10 agosto 2012

Mundo dos Proles - 1984

























Onde está o António Capucho?

37 comentários:

zazie disse...

Esta foi a fase dela que eu mais gostei. Antes de "caírem as máscaras".

A actual não me agrada, por muito bem que até pinte.

Fernanda Viegas disse...

O António Capucho? Por esta altura(1984) devia estar no parlamento (eleito presidente do grupo parlamentar do PSD).

Fernanda Viegas disse...

... Também podemos "encontrá-lo" na parte inferior do "Proles", a cortar a cabeça às galinhas...

muja disse...

Que é isto?

muja disse...

Esqueçam... Já percebi que é Paula Rêgo.

Parece um dos inúmeros graffitis que há pelo East End londrino...

zazie disse...

Não parece nada. Este mural é espantoso. A sério, vale a pena ver.

Olha, toma lá as óperas:

http://janela-indiscreta.blogspot.pt/2004/06/as-peras-da-bicharada-45-carmen.html

http://janela-indiscreta.blogspot.pt/2004/06/as-peras-da-bicharada.html

zazie disse...

As óperas têm de ser acompanhadas de música.

Depois ponho lá os ficheiros que, entretanto, foram para o limbo.

muja disse...

Hmm. Não gosto muito do estilo. Aliás, é natural, porque não aprecio particularmente Paula Rêgo, precisamente por causa do estilo. Mas também sou esquisito com a pintura. Da arte moderna para a frente inclusive, é rara a obra que me diz alguma coisa.

Mas este aqui não é das Óperas então?

Qual é o contexto?

zazie disse...

Este é inspirado, literalmente, nos proletários do Orwell- 1984.

Mas é enorme. Isto é apenas um detalhe.

zazie disse...

Mas a que chama "estilo"?

Eu gosto muito desta fase e não tem nada a ver com o que ela pinta hoje em dia.

Mas isso de gostos, são gostos. Ela é uma contadora de histórias.

Dantes, essas histórias era subentendidas e usava os bestiário para as alusões.

Agora é tudo muito mais bruto, apesar de tecnicamente ter feito prodígios na evolução.

zazie disse...

Quanto a arte contemporânea (que isto é mais que moderno) depende.

Há sempre coisas boas e outras que são bluff.

Mas não vou ao ponto de dizer que só gosto de Goya e Velázquez, ainda que esses estejam, para mim, no topo.

zazie disse...

Mas, quanto a artes plásticas, tive iniciação desde tenra idade.

Por isso a atracção é perfeitamente natural.

zazie disse...

Olhe, treta é a Joana Vasconcelos e há muita gente que acha o máximo porque "enche o olho".

E escolheram-na para representar Portugal na Bienal de Veneza. Uma possidonice do Viegas.

muja disse...

Com "estilo", refiro-me à estética da coisa, sei lá. Ao traço, às cores, a tudo. Mas é como diz, são gostos.

Não acho que seja bonito, e não me apela rigorosamente nada.

Acho que o virtuosismo (se é que é a palavra certa) se perdeu um bocado na pintura (talvez também nas artes plásticas, mas sei ainda menos sobre essas) desde o início do período modernista.

Parece que os artistas chegaram à conclusão de que é suficiente expressarem-se apenas, e que o domínio da forma de expressão não conta (ou não tem que contar).

Não sei, acho que por causa disso a pintura e a arte em geral é mais pobre hoje em dia (a música e a literatura resistem melhor, mas também não escapam). Os artistas hoje me dia não procuram tornarem-se melhores artistas. Apenas deitar cá para fora o que quer que precisem de vomitar (para pegar na imagem do post mais acima). É uma apreciação totalmente subjectiva. Eu acho bonito. V. acha feio. E é considerado normal. E até talvez seja.

Mas é curioso como as apreciações subjectivas convergem quase totalmente no caso de um Goya, Velázquez ou Rafael ou El Greco ou qualquer outro grande pintor pré-Moderno. Há preferências decerto, mas é raro alguém dizer que são feios ou que não são coisas de excepcional qualidade estética.

Posso estar enganado, nem tenho a pretensão de estar certo, mas parece-me que na arte contemporânea é tudo por modas. Ou melhor, idolatra-se tudo, menos a arte em si. É o artista que importa e não a arte... O artista é grande defensor dos direitos de A ou B. É grande artista. O artista é conhecido pelas manias X ou Y. É um artista popular.

Enfim, não sei.

Só sei que não gosto.

muja disse...

Por falar nisto lembrei-me agora de uma coisa chocante.

Conheço uma inglesa que desconhecia ser a Literatura uma forma de arte! Cinema idem!
Achou completamente ridículo quando lhe falaram das 7 Artes.
Para ela, arte era pintura.

Têm habilitações superiores, incluindo Mestrado...

Fiquei pasmado.

zazie disse...

Pois, nesse caso sou muito mais ecléctica.

Neste caso, fascina-me o bestiário, todo ele- a começar pelo medieval.

Ora, se eu sou uma caçadora de gárgulas, como é que poderia ser insensível à bicharada da Paula Rêgo, né?

O Bosch é bonito? é outro dos maiores de sempre.

No caso da Paula Rêgo o que se observa é que ela aprendeu a pintar a óleo. Mas, com isso, não quer dizer que tenha conseguido mais do que na fase do bestiário.

Agora neste mural, a imaginação é delirante e creio que vendo é impossível não se gostar.

zazie disse...

Aliás, não conheço ninguém que não goste.

zazie disse...

Pois. Olhe, eu sou um tanto (para não dizer bastante mesmo) insensível ao teatro.

Mas isso é disparate. Como é que alguém pode achar zero a escultura do Miguel Ângelo.

E arquitectura, idem. Deve ser das coisas a que mais dou importância porque interfere directamente, com a forma como se vive.

Não consigo andar na rua sem reparar nos edifícios.

E uma catedral gótica é mesmo o clímax

ehjehehe

Nunca mais se fez nem fará nada que se equipare.

Isto é que é património e a isto, sim, digo que o Estado tem de proteger.

O que faz parte da História e não as pessoas- os artistas.

zazie disse...

E v. acertou- é mesmo o artista mais que a obra.

Para esse peditório não dou. Mas dá o Viegas que era defensor de bolsas de literatura a quem nunca escreveu nada

ahahahaha

zazie disse...

Mas as habilitações nada têm a ver com o caso. Um mestrado não faz um artista e, no meu entender, só quem executa é que também pode julgar.

O resto é História. A crítica de arte também não é nada, quanto a mim. Não se estuda para ser crítico. Quanto muito arranja-se tacho nos jornais para tal.

muja disse...

Pois bonito não será a melhor coisa para se falar. Para mim Bosch não é bonito, não... Mas não deixa de me apelar esteticamente. É muito difícil falar destas coisas. Mas a impressão que tenho é mais ou menos o que escrevi...

De qualquer forma, diz V. que a coisa não está completa e que é um mural. Então se calhar, o melhor que tenho a fazer é ver o tal mural.

Mas o resto do que vi dela (que não foi muito, diga-se), não me agradou.

zazie disse...

Pois, não sei. Se eu apenas conhecesse as obras actuais também não me tinha interessado por ela.

Isto para ser franca. Mas foi o contrário- dei com o bestiário e esse é absolutamente delicioso.

muja disse...

Não, mas sobre o episódio da inglesa, ela não é artista. Trabalha numa consultora!

Não se trata de uma apreciação subjectiva mas educada da Arte. Ela não sabia realmente que as pessoas consideravam a Literatura e o Cinema, arte!

Tendo a concordar consigo em relação ao teatro e à arquitectura. O teatro tenho pena, mas acho que é porque nunca tive oportunidade de ver grandes encenações de grandes dramaturgos. Nunca vi um Shakespeare, por exemplo. O mais que vi, sem ser bacoquices modernas tipo Brecht ou coisa do género, foi Gil Vicente e adorei...

zazie disse...

As óperas, por exemplo. Sabe o que me interessou?

Foi notar que estavam lá todas as passagens que identificavam cada uma delas.

E decifrei-as, assim- seguindo o percurso dos actos e do modo como ela as pintou no chão.

E aquilo é delicioso porque tanto tem bandas cinéfilas como recorda os manuscritos iluminados.

E depois ainda tem os bicharocos testemunha que saltitam de quadro para quadro, acompanhando aquilo tudo.

Ora eu tive de as fotografar à pressa na 111, por altura de uma exposição. De outro modo era impossível estudar.

A Casa das Histórias serve também para suprir essa lacuna. E acho bem. A arquitectura é fabulosa- melhor era impossível fazer.

muja disse...

Mas olhe que esse seu bestiário é muito curioso!

Caçadora de gárgulas diz V...
Isso é muito engraçado!

Que é que V. faz aos bichos quando os caça?
Tem um pequeno jardim zoológico? Se tem, gostava de ver...

zazie disse...

O Brecht é bom.

erhehe

Eu vejo teatro em Inglaterra. Cá, não consigo.
Mas é uma arte que me diz pouco por me melindrar a exposição das pessoas.

Nunca consegui representar, nem em miúda- deve ser por isso que aquilo me atrapalha.

zazie disse...

ahahahaha

São bichos em pedra. Estudo-os. Tenho um arquivo com perto de 9 mil exemplares dessa marginalia.

zazie disse...

Mas é um vício. Às vezes até acho que é mais por gosto de as caçar que outra coisa.

Porque já me aconteceu de recusar saber o que era uma delas, vista de perto, do telhado da igreja.

Porque estão lá no alto há séculos e observarem-nos e é aí que devem permanecer- sendo aquilo que conseguimos imaginar cá de baixo.

zazie disse...

Mas as malucas são difíceis de apanhar. Há umas que me obrigaram a ir 3 vezes a uma terra até conseguir um disparo da máquina que lhes acertasse.

zazie disse...

Arquivo fotográfico

ahahaha

Estou a rir-me porque já me aconteceu trocar sms com um amigo, em viagem e deu esse engano.

Dizia-lhe eu que tinha acabado de ver um menino a masturbar-se ao lado de um coelho a tocar gaita. E ele respondeu que isso no campo era habitual e para eu não espreitar muito que ainda via o puto a fazer outra coisa a uma burra

ahahaha

Mas ele não estava a gozar. Não percebeu que o puto era de pedra e estava num capitel

":O))))))

muja disse...

Eheheheh!

Era o menino co a burra e o coelho sempre a dar música!

Ahahahah!

muja disse...

Então e não digitaliza isso?

Acho que era interessante!

zazie disse...

Esses, por acaso, digitalizei e tenho post:

http://cocanha.blogspot.pt/2006/05/porcalhes-e-gaiteiros.html

joserui disse...

Zazie eu gostei da Joana Vasconcelos em Veneza... não foi só a mim que saltou à vista a profunda adequação da arte ao regime... aquilo tudo feito com tachos e panelas... não podia ser melhor... -- JRF

zazie disse...

eheheh

Fernanda Viegas disse...

Também não sou grande apreciadora de teatro. Tenho alguma relutância em admiti-lo no grupo de amigos, porque sou olhada de esguelha. O teatro é considerado a arte de representar por excelência e raro é o ator que o não põe em primeiro lugar. Lembro-me em miúda, de gostar de ver o Frei Luís de Sousa(na tv), com a Carmen Dolores. Já assisti a boas representações, mas das últimas vezes que fui ao FITEI saí sempre a meio.

zazie disse...

ehehe

Comigo acontece-me o mesmo- também temo sempre ser olhada de lado.

E sair a meio é o que acontece na maioria dos casos.