10 outubro 2012

o problema não são as mentalidades


A origem da crise é o euro mas não é só o euro. Portugal tem problemas próprios e são eles que o distinguem da Holanda. É preciso olhar para esses problemas. Todavia, quando partimos da ideia de que a crise se deveu aos "excessos" das pessoas ou das instituições, ao mau comportamento destes ou daqueles, não conseguimos olhar para o que mais interessa. E, em economia, o que mais interessa é a economia, e não são as "mentalidades". A economia portuguesa endividou-se porque as taxas de juro a isso a levaram. Esse é o problema. O problema não é, no essencial,  que esse endividamento tenha sido mal gasto, em PPPs, auto-estradas ou "gorduras" do Estado. O problema é a dívida e apenas a dívida. Fora ela, a economia portuguesa é igual às demais da Europa - só que mais pobre. 
    Um primeiro exemplo: Portugal não tem auto-estradas a mais, o que tem é uma solução de um défice de ligações rodoviárias resolvido numa altura da história em que essa solução é feita por auto-estradas. E como sabemos que não são vias a mais? Simples, olhando para indicadores de dotação de capital social fixo (é assim que se chama) a nível internacional, onde se vê que Portugal compara mal com a média europeia (curiosamente ou não, compara melhor nesses indicadores do que nos de capital humano - desde há cem anos para cá, aliás). Portugal também não tem gente a mais com casa própria e endividada. O que tem é uma solução para a habitação resolvida com juros baixos e sem intervenção do Estado. Na Europa mais avançada, todos os anos os estados promovem a construção de dezenas de milhares de habitações sociais para alugar. E o mesmo raciocínio aplica-se a muita outra coisa.
Pedro Lains

Comentário: Interessante esta maneira de olhar para a economia: ‹‹ em economia, o que mais interessa é a economia, e não são as "mentalidades"››, afirma Pedro Lains, como se a macroeconomia não fosse um produto agregado de escolhas individuais, isto é, de mentalidades.
Imaginem que um grupo de foliões abandona uma festa completamente bêbado. À saída, um distinto nutricionista olhando para a cena comenta: ‹‹em nutrição, o que mais interessa é a nutrição, e não são as "mentalidades"››. O problema é que havia demasiado vinho à disposição.
Realmente...

8 comentários:

Anónimo disse...

Naaaa Joachim, o problema é que nos puseram vinho no lugar de agua. Ou bebes ou morres à sede. Os individuos escolheram racionalmente. Quem escolheu irracionalmente foram meia duzia de macacos que obrigaram os celebrantes a beber a unica coisa que disposeram na mesa, o vinho.
.
Rb

JoaoMiranda disse...

Há auto-estradas em Portugal que eu poderia fazer na contramão a ler o post do Pedro Lains com um olho fechado sem qualquer risco de acidente. O problema não são as auto-estradas a mais mas a falta de imaginação para as usar.

Filipe Silva disse...

Para mim a economia é a ciência que explica o comportamento humano.

Por isso a mentalidade é fundamental para perceber como é que os seres humanos reagem às diferentes situações.
Numa economia o que interessa é o individuo, nunca o colectivo, pelo menos numa economia de mercado livre.

Perceber que as decisões de cada individuo são tomadas com vista a maximização da sua satisfação, estas são tomadas em função das circunstâncias do momento e da forma de pensar do individuo.

É mentiroso o autor, sem intervenção do Estado?
Se o estado dava créditos bonificados, permitia abater aos impostos a despesa com a prestações da casa, se não permitia que existisse um mercado de arrendamento livre, que promoveu a construção e aquisição de habitação própria, etc... e foi sem intervenção do Estado?

A certa altura entre o Porto e Aveiro, não sei precisar, podemos ver, olhando para o lado a outra auto estrada que faz ligação Porto-Lisboa. Que somos dos países com mais km por habitante de auto estrada, mais uma vez mentiroso o autor.

O autor é socialista . "Na Europa mais avançada, todos os anos os estados promovem a construção de dezenas de milhares de habitações sociais para alugar. E o mesmo raciocínio aplica-se a muita outra coisa."

O que este quer é mais estado, 51% do PIB do peso do Estado não chega é preciso mais.

Alem que as pessoas não tem capacidade para tomar decisões e arcar com a responsabilidade das decisões que tomam sozinhas, tem de ser o Pai Estado a dizer o que podem e devem fazer com o seu dinheiro.

Revela que de economia percebe pouco ao afirmar que a mentalidade não é importante, quando as nossas decisões económicas dependem sempre de quem somos, por isso é que os modelos que fazem nunca acertam, por isso é que a economia bate na parede e são estes sempre os últimos a perceber porque aconteceu.

Lembrar que em 2007 antes do crash o Bernanke dizia economia está solida e não se perspectiva qualquer problema, passado pouco tempo estoirou tudo

Luís Lavoura disse...

É um disparate essa ideia de que "Portugal se endividou porque as taxas de juro a isso o levaram". Porque as taxas de juro eram as mesmas para toda a Europa, porém houve uns povos que se endividaram mas outros não.

Unknown disse...

a europa toda endividou se, só que nuns a economia tinha como crescer para criar valor e assim honrar as suas dívidas, outros, tinham uns políticos que disseram ao povo que não valia a pena trabalhar que uns tansos algures pagavam tudo....

meus amigos, se lhes derem de mão beijada tudo, recusam.....

há e tal, eu quero suar pois está frio,,,,

Unknown disse...

o que mais confusão me faz é a teimosia em querer inventar a roda.... chiça....

Luís Lavoura disse...

"a europa toda endividou se"

Sim, mas há uns povos mais endividados do que outros.

O nível da dívida pública e privada portuguesa é estimada em 260% do PIB. Outros países têm dívidas muitíssimo menores.

lusitânea disse...

Temos mais dívida mas salvamos mais planeta!