24 novembro 2012

como controlar o défice da saúde I

Eu não penso que seja possível controlar o défice da saúde dentro do actual modelo. Isto porque a despesa nominal é relativamente baixa e ao cortar de um lado corre-se sempre o risco de aumentar a despesa noutro lado. O doente que adiou uma visita ao hospital porque as taxas moderadoras são muito altas, por exemplo, regressa mais tarde, em piores circunstâncias e a sair mais caro ao SNS. É aquela história do cobertor pequeno que se tapa a cabeça destapa os pés.
Que fazer então?
É necessário mudar o modelo de funcionamento. Em vez de centralizar e planear, à boa moda soviética, o Ministério da Saúde deve descentralizar a gestão, dar autonomia real e responsabilizar os gestores pelos resultados obtidos.
O financiamento deve deixar de ser por actos médicos praticados e passar a ser integralmente por capitação. Neste novo modelo, o Ministério da Saúde consigna uma verba a cada unidade do SNS — de acordo com a população abrangida (capitação) — e designa uma equipa competente para a gestão, em vez dos famosos "boys".
A nível local, cada unidade de saúde vai então procurar optimizar os cuidados que são prestados à população, dentro do orçamento que lhes for atribuído. Conhecendo o terreno é mais fácil cortar na despesa, sem prejudicar os que são, de facto, os mais necessitados. Por outro lado, o Ministério da Saúde elimina imediatamente os custos da administração centralizada do sistema.

2 comentários:

Luis Moreira disse...

É claro! Na educação também é assim.E livramo-nos dos níveis intermédios de decisão. Mas olhe que corre o risco de se zangarem consigo...

BLUESMILE disse...

Era bom que assim fosse...