25 novembro 2012

a Igreja e o Estado Social II


Encíclica Centesimus Annus — Papa João Paulo II
V. Estado e Cultura
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Assistiu-se, nos últimos anos, a um vasto alargamento dessa esfera de intervenção, o que levou a constituir, de algum modo, um novo tipo de estado, o «Estado do bem-estar». Esta alteração deu-se em alguns Países, para responder de modo mais adequado a muitas necessidades e carências, dando remédio a formas de pobreza e privação indignas da pessoa humana. Não faltaram, porém, excessos e abusos que provocaram, especialmente nos anos mais recentes, fortes críticas ao Estado do bem-estar, qualificado como «Estado assistencial». As anomalias e defeitos, no Estado assistencial, derivam de uma inadequada compreensão das suas próprias tarefas. Também neste âmbito, se deve respeitar o princípio de subsidiariedade: uma sociedade de ordem superior não deve interferir na vida interna de uma sociedade de ordem inferior, privando-a das suas competências, mas deve antes apoiá-la em caso de necessidade e ajudá-la a coordenar a sua acção com a das outras componentes sociais, tendo em vista o bem comum.

Ao intervir directamente, irresponsabilizando a sociedade, o Estado assistencial provoca a perda de energias humanas e o aumento exagerado do sector estatal, dominando mais por lógicas burocráticas do que pela preocupação de servir os usuários com um acréscimo enorme das despesas. De facto, parece conhecer melhor a necessidade e ser mais capaz de satisfazê-la quem a ela está mais vizinho e vai ao encontro do necessitado. Acrescente-se que, frequentemente, um certo tipo de necessidades requer uma resposta que não seja apenas material, mas que saiba compreender nelas a exigência humana mais profunda. Pense-se na condição dos refugiados, emigrantes, anciãos ou doentes e em todas as diversas formas que exigem assistência, como no caso dos toxicómanos: todas estas são pessoas que podem ser ajudadas eficazmente apenas por quem lhes ofereça, além dos cuidados necessários, um apoio sinceramente fraterno.

Comentário: É curiosos que a Igreja, em Portugal, apareça em defesa de um Estado Social que a própria doutrina católica condena. O alerta de João Paulo II sobre o acréscimo enorme de despesas não podia ser mais oportuno. Acréscimo enorme de despesas que nos levou a um acréscimo enorme — e insustentável — de impostos.

4 comentários:

CCz disse...

Sugestão: Colocar um ícone para divulgar postal nas redes sociais

Anónimo disse...

Caro CCz,
Já activei essa funcionalidade. Boa ideia, obrigado.

CCz disse...

Já a usei

Pedro Sá disse...

Isto chama-se apenas defesa do interesse próprio, por constatarem que uma das consequências do Estado Social é haver menos gente a pedir apoio à Igreja e assim a sua influência social diminuir.