28 outubro 2012

Portugal sentimental


O emocionalismo, para Ayn Rand, é a substituição do pensamento racional por sentimentos ou emoções. É uma pecha porque as emoções não permitem validar qualquer princípio ou postulado. Uma hipótese, claro está, não se torna válida porque eu gosto dela, mas porque pode ser demonstrada racionalmente.
As ditaduras nunca se impuseram com argumentos racionais. Se os ditadores acreditassem na racionalidade das suas propostas, e na inteligência do povo, iam a votos e ganhavam as eleições. Mas não, os ditadores, de um modo geral, apelam às emoções e fogem ao confronto racional das suas ideias.
Uma população rendida ao emocionalismo torna-se numa presa fácil para tiranos sem escrúpulos. Infelizmente, estou a chegar à conclusão de que em Portugal, o racionalismo está a ceder lugar ao emocionalismo e isto é um péssimo sinal para o futuro.
Como é que eu cheguei a esta conclusão? Lendo os jornais de referência e constatando que há cada vez mais apelos ao sentimentalismo bacoco. Os jornalistas talvez não o façam por mal, mas estão a lavrar e a adubar o terreno para o primeiro populista que apareça.

2 comentários:

muja disse...

Se os ditadores acreditassem na racionalidade das suas propostas, e na inteligência do povo, iam a votos e ganhavam as eleições.

Caro Joaquim, como se propõe V. provar racionalmente a inteligência do povo?

E já agora, acha que os ditadores não são racionais porque são ditadores? Pode explicar onde reside a racionalidade de a maioria tem sempre razão, por exemplo?

MSilva disse...

Caro mujahedin,

Todos os seres humanos têm, em menor ou maior nível, um certo grau de inteligência. Quando o artigo fala da inteligência do povo, penso que se refere à inteligência dos indivíduos que o compõem, na medida em que o povo é apenas um dado conjunto de pessoas.

Apesar do artigo não falar da racionalidade dos ditadores, mas sim do seu apelo à emoção, penso que os ditadores não são racionais. Isto acontece porque os ditadores não reconhecem os direitos individuais e também porque negam a própria razão (como é que alguém que nega a validade da razão pode ser racional?).

O postulado "a maioria tem sempre razão" não é, em si, racional. Essa frase advoga uma ditadura, a da maioria. A maioria pode e deve ser ouvida, mas sem que as suas decisões interfiram com as liberdades e garantias dos cidadãos. A democracia não é absoluta!