19 dezembro 2012

o Bem e o Mal II


O nosso belo planeta azul, a Terra, existe há cerca de 4,5 biliões de anos e a espécie humana há cerca de 150.000 anos. Até ao momento em que desenvolvemos uma consciência pensante, não podemos perscrutar qualquer Bem ou Mal no Universo. O mundo apenas existia e evoluiu até ser o que é hoje, com 7.000 milhões de pessoas espalhadas pelo globo.
Nem no aparecimento da espécie humana se pode fundamentar o Bem, porque milhares de outras espécies apareceram e desapareceram ao longo dos tempos. Antes de nós, outros hominídeos andaram por aí, como os Neanthertais, até se extinguirem. E o mesmo nos pode vir a acontecer, por efeito de forças que estão para lá do nosso controle. Se o Homo Sapiens vier a desparecer será Bom ou Mau? Sem resposta, não haverá ninguém para o julgar, nos termos que o fazemos hoje.
Os conceitos de Bem e de Mal nascem portanto com a consciência humana e nela residem.
Se aceitarmos que somos uma espécie animal que surgiu por evolução, é muito fácil definir o Bem e o Mal. Bem é tudo o que contribui para o sucesso biológico da espécie e Mau é o seu contrário, sempre dentro de uma perspectiva humana.
Todos os indivíduos que dão um contributo positivo para a comunidade são Bons e os que prejudicam ou comprometem a comunidade são Maus.
Infelizmente, é muito difícil saber com certeza absoluta e a cada momento tudo o que é, ou tem potencial para ser, Bom ou Mau e esta dificuldade pode parecer que suporta um certo relativismo.
Um medicamento novo, como a Talidomida parece Bom, até sabermos que está associado a alterações congénitas — focomélia. Quando adquirimos esse conhecimento a Talidomida passa a ser um Mal. Claro que a aparência de relativismo é fruto da ignorância do momento.
Nos 7.000 milhões de seres humanos que vivem actualmente há pessoas muito diferentes. Génios e atrasados mentais, saudáveis e doentes, altos e baixos. E também sob o ponto de vista mental há pessoas com propensão para o Mal e pessoas com propensão para o Bem.
Os que têm propensão para o Mal dificilmente se regeneram e constituem um desafio para os restantes. A educação tem muita importância, mas não é ao tabefe que se resolve o problema de uma personalidade antissocial como a do Anders Breivik.
Se nos focarmos no sucesso biológico da espécie humana, que é o grande Bem Comum, conseguiremos a cada momento ter uma percepção mais clara do Bem e do Mal e conviver com um certo relativismo inerente à vida. O mundo não é perfeito.

14 comentários:

joserui disse...

Os Neanthertais acabaram por se cruzar com os Sapiens e agora vivem em nós! (BBC)... ou julga que o Mundo está como está porquê?... -- JRF

joserui disse...

O relativismo é um mal não por causa da ignorância do momento, mas exactamente pela razão contrária: pelo conhecimento.
O Cato Institute que pelos visto é coisa boa no seu entender, vive disso. Vive de recolher conhecimento, manipulá-lo e devolvê-lo à sociedade formatado de modo a relativizar (veja-se as comparações que eles fazem no caso das armas e que citou) e a lançar a dúvida na sociedade, tornando-a de facto pior para todos, mas melhor apenas para alguns... -- JRF

marina disse...

se gostasse de etología e visse o national geografic saberia que os chimpanzés castigam quem os chateia e até chegam a expulsar membros lá dos clãs , portanto têm conceito de mal.. crime e castigo símio :)
antropocentrismo , isso de que padece ?

LG disse...

Joaquim e amigos,
É claro que as questões acerca da existência do bem e do mal, se o ser humano é intrinsicamente bom ou mau ou como o bem e o mal operam na sociedade dependem da formação da consciência de cada um. A visão do agnóstico é absolutamente diversa da do cristão; o ateu compreende o bem e o mal diversamente do religioso, e por aí vai. Tantarei esboçar a minha visão sobre a matéria e digo desde logo que, sim, creio na exist~encia do bem e do mal; e digo mais, que a minha visão do problema é uma visão cristã (portanto, afasto-me das teses do Joaquim), e cristã evangélica e metodista (o que me afasta igualmente das teses católicas). Vejamos:
O ser humano, concebido à imagem e semelhança de Deus Todo Poderoso, recebeu do Verbo somente o sôpro do bem, pois sendo Deus todo Ele bondade e perfeição, não poderia gerar maldade. Mas o ser humano foi também dotado de livre arbítrio, i.e., da faculdade de escolher entre seguir continuamente o caminho da virtude humilde, mantendo sem máculas a perfeição da Criação, para tanto devendo apenas submeter-se integralmente ao Criador, ou sacrificar esta perfeição, deixando-se arrastar pela arrogãncia de pretender açambarcar o mundo à revelia de deus. E o homem escolheu o segundo caminho, e seguiu-se a Queda, que é a passagem dramática que nos conta o Gênesis.
Ora, a Queda significa que o ser humano não tem a capacidade absoluta de escolher, por si só, entre o bem e o mal e de permanecer do lado da virtude, sem a tutela do Criador. John Wesley (o fundador do Metodismo) dizia que o ser humano perdeu o seu livre arbítrio natural. Entre os artigos de religião da Igreja da Inglaterra havia um que Wesley incluiu entre os 24 que ele escolheu como padrão doutrinário dos Metodistas: "A condição do homem, depois da Queda de Adão, é tal que ele não pode converter-se e preparar-se pelo seu próprio poder e obras, para a fé e invocação de Deus; portanto não temos forças para fazer obras agradáveis e aceitáveis a Deus sem a sua graça por Cristo, predispondo-nos para que tenhamos boa vontade e operando em nós quando temos essa boa vontade."
Certo é que somos capazes de escolher em nossa vida as coisas que desejamos para nós e, ao mesmo tempo rejeitar as que não nos interessam. O senso de escolha não foi extirpado em nós. Wesley dizia que não somente o ser humano pode escolher o agir ou deixar de agir, como pode também escolher entre duas formas diferentes de ação. "Negar isto, diz Wesley, seria negar a experiência constante de toda experiência humana.
SEGUE NO PRÓXIMO COMENTÁRIO.

LG disse...

SEQUÊNCIA DO COMENTÁRIO ANTERIOR

Todos sentem que têm um poder inerente de mover esta ou aquela parte de seu corpo, de movimentá-lo ou não, e de movimentá-lo deste ou daquele modo como for do seu agrado. E posso, conforme escolher (e assim todos os que são nascidos de mulher), abrir ou fechar meus olhos, falar ou calar-se, levantar-me ou sentar-me, estender minha mão ou escondê-la, usar qualquer dos meus membros conforme for do seu agrado bem como todo meu corpo".
Wesley também dizia que o ser humano era livre para escolher nas coisas de natureza indiferente. Nas coisas, porém, que envolviam questões morais sua tendência era sempre a de escolher para o mal. Dizia mesmo que a vontade do ser humano é, por natureza, livre apenas para o mal.
Entretanto, embora tivesse perdido todo o seu livre arbítrio natural em virtude da degeneração da raça pelo pecado, o ser humano, pela misericórdia de Deus, teve em si restaurada, até certo ponto, a capacidade de escolha. É o que poderíamos chamar de LIVRE ARBÍTRIO PELA GRAÇA. A Graça preventiva de Deus, na linguagem de Wesley, atuando sobre o coração do ser humano, recupera-lhe a possibilidade de responder positiva ou negativamente, aos apelos que o próprio Deus lhe faz.
A Graça dá assim ao ser humano a possibilidade de aceitar ou rejeitar esta mesma graça. A decisão, finalmente, é sua. É isto o que diz o Artigo de Religião, que afirma que a Graça de Deus em Cristo é que nos predispõe para que tenhamos a boa vontade de aceitar esta mesma graça. Quando, então, demonstramos esta boa vontade, a graça passa a operar em nós dando-nos então a possibilidade de praticar as boas obras que de outra forma nos seriam impossíveis.
Portanto, o bem e o mal são duas forças que agem sobre a natureza degenerada do homem. O Homem Caído, em razão mesmo desta Queda, se abandonar-se a si mesmo, o seu livre arbítrio o levará, quase que na generalidade das situações, ao mal. Para vencer a ação do mal e manter-se no caminho que agrada ao Senhor Nosso Deus faz-se imperioso que a consci~encia do homem esteja informada pela Graça de deus em Cristo e balizada pela Palavra. Lembrem-se de paulo: "tudo me é possível, mas nem tudo me convém".
É o que penso.
Feliz Natal a todos (tentem, pelo um momentinho no meio dos comes e bebes, se lembrar do aniversariante).
Ab.
LG

manel Z disse...

Marina,

As lesmas também punem? E as moscas? Ou as árvores?

fec disse...

eheh

o portal ateísta mudou-se para aqui

daqui a uns tempos quando lhe passar a fúria volta ser um discipulo do PA

fec disse...

entretanto o PA tem que o aturar

utilizando uma linguagem modernaça: tem que fazer um discreto damage control

Anónimo disse...

Depois da moderna Holanda, agora é a vez da avançada Suécia prosseguir a guerra cultural contra o Cristianismo. A partir de agora, os professores suecos estão proibidos de mencionar o nome de Jesus Cristo durante o Natal. Situação que se torna ainda mais ridícula quando se sabe de antemão que durante o Advento é comum realizarem-se visitas de estudo a igrejas.
A notícia relembra ainda que a eliminação de referências a Jesus Cristo não é nova, e dá o exemplo da Comissão Europeia, cujos diários escolares fazem alusão a festividades muçulmanas, hindus, sikhs, etc. mas excluem o Natal ou a Páscoa.

Luxor

fec disse...

vê e divulga amigo

http://youtu.be/lI9nw_hdklA

muja disse...

Mas o sucesso biológico é o bem comum porquê, Joaquim?

Anónimo disse...

Há muito que o Joaquim defende uma noção de Bem que me parece muito errada, ou ingénua. Ora se para si "Bem é tudo o que contribui para o sucesso biológico da espécie" a noção de bem e de mal é comum a todas as outras espécies que sobrevivem. Se "Bem é tudo o que contribui para o sucesso biológico da espécie" está facilmente a incluir no bem a eugenia, a antropofagia, ou qualquer outro recurso de sobrevivência. Que para mim chocam com a noção de "Bem". Que tal pouco de transcendência? O ser humano há muito que luta contra o destino meramente biológico, ao ponto de depender de próteses (a roupa, já pensou?). Até Camões fala dos que se vão da lei da vida libertando. Logo a sobrevivencia do bem, da "humanidade" pode até ser um destino não biológico. Viu o filme AI? Devia ver.

Anónimo disse...

"Bem é tudo o que contribui para o sucesso biológico da espécie e Mau é o seu contrário"

Por essa perspectiva a pena de morte, devidamente aplicada, é um bem e os contraceptivos são um mal. As virgens aos 50 são um mal e as violações um bem. Etc...

Filipe

Anónimo disse...

camoões fala dos que se vão "da lei da morte libertando" bem entendido.