11 setembro 2012

Portugal não pode ter medo de existir

A 12 de Abril de 2011, o líder da oposição afirmava através do seu Facebook: “O PSD chumbou o PEC 4 (...) a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento”.

Enfim, disse um dia Salazar: “Eu não tenho horror aos partidos, dum modo geral; tenho horror ao partidarismo em Portugal. A Inglaterra vive, pode dizer-se, há séculos com os seus dois partidos alternando-se no poder, e até ao presente têm-se dado bem com isso. A educação cívica do povo leva as massas a deslocarem-se entre os dois, levadas por grandes movimentos de ideias, ou por grandes aspirações, ou necessidades adicionais. Em Portugal, porém, esses agrupamentos formaram-se à volta de pessoas, de interesses mesquinhos, de apetites, e para satisfazer esses interesses e apetites. Ora, é essa mentalidade partidária que tem de acabar, se queremos entrar num verdadeiro período de renovação.” (“Entrevistas a Salazar”, páginas 94 e 95).

Quase quarenta anos depois do 25 de Abril e da reinstituição dos partidos enquanto monopolistas da política, a economia portuguesa vem resvalando numa trajectória de divergência face ao resto da Europa. O desemprego, que em 1973 era de 1,5% (“Economia Portuguesa”, Luciano Amaral, página 28), multiplicou-se entretanto por dez; a última década foi uma catástrofe e o País está intervencionado pela terceira vez. A insolvência do Estado não é apenas financeira ou económica, é também política. A partidocracia falhou.

Mais e melhor democracia, e – como diria José Gil – uma maior participação neste país da “não-inscrição”, é disso que precisamos. Portugal não pode ter medo de existir.
(Publicado a 11/09/2012 no Diário Económico, página 8).

5 comentários:

JR disse...

E porque não ler Marcelo Caetano:


http://leccart2006.tripod.com/prof_mc.pdf

(link indicado pelo Mujahedin)

muja disse...

Pois é. Porque não?

Apenas quero acrescentar que a partidocracia conseguiu conquistar também o Reino Unido.

Se na altura de Salazar, o RU se parecia dar bem com isso, o mesmo se não vê hoje.

Portugal não pode ter medo de existir.

Mas como, se tem medo de olhar para a sua própria história do último século? Como não ter medo de existir, quando se reduz a própria existência aos últimos quarenta anos? Tendo-os em conta, de espantar seria não ter medo...

Ricardo Arroja disse...

"Como não ter medo de existir, quando se reduz a própria existência aos últimos quarenta anos?"

Caro mujahedin,

Não será tanto assim. Há por aí boas obras relativamente ao século XX em Portugal antes do 25 de Abril.

muja disse...

Ricardo,

na verdade, o difícil será encontrar boas obras posteriores ao 25/4.

E ]e por isso que se reduz a existência aos últimos quarenta anos. Não vá alguém descobri-las e concluir que têm sido quarenta anos de fraude.

marina disse...

exactamente. o problema português é essencialmente político. sem resolver isto nunca mais saímos da cepa torta. mas também não estou a ver como resolve-lo , o sistema por si , por dentro , com os partidos existentes nunca mudará , só se for à força. uma guerra civil entre políticos/jotinhas e o resto da população , talvez .