14 julho 2012

os diplomas valem o que valem

As universidades de elite estiveram sempre, e continuam a estar, de braços abertos para receberem os filhos dos “mandantes” que estão no topo das hierarquias que nos governam. Para eles, não há barreiras à entrada, nem obstáculos que os impeçam de sair, um tempito mais tarde, com um canudo nas mãos.
A vergonhosa carreira académica do Sr. Saif al-Islam Gaddafi, que obteve um doutoramento na prestigiada London School of Economics, diz tudo.
O “affair” Relvas só não cai neste excepcionalismo porque a Universidade Lusófona não é uma universidade de elite e porque o Miguel não é de “sangue azul”. É um rapaz de uma família modesta que viveu em Angola até 1974 e que retornou ao País, por essa altura, para fazer pela vida.
Na minha opinião, este é o problema. A populaça não perdoa, aos seus, comportamentos que são infelizmente banais noutras classes sociais.
Se o Miguel fosse filho de “um Eduardo dos Santos”, só para dar um exemplo, não teria tido qualquer dificuldade em entrar em Harvard ou em Oxford, tinha andado por lá a pastar por algum tempo e saído com um diploma que ninguém teria tido a coragem de contestar.
É a vida.

20 comentários:

Bmonteiro disse...

Apoio e complemento.
Mais que o caso candidato/aluno Relvas, o que isto pedia:
O ministério da Tutela, nomear um oficial averiguante.
Após uma semana de recolha de dados e depoimentos, elaborar relatório e submeter a despacho.
Conclusões previsiveis:
Inibição imediata de actividades na UL, da meia dezena de responsáveis à época.
Passar a processo disciplinar.
PS: foi tudo legal?
Foi legal uma m...Do Reitor aos Profs envolvidos, todos violaram tudo.
Incluindo, um Conselho 'Científico' que pelos vistos nunca existiu.
Ah, e quanto ao Dr, anular o título, ou não?

zazie disse...

Oh, isso são coisas terceiro-mundistas por essa mesma razão.

Ninguém dava crédito a um diploma desses tipos.

Mas neste, quem fica mal é a Lusófona.

zazie disse...

Quanto ao Dr. sim, era de anular título (a título de exemplo) que possidónios já existem de sobra.

zazie disse...

Uma coisa é certa- no dias das eleições estive em debate no Blasfémias por causa deste palerma e do CAA

E não votei neles à conta disso- já na altura tresandava a aventais.

Anónimo disse...

Olá Zazie.

Aprecio muito os seus comentários.

Beijoca grande.

Admirador

Anónimo disse...

Bem, parece que o recrutamento dos "aventais" anda muito por baixo!... Se o Relvas é arraia miúda, porquê tanta preocupação com o homem?...
Vocês parecem a raposa da fábula: estão verdes, não prestam!...

zazie disse...

Bem, se o ministério dele é arraia miúda...

Anónimo disse...

Análise completamente errada. E o Eduardo dos Santos era filho de quem? E o Kadafi? E tantos outros? Tornaram-se elite com o poder e o dinheiro. O Joaquim Couto acha que a elite ainda tem ver com títulos nobiliárquicos. A "populaça" como é evidente não vê o Relvas como um dos seus, como diz. Filhos do Relvas e de outros como ele, os do Poder e os filhos do Poder, terão sempre hipóteses que a populaça não tem

zazie disse...

Sem querer, o Joaquim disse o que importa e responde, à tabela, ao João Miranda:

isto, a que chamam liberalismo- de cada universidade vender a treta que bem entender, que depois o mercado trata do assunto, é vigarice terceiro-mundista.

O que diz muito da aplicabilidade desta cartilha neotonta.

Zephyrus disse...

E aqui em Portugal entra em Medicina ou Arquitectura quem frequenta o colégio e o explicador certo, sei lá, quem frequenta o Ribadouro, por exemplo...

muja disse...

Essa dos colégios também tem muito que se lhe diga.

Entra em Medicina quem obtiver a melhor pontuação. Simples.

A noção de que as pessoas que estudam nos colégios têm vantagem é certa e errada ao mesmo tempo. É errada porque não há compra de notas generalizada como se pensa e diz da boca para fora. Pode haver casos pontuais, mas, por experiência própria, não é o mais comum (no meu caso, por exemplo, seria difícil porque o colégio não era pago, funcionava naquele regime de parceria ou lá o que é, por não haver escola pública nas redondezas).
A vantagem reside sobretudo no ambiente e estilo de ensino. Existe um acompanhamento dos alunos mais ou menos permanente por parte dos professores. As turmas mantém-se ao longo dos anos, por exemplo, ao contrário das escolas públicas. É tudo mais coerente e estável, o que ajuda alunos e professores. Não é milagre nenhum, mas pode fazer a diferença para um aluno médio, medianamente aplicado.

A questão das explicações é diferente. Penso que as explicações existem como meio de treino específico para os exames. Os alunos não vão às explicações para aprenderem mais ou melhor no geral; vão para aprenderem a resolver os exames melhor. Uma analogia seria um atleta que em vez de treinar atletismo no geral, sprint e fundo, treina apenas os 100m.
Quando a competição é suficientemente apertada como em Medicina, normalmente decidida à décima ou centésima de valor, faz toda a diferença. E aqui sim, a vantagem existe decididamente e é injusta, porque os melhores explicadores - os que conhecem os exames e conseguem até prever o que vai sair, são caríssimos. Só quem pode é que tem acesso ao melhor treino.

Isto cria uma distorção curiosa que tive oportunidade de apreciar. Já não é tanto o caso de quem quer ir para Medicina que tem que bulir e trabalhar pelas notas altas. A competição é tão elevada que quem tiver notas altas, é imediatamente pressionado para ir para Medicina. Seja pelos pais, professores ou colegas ou tudo em conjunto. A componente vocacional - e aqui, esta tem que passar obrigatoriamente por querer ajudar o outros - é considerada secundária. Vi muita gente a entrar em Medicina que tenho praticamente a certeza que serão médicos terríveis, pelo simples facto que nunca detectei neles o menor altruísmo ou preocupação pelo próximo. Em alguns casos era bem pelo contrário...

Em suma, temos um sistema que se diz igualitário mas em que, na realidade, existe uma elite dentro da elite. Existe a elite de mérito dos alunos aplicados e que efectivamente têm resultados acima da média. Esta tende a ser maior nos colégios (por virtude de como funcionam os colégios, não porque sejam pagos). Mas mesmo dentro desta, existe outra que tem meios para pagar um treino intensivo e altamente específico, que lhes permite obter a edge que necessitam para ingressar nos cursos que desejam (ou que outrem deseja para eles). Esta elite é exclusivamente determinada pela riqueza de quem a sustenta. Pobres não têm chance.

zazie disse...

Os explicadores são os grandes professores de Portugal.

Sem eles é que o ensino já tinha atingido a estaca zero.

zazie disse...

Os pobres de espírito existem em todos os meios.

O que faz a diferença será o nível cultural, mas isso não se nota para a entrada na faculdade.

Zephyrus disse...

Um colégio no Porto coloca cerca de 100 alunos por ano em Medicina. Quem tem 16 ou 17 de médias de testes acaba com 20 no final do ano. A inflacção é ainda maior nas disciplinas não sujeitas a exame nacional. Na escola pública que tem 16 ou 17 de teste arrisca levar o 15. Conheço muito bem ambos os tipos de ensino. Isto é imoral e tem de terminar.

Zephyrus disse...

Os alunos da escola Infanta Dona Maria em Coimbra, por exemplo, safam-se contra os colégios porque têm notas muito altas nos exames. Mas a escola, pelo menos há uns anos, tinha excelentes professores e bom ambiente. A média interna conta 50%. «Comprar» o 19 ou o 20 de média interna no colégio certo ajuda, pois se se ficar com 17 de média de exames já se garante a entrada, pelo menos em Lisboa. Mas os alunos da pública têm de ir para o exame e lutar pelo 20, pois dificilmente conseguem médias internas acima de 18,5.

Se não acreditam em mim, em Setembro, quando saírem as colocações, comparem as notas de Secundário e de exames dos alunos de certos colégios com as notas dos alunos da escola pública.

Zephyrus disse...

Zazie, no tempo dos meus pais só tinham explicações os alunos com pouca capacidade intelectual. Agora é transversal. Há alunos de 18 ou 19 com explicações a todas as disciplinas. É caso para perguntar, o que andam a fazer nos liceus ou nos colégios?

Muita gente está a pagar duas vezes o ensino, uma com os impostos, outra a explicadores. E tal sucede porque na dita escola pública os professores nem sempre ensinam, e os alunos, para passar no exame nacional, têm de gastar centenas de euros em explicações.

zazie disse...

Pois é isso mesmo.

muja disse...

Isso não é bem assim. Depende da escola e depende dos alunos.

Há alunos de 18 ou 19 com explicações a todas as disciplinas. É caso para perguntar, o que andam a fazer nos liceus ou nos colégios?

Já expliquei o porquê. Para entrar em medicina ou cursos de média igualmente elevadíssima, toda a centésima é importante. As explicações não são para explicar nada. São para treinar, mecanizar, e trazer à ponta da língua os conceitos mais prováveis de saírem no exame. As do 12º servem quase exclusivamente para isso. Há gente que começa a resolver exames no início do ano.

E tal sucede porque na dita escola pública os professores nem sempre ensinam, e os alunos, para passar no exame nacional, têm de gastar centenas de euros em explicações.

Os professores nem sempre ensinam e o ambiente é caótico nas salas de aula. Ainda assim, depende da escola. Quanto vai uma aposta que, dos alunos do D. Maria, a maioria anda em explicações? E porquê? A escola tem bons resultados, o ambiente é idílico se comparado com algumas escolas de Lisboa ou Porto, ou até arredores de Coimbra.
Porque nas explicações ou fazem ou saltam fora. Se perturbarem o explicador manda-os passear. Os pais em casa exigem porque sai caro. Em suma, nas explicações aplicam-se porque não têm outro remédio.
Se o fizerem na escola, sobretudo escolas como o D. Maria, não precisam de explicações para nada.

Mas até aposto que há pais que largam centenas de euros de explicações por mês, mas depois são todos pró pedagogia e coitadinhos dos meninos que se lhes não pode tocar.
Quem não tem dinheiro para as explicações é que sai defraudado, porque pensava que estava a pagar a escola e afinal está a pagar um Jardim Zoológico. Se quiser escola, tem que pagar aos explicadores.

Anónimo disse...

A populaça não perdoa, aos seus, comportamentos que são infelizmente banais noutras classes sociais.

...

Nesta frase de sociólogo ou lógica sociólogica da tasca de Zé populaça o neox do PC ou Macho Alfa da alterne ou Master filósofico-de-dias-imapres retratase...
Com a mismo traço aperfeiçoado que o Leonardo describía aos e dibuxava aos músculos e articulaçáos dos seus modelos "mortos" recuperados para voltar a vida em qualquer cemiterio comúm italiano.
Vivir para ouvir.

Anónimo disse...

"Filósofo-dos-dias-impares " queria dizer...