Hmm. Não gosto muito do estilo. Aliás, é natural, porque não aprecio particularmente Paula Rêgo, precisamente por causa do estilo. Mas também sou esquisito com a pintura. Da arte moderna para a frente inclusive, é rara a obra que me diz alguma coisa.
Com "estilo", refiro-me à estética da coisa, sei lá. Ao traço, às cores, a tudo. Mas é como diz, são gostos.
Não acho que seja bonito, e não me apela rigorosamente nada.
Acho que o virtuosismo (se é que é a palavra certa) se perdeu um bocado na pintura (talvez também nas artes plásticas, mas sei ainda menos sobre essas) desde o início do período modernista.
Parece que os artistas chegaram à conclusão de que é suficiente expressarem-se apenas, e que o domínio da forma de expressão não conta (ou não tem que contar).
Não sei, acho que por causa disso a pintura e a arte em geral é mais pobre hoje em dia (a música e a literatura resistem melhor, mas também não escapam). Os artistas hoje me dia não procuram tornarem-se melhores artistas. Apenas deitar cá para fora o que quer que precisem de vomitar (para pegar na imagem do post mais acima). É uma apreciação totalmente subjectiva. Eu acho bonito. V. acha feio. E é considerado normal. E até talvez seja.
Mas é curioso como as apreciações subjectivas convergem quase totalmente no caso de um Goya, Velázquez ou Rafael ou El Greco ou qualquer outro grande pintor pré-Moderno. Há preferências decerto, mas é raro alguém dizer que são feios ou que não são coisas de excepcional qualidade estética.
Posso estar enganado, nem tenho a pretensão de estar certo, mas parece-me que na arte contemporânea é tudo por modas. Ou melhor, idolatra-se tudo, menos a arte em si. É o artista que importa e não a arte... O artista é grande defensor dos direitos de A ou B. É grande artista. O artista é conhecido pelas manias X ou Y. É um artista popular.
Por falar nisto lembrei-me agora de uma coisa chocante.
Conheço uma inglesa que desconhecia ser a Literatura uma forma de arte! Cinema idem! Achou completamente ridículo quando lhe falaram das 7 Artes. Para ela, arte era pintura.
Têm habilitações superiores, incluindo Mestrado...
Neste caso, fascina-me o bestiário, todo ele- a começar pelo medieval.
Ora, se eu sou uma caçadora de gárgulas, como é que poderia ser insensível à bicharada da Paula Rêgo, né?
O Bosch é bonito? é outro dos maiores de sempre.
No caso da Paula Rêgo o que se observa é que ela aprendeu a pintar a óleo. Mas, com isso, não quer dizer que tenha conseguido mais do que na fase do bestiário.
Agora neste mural, a imaginação é delirante e creio que vendo é impossível não se gostar.
Mas as habilitações nada têm a ver com o caso. Um mestrado não faz um artista e, no meu entender, só quem executa é que também pode julgar.
O resto é História. A crítica de arte também não é nada, quanto a mim. Não se estuda para ser crítico. Quanto muito arranja-se tacho nos jornais para tal.
Pois bonito não será a melhor coisa para se falar. Para mim Bosch não é bonito, não... Mas não deixa de me apelar esteticamente. É muito difícil falar destas coisas. Mas a impressão que tenho é mais ou menos o que escrevi...
De qualquer forma, diz V. que a coisa não está completa e que é um mural. Então se calhar, o melhor que tenho a fazer é ver o tal mural.
Mas o resto do que vi dela (que não foi muito, diga-se), não me agradou.
Não, mas sobre o episódio da inglesa, ela não é artista. Trabalha numa consultora!
Não se trata de uma apreciação subjectiva mas educada da Arte. Ela não sabia realmente que as pessoas consideravam a Literatura e o Cinema, arte!
Tendo a concordar consigo em relação ao teatro e à arquitectura. O teatro tenho pena, mas acho que é porque nunca tive oportunidade de ver grandes encenações de grandes dramaturgos. Nunca vi um Shakespeare, por exemplo. O mais que vi, sem ser bacoquices modernas tipo Brecht ou coisa do género, foi Gil Vicente e adorei...
Estou a rir-me porque já me aconteceu trocar sms com um amigo, em viagem e deu esse engano.
Dizia-lhe eu que tinha acabado de ver um menino a masturbar-se ao lado de um coelho a tocar gaita. E ele respondeu que isso no campo era habitual e para eu não espreitar muito que ainda via o puto a fazer outra coisa a uma burra
ahahaha
Mas ele não estava a gozar. Não percebeu que o puto era de pedra e estava num capitel
Zazie eu gostei da Joana Vasconcelos em Veneza... não foi só a mim que saltou à vista a profunda adequação da arte ao regime... aquilo tudo feito com tachos e panelas... não podia ser melhor... -- JRF
Também não sou grande apreciadora de teatro. Tenho alguma relutância em admiti-lo no grupo de amigos, porque sou olhada de esguelha. O teatro é considerado a arte de representar por excelência e raro é o ator que o não põe em primeiro lugar. Lembro-me em miúda, de gostar de ver o Frei Luís de Sousa(na tv), com a Carmen Dolores. Já assisti a boas representações, mas das últimas vezes que fui ao FITEI saí sempre a meio.
37 comentários:
Esta foi a fase dela que eu mais gostei. Antes de "caírem as máscaras".
A actual não me agrada, por muito bem que até pinte.
O António Capucho? Por esta altura(1984) devia estar no parlamento (eleito presidente do grupo parlamentar do PSD).
... Também podemos "encontrá-lo" na parte inferior do "Proles", a cortar a cabeça às galinhas...
Que é isto?
Esqueçam... Já percebi que é Paula Rêgo.
Parece um dos inúmeros graffitis que há pelo East End londrino...
Não parece nada. Este mural é espantoso. A sério, vale a pena ver.
Olha, toma lá as óperas:
http://janela-indiscreta.blogspot.pt/2004/06/as-peras-da-bicharada-45-carmen.html
http://janela-indiscreta.blogspot.pt/2004/06/as-peras-da-bicharada.html
As óperas têm de ser acompanhadas de música.
Depois ponho lá os ficheiros que, entretanto, foram para o limbo.
Hmm. Não gosto muito do estilo. Aliás, é natural, porque não aprecio particularmente Paula Rêgo, precisamente por causa do estilo. Mas também sou esquisito com a pintura. Da arte moderna para a frente inclusive, é rara a obra que me diz alguma coisa.
Mas este aqui não é das Óperas então?
Qual é o contexto?
Este é inspirado, literalmente, nos proletários do Orwell- 1984.
Mas é enorme. Isto é apenas um detalhe.
Mas a que chama "estilo"?
Eu gosto muito desta fase e não tem nada a ver com o que ela pinta hoje em dia.
Mas isso de gostos, são gostos. Ela é uma contadora de histórias.
Dantes, essas histórias era subentendidas e usava os bestiário para as alusões.
Agora é tudo muito mais bruto, apesar de tecnicamente ter feito prodígios na evolução.
Quanto a arte contemporânea (que isto é mais que moderno) depende.
Há sempre coisas boas e outras que são bluff.
Mas não vou ao ponto de dizer que só gosto de Goya e Velázquez, ainda que esses estejam, para mim, no topo.
Mas, quanto a artes plásticas, tive iniciação desde tenra idade.
Por isso a atracção é perfeitamente natural.
Olhe, treta é a Joana Vasconcelos e há muita gente que acha o máximo porque "enche o olho".
E escolheram-na para representar Portugal na Bienal de Veneza. Uma possidonice do Viegas.
Com "estilo", refiro-me à estética da coisa, sei lá. Ao traço, às cores, a tudo. Mas é como diz, são gostos.
Não acho que seja bonito, e não me apela rigorosamente nada.
Acho que o virtuosismo (se é que é a palavra certa) se perdeu um bocado na pintura (talvez também nas artes plásticas, mas sei ainda menos sobre essas) desde o início do período modernista.
Parece que os artistas chegaram à conclusão de que é suficiente expressarem-se apenas, e que o domínio da forma de expressão não conta (ou não tem que contar).
Não sei, acho que por causa disso a pintura e a arte em geral é mais pobre hoje em dia (a música e a literatura resistem melhor, mas também não escapam). Os artistas hoje me dia não procuram tornarem-se melhores artistas. Apenas deitar cá para fora o que quer que precisem de vomitar (para pegar na imagem do post mais acima). É uma apreciação totalmente subjectiva. Eu acho bonito. V. acha feio. E é considerado normal. E até talvez seja.
Mas é curioso como as apreciações subjectivas convergem quase totalmente no caso de um Goya, Velázquez ou Rafael ou El Greco ou qualquer outro grande pintor pré-Moderno. Há preferências decerto, mas é raro alguém dizer que são feios ou que não são coisas de excepcional qualidade estética.
Posso estar enganado, nem tenho a pretensão de estar certo, mas parece-me que na arte contemporânea é tudo por modas. Ou melhor, idolatra-se tudo, menos a arte em si. É o artista que importa e não a arte... O artista é grande defensor dos direitos de A ou B. É grande artista. O artista é conhecido pelas manias X ou Y. É um artista popular.
Enfim, não sei.
Só sei que não gosto.
Por falar nisto lembrei-me agora de uma coisa chocante.
Conheço uma inglesa que desconhecia ser a Literatura uma forma de arte! Cinema idem!
Achou completamente ridículo quando lhe falaram das 7 Artes.
Para ela, arte era pintura.
Têm habilitações superiores, incluindo Mestrado...
Fiquei pasmado.
Pois, nesse caso sou muito mais ecléctica.
Neste caso, fascina-me o bestiário, todo ele- a começar pelo medieval.
Ora, se eu sou uma caçadora de gárgulas, como é que poderia ser insensível à bicharada da Paula Rêgo, né?
O Bosch é bonito? é outro dos maiores de sempre.
No caso da Paula Rêgo o que se observa é que ela aprendeu a pintar a óleo. Mas, com isso, não quer dizer que tenha conseguido mais do que na fase do bestiário.
Agora neste mural, a imaginação é delirante e creio que vendo é impossível não se gostar.
Aliás, não conheço ninguém que não goste.
Pois. Olhe, eu sou um tanto (para não dizer bastante mesmo) insensível ao teatro.
Mas isso é disparate. Como é que alguém pode achar zero a escultura do Miguel Ângelo.
E arquitectura, idem. Deve ser das coisas a que mais dou importância porque interfere directamente, com a forma como se vive.
Não consigo andar na rua sem reparar nos edifícios.
E uma catedral gótica é mesmo o clímax
ehjehehe
Nunca mais se fez nem fará nada que se equipare.
Isto é que é património e a isto, sim, digo que o Estado tem de proteger.
O que faz parte da História e não as pessoas- os artistas.
E v. acertou- é mesmo o artista mais que a obra.
Para esse peditório não dou. Mas dá o Viegas que era defensor de bolsas de literatura a quem nunca escreveu nada
ahahahaha
Mas as habilitações nada têm a ver com o caso. Um mestrado não faz um artista e, no meu entender, só quem executa é que também pode julgar.
O resto é História. A crítica de arte também não é nada, quanto a mim. Não se estuda para ser crítico. Quanto muito arranja-se tacho nos jornais para tal.
Pois bonito não será a melhor coisa para se falar. Para mim Bosch não é bonito, não... Mas não deixa de me apelar esteticamente. É muito difícil falar destas coisas. Mas a impressão que tenho é mais ou menos o que escrevi...
De qualquer forma, diz V. que a coisa não está completa e que é um mural. Então se calhar, o melhor que tenho a fazer é ver o tal mural.
Mas o resto do que vi dela (que não foi muito, diga-se), não me agradou.
Pois, não sei. Se eu apenas conhecesse as obras actuais também não me tinha interessado por ela.
Isto para ser franca. Mas foi o contrário- dei com o bestiário e esse é absolutamente delicioso.
Não, mas sobre o episódio da inglesa, ela não é artista. Trabalha numa consultora!
Não se trata de uma apreciação subjectiva mas educada da Arte. Ela não sabia realmente que as pessoas consideravam a Literatura e o Cinema, arte!
Tendo a concordar consigo em relação ao teatro e à arquitectura. O teatro tenho pena, mas acho que é porque nunca tive oportunidade de ver grandes encenações de grandes dramaturgos. Nunca vi um Shakespeare, por exemplo. O mais que vi, sem ser bacoquices modernas tipo Brecht ou coisa do género, foi Gil Vicente e adorei...
As óperas, por exemplo. Sabe o que me interessou?
Foi notar que estavam lá todas as passagens que identificavam cada uma delas.
E decifrei-as, assim- seguindo o percurso dos actos e do modo como ela as pintou no chão.
E aquilo é delicioso porque tanto tem bandas cinéfilas como recorda os manuscritos iluminados.
E depois ainda tem os bicharocos testemunha que saltitam de quadro para quadro, acompanhando aquilo tudo.
Ora eu tive de as fotografar à pressa na 111, por altura de uma exposição. De outro modo era impossível estudar.
A Casa das Histórias serve também para suprir essa lacuna. E acho bem. A arquitectura é fabulosa- melhor era impossível fazer.
Mas olhe que esse seu bestiário é muito curioso!
Caçadora de gárgulas diz V...
Isso é muito engraçado!
Que é que V. faz aos bichos quando os caça?
Tem um pequeno jardim zoológico? Se tem, gostava de ver...
O Brecht é bom.
erhehe
Eu vejo teatro em Inglaterra. Cá, não consigo.
Mas é uma arte que me diz pouco por me melindrar a exposição das pessoas.
Nunca consegui representar, nem em miúda- deve ser por isso que aquilo me atrapalha.
ahahahaha
São bichos em pedra. Estudo-os. Tenho um arquivo com perto de 9 mil exemplares dessa marginalia.
Mas é um vício. Às vezes até acho que é mais por gosto de as caçar que outra coisa.
Porque já me aconteceu de recusar saber o que era uma delas, vista de perto, do telhado da igreja.
Porque estão lá no alto há séculos e observarem-nos e é aí que devem permanecer- sendo aquilo que conseguimos imaginar cá de baixo.
Mas as malucas são difíceis de apanhar. Há umas que me obrigaram a ir 3 vezes a uma terra até conseguir um disparo da máquina que lhes acertasse.
Arquivo fotográfico
ahahaha
Estou a rir-me porque já me aconteceu trocar sms com um amigo, em viagem e deu esse engano.
Dizia-lhe eu que tinha acabado de ver um menino a masturbar-se ao lado de um coelho a tocar gaita. E ele respondeu que isso no campo era habitual e para eu não espreitar muito que ainda via o puto a fazer outra coisa a uma burra
ahahaha
Mas ele não estava a gozar. Não percebeu que o puto era de pedra e estava num capitel
":O))))))
Eheheheh!
Era o menino co a burra e o coelho sempre a dar música!
Ahahahah!
Então e não digitaliza isso?
Acho que era interessante!
Esses, por acaso, digitalizei e tenho post:
http://cocanha.blogspot.pt/2006/05/porcalhes-e-gaiteiros.html
Zazie eu gostei da Joana Vasconcelos em Veneza... não foi só a mim que saltou à vista a profunda adequação da arte ao regime... aquilo tudo feito com tachos e panelas... não podia ser melhor... -- JRF
eheheh
Também não sou grande apreciadora de teatro. Tenho alguma relutância em admiti-lo no grupo de amigos, porque sou olhada de esguelha. O teatro é considerado a arte de representar por excelência e raro é o ator que o não põe em primeiro lugar. Lembro-me em miúda, de gostar de ver o Frei Luís de Sousa(na tv), com a Carmen Dolores. Já assisti a boas representações, mas das últimas vezes que fui ao FITEI saí sempre a meio.
ehehe
Comigo acontece-me o mesmo- também temo sempre ser olhada de lado.
E sair a meio é o que acontece na maioria dos casos.
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