesas do sistema.
Temos portanto de perguntar em que é que os beneficiários da ADSE são beneficiados relativamente ao resto da população. Se gastam menos ao Estado e se ainda contribuem do seu bolso, em que é que são beneficiados?
Eu digo-vos. São beneficiados porque têm liberdade e a liberdade é um valor que não tem preço. Os beneficiários da ADSE podem escolher os seus médicos e os hospitais onde querem ser tratados e o financiamento segue a escolha do utente (money follows the patient). Quando o beneficiário da ADSE vai ao SNS, as suas despesas são pagas pela ADSE. Quando vai a um hospital privado, idem.
Os inimigos da ADSE são sobretudo os inimigos da liberdade, são os ideólogos que têm planos para o rebanho e que nos querem pastorear. Correia de Campos, por exemplo, afirmou recentemente que a ADSE era um mau sistema porque era muito fragmentado e difícil de controlar. Ora essa é a virtude da ADSE, mas o Dr. Correia de Campos não é conhecido por ser um perigoso liberal.
Por último, alguns "guarda-livros" olham para o dinheiro que o Estado gasta com a ADSE, cerca de 600 M€/ ano e babam-se a pensar no jeito que essa guita fazia ao SNS, sem pensarem que ao acabar com a ADSE o SNS teria de acomodar todos os beneficiários deste subsistema a 1.000,00 €/ capita. Seria exequível?
Claro que seria exequível, porque se acabarem com a ADSE os beneficiários não terão qualquer outra alternativa que não seja o SNS e têm de aceitar o que lhes derem. Perdem é liberdade, o grande benefício da ADSE.

20 comentários:

Anónimo disse...

Radical,Joaquim. Na mouche!!!!

CN disse...

Bem, nunca defendi o fim do ADSE, deve é o seu custo ter de ser tido em conta no custo total dos funcionários públicos e reformados com acesso a ele.

Quanto ao SNS, escrevi em baixo na referência ao post do R.A.

Anónimo disse...

Caro CN,
Obrigado. Será que me pode enviar o seu email?
jsacouto@gmail.com
Abç
Joaquim

Ricciardi disse...

Caro Joaquim, a ADSE não é um sistema sustentável no modo com está. Descontar 1,5% do salário dá em média cerca de 22 euros por mês de contribuição. Um seguro normal custa cerca de 70 euros por mês.
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A ADSE tem de viver com os recursos que os seus utentes geram. Isto significa que a percentagem de desconto teria de subir para cerca de 6% dos seus salarios.
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Ora, se o sistema passar a ser por seguros, de uma forma geral para a população, o prémio passa para cerca de 10% dos seus salários.
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Sendo assim, o estado deixaria de ter uma despesa de 15 bis na saúde pública. Mas as pessoas passariam a pagar mais 10% dos seus salarios.
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Ora, numa situação em que os salarios são miseráveis, não me parece que se possa exigir aos trabalhadores que abdiquem de 10% dos seus salarios.
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Portanto, ao estado caberia baixar impostos equivalentes a 10% dos salários para colocar o rendimento das familias estáveis.
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Se não o fizer, o negócio é péssimo para as pessoas.
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Vejamos, se o estado resolver privatizar a saúde e passar a contratar seguros de saude (70€/mês) incorrerá o país numa despesa global de 8,6 bis para 10 milhoes de pessoas. Provavelmente esse valor baixa por causa dos packs familia que são mais baixos.
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Ora, se o estado gasta, hoje em dia cerca de 15 bis, quer dizer que pouparia 6,4 bis (15 - 8,6).
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Esses 6,4 bis de poupança representam cerca de 11% das despesas totais do estado. E seria esta poupança, de 11% da despesa, que podia servir para baixar impostos directos às familias.
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Agora, se o governo apresentar a coisa pelo lado ideológico, nunca irá conseguir implementar uma medida que seja. Se quiser privatizar e securitizar a saúde sem apresentar vantagens para a população, não vai conseguir fazer nada. Porque o pessoal está a lixar-se para liberdades de escolha teoricas ou só acessiveis a alguns.
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Portanto, a população activa (5 milhoes) passaria a pagar cerca de 4,2 bis para um seguro. A população não activa passaria a pagar os mesmos 4,2 bis. A diferença é que seria o estado a pagar esta ultima verba.
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Se o estado tiver de pagar 4,2 bis para se substituir a uma população que não trabalha e que não pode pagar a sua saúde, pode, ainda assim baixar os impostos em cerca de 7% à população activa.
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Rb

Vivendi disse...

Um país, 2 sistemas!

Não é uma aversão neo-socialista?

Ricciardi disse...

Olhe, sabe que mais, se abduzissem a TSU na parte dos trabalhadores (11%) para implementar um sistema publico de saude por seguros, a coisa ia no bom caminho.
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O estado tem de emagrecer. Mas tem de começar por emagrecer nas txas de imposto que colecta. Então se fizer as duas coisas em simultaneo, melhor ainda.
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De outro modo, sem discutir beneficios REAIS para a população em termos de dinheirinho, não vamos a lado algum.
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É que ninguém se importa de ter um cartao de seguro... se isso não lhe prejudicar o rendimento.
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Rb

zazie disse...

O morgadinho disse tudo. Pragmático, como sempre, lá mostrou a careca ideológica aos vendedores da banha da cobra

Unknown disse...

Caro Joaquim,
Tem toda a razão! Proponho que todos os cidadãos passem a usufruir, livremente e nas mesmas condições, da ADSE em vez do SNS. A percentagem de 1% e 2,5% pode ser retirada dos pagamentos à Segurança Social por parte das entidades patronais e dos trabalhadores.

Que tal?

Luís Lavoura disse...

O Joaquim não me conseguirá convencer de que as pessoas que têm ADSE, por algum milagre de Nossa Senhora, conseguem usufruir de mais serviços gastando menos dinheiro ao Estado. Isso só pode ser banha da cobra. Nossa Senhora não faz milagres assim.

Luís Lavoura disse...

Ricciardi,
é preciso acrescentar que os seguros de saúde atualmente existentes, os quais custam os tais 70 euros por mês, não cobrem despesas de velhice. São seguros que só funcionam enquanto a pessoa está empregada, isto é, está na vida ativa, relativamente saudável. Quando a pessoa é velhinha e precisa de internamentos frequentes, o seguro já não é válido.

lusitânea disse...

Com todos esses sistemas de saúde tive que desembolsar 34 euros no walk in para me passarem um atestado.E sou dos privilegiados...
Porque não arranjam uma opção a quem queira ficar de fora?Sem o pagamento dos impostos respectivos claro...

Anónimo disse...

Caro Luís Lavoura,
Não pretendo convencê-lo, mas a realidade é o que é. Os relatórios e contas estão disponíveis para consulta nos sites do SNS e da ADSE.
Pense na diferença de tarifas entre a TAP e a Ryanair.

CN disse...

Não existe verdadeira contribuição para o ADSE, o Estado está simplesmente a baixar o custo do salário líquido (o único verdadeiros custo no sector público).

A ADSE deve ser vista (tal como a CGA) como um custo total a ser pago pelos contribuintes líquidos tipo:

Salário Líquido+ADSE+CGA

PS: tal como não contribuem para a CGA, são meras convenções que podem levar a baixar salários dito líquidos dos FP.

Isto causa uma grande confusão nas cabeça das pessoas, mas pronto, começam a falar de contribuição de 1.5%, mas o que essa taxa fez foi apenas diminuir o salário líquido (a verdadeira despesa).

muja disse...

Então mas perdoem-me a ignorância, mas os seguros não são um negócio?

É que está muito bem dizer-se que um seguro de saúde normal custa 70 euros. Mas as seguradoras não são caridades. Nesse preço está o lucro. Que não deve ser pouco.

Portanto, dizer que a ADSE custa 22 e os seguros 70, que é que diz realmente? A ADSE não é, ou não deveria ser, um negócio. Não é para o Estado ganhar dinheiro...

Helder Ferreira disse...

Caro Joaquim, as contas não são essas. Cada beneficiário do SNS custa 400€, o SNS custa 955€ *per capita*, o que inclui cada beneficiário da ADSE, assim, cada um destes custa 1355€ ao Estado. Podia ser diferente? Podia mas não era a mesma coisa

Anónimo disse...

Hélder,

Eu julgo que são as suas contas que mais próximo estão da realidade.

PA

Anónimo disse...

Caro Helder Ferreira,
O Sr. acabou de reinventar a contabilidade. As contas do SNS e da ADSE são públicas. veja o mapa que eu publiquei.
O Sr. podia basear-se nos dados existentes, Podia mas não era a mesma coisa.

Helder Ferreira disse...

Caro Joaquim,

dados 2011
custo do estado por beneficiario da ADSE (exclusivamente ADSE): 415,8€ Fonte: Pordata/ADSE

http://pordata.pt/Portugal/ADSE+despesa+por+beneficiario-614

despesa do estado SNS por habitante: 955€
Fontes/Entidades: INE, ACSS/MS, PORDATA

Como resulta obvio, a despesa por habitante inclui os beneficiarios da ADSE pelo que deve ser somada aos custos desta. Não vejo onde esta o erro. O que a ADSE paga ao SNS não eh despesa do estado, eh receita propria do mesmo.

(e por favor se não for pedir muito deixe o tratamento por Sr para outros :-) )

Anónimo disse...

No primeiro comentário está tudo.
Seja o que cada um pensa, perguntem a quem tem ADSE se quereria "virar caixeiro" (do SNS, da Caixa). Perguntem aos "caixeiros" se quereriam ter a ADSE. Ouçam, atentamente, as respostas para as interpretarem.

Luis Caldas disse...

Caro Joaquim,

A verdade é que já à bastante que não existe qualquer transferência da ADSE para os Hospitais públicos. Apesar disso as contas do SNS reflectem actos praticados pela ADSE.

A verdade é que o sistema está todo enterligado, e por exemplo a ADSE não financia a comparticipação de medicamentos.

Pelo que as contas no seu global estarão um pouco deturpadas, aliás se ouvir as declarações do Presidente do CA do CHSJoão verá que os relatórios oficiais não batem certo com o terreno.

Quanto a evolução sou a favor da liberdade de escolha, mas a liberdade de escolha de uns não pode ser a custa do orçamento de todos!