31 julho 2012

está bem e recomenda-se

A economia não registada - ENR - está bem e recomenda-se. Já representa 24,8% do PIB e está a crescer a mais de 2,5% ao ano. Isto enquanto a economia registada sofre quedas superiores a 3%.
Segundo um estudo da FEP, a ENR atingiu um volume de negócios de cerca de 32.000 M€ em 2010, o que corresponde a uma capitação de 266,00 € / mês "por tuga". Uma boa almofada para a crise.
Isto mesmo reconhecem os especialistas: “Claro que a economia subterrânea pode amortecer a pancada que se sente na economia formal", conclui Sérgio Vasques da Universidade Católica. E eu acrescento, se não fosse a ENR, meus caros, já tinha explodido uma guerra civil.
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Ler também este artigo do ionline: Sem economia informal, a fome grassaria em muitas regiões, dizem alguns economistas. Outros defendem que é um retrocesso civilizacional.

Comentário: Será que a fome é um avanço civilizacional?

39 comentários:

zazie disse...

É verdade, ó Joauqim, comecei a ler o livro do Mattoso e v. tem razão, ele é milenarista.

Ainda só li umas páginas mas confirmo o que sempre pensei- é impossível haver grande pensamento em quem é politicamente mongo.

E, infelizmente ele faz parte da tradição da escardalhada lusa.

zazie disse...

Com isto não quero dizer que não acerte numas questões.

O problema é que depois lá tem de as atulhar no aterro ideológico.

muja disse...

V. dá demasiados ouvidos a economistas...

Aquilo é tipo psicólogos. Têm que dizer alguma coisa para a malta ir vendo que eles ali estão...

Olhe, sabe o que era uma medida como deve ser e que trazia uma grande fatia da economia não não-sei-quê para onde devia estar?

Legalizar o consumo, venda e, sobretudo, cultivo de canábis.

Os holandeses andam lá com esquisitices, que não é o tipo de turismo que querem ter (o sexual pelos vistos, já é); e nós ultrapassávamos os gajos pela direita e promovíamos aqui a terrinha como destino da moca nº1 europeu e até mundial.

Isso sim, era fomentar a economia: a ver se o interior se não ocupava logo com malta cheia de vontade para a agricultura. Coffee shops a abrir por todo o lado, o tráfico a passar a comércio à luz do dia, taxado correspondentemente.

O fluxo de turistas ia aumentar inacreditavelmente: sol, praia, boa comida, minis e cacetes à vontade? Adeus Côte d'Azur e adeus Santorini...

Não existe um único motivo racional - um único que seja - para não se fazer isto. A coisa já se vende e já se fuma por todo o lado. Até já nem é penalizado o consumo. Quer dizer, o que supostamente seria mau, já o temos. Pois que venha o bom, então! E como bónus, tirava uma data de gente nova do contacto com traficantes, que é o que os introduz a substâncias bem mais perigosas e rentáveis para estes últimos.

Isto é outra prova que a esquerdalha - sobretudo a que se diz intelectual - não quer saber dos interesses do país e do povo para coisa nenhuma. Se quisesse, o barulho e a agitação que faz por causa dos casamentos gays, das educações sexuais, e outras "causas fracturantes", também o faria para isto, que supostamente apoia. Isto sim, seria uma causa fracturante, mas que valia a pena analisar.
Mas não, só se dedicam a coisas sem jeito nenhum... Há certos interesses com os quais batem a bolinha baixo...

Anónimo disse...

Hola Zazie,

Parabéns. Muitos parabéns!
Zazie, sei que foi difícil mas a sua consciência falou mais alto. O livro dele é patético. Catastrofista.
Se estudarmos história sabemos que a nossa presença na Terra tem sido um sucesso fantástico. Ainda há 30,000 anos vivíamos em cavernas.
Daí eu dizer que um historiador milenarisrta é como um médico hipocondríaco. Uma desgraça.
E o JM tb é um pseudo-intelectual.

Anónimo disse...

Zazie,
Tome nota:
Milenarista
Sebastianista
Anti-democrático
Globalista
Ainda deve ser mais coisas, mas já chega.

zazie disse...

Não foi nada difícil. Não seja besta.

V. não encontra um único post meu a chamar grande teórico ao Mattoso.

Nunca. Nem sequer o tomava por pensador.

Sei apenas que é um bom historiador e um grande medievalista.

E na Nova fazia parte da resistência ao lobby maçónico do Oliveira Marques.

Portanto, não invente. O outro detalhe foi um detalhe brejeiro

ehehehe

Mas é milenarista, pois. E ainda só li o início mas, para lhe dizer a verdade, até me fez pena.

Porque torna-se penoso ler tanta citação de Pintassilgos e coisas assim, com zero de teoria.

Claro que a única coisa que o safa é ser católico.

E é exclusivamente por aí que escreve coisas acertadas.

Mas depois lá lhe aplica a receita escardalha e nem sei como é possível ter chegado à idade que já chegou sem perceber que o BE e toda aquela ideologia cripto-comunista e xuxialista fede.

E não precisava disso para fazer em cacos aquilo que até o nosso Morgadinho e o Doutor Engenheiro Campónio fazem, sem precisarem de comprar cartilha neotonta.

zazie disse...

Sebastianista não sei. Vou ver se leio hoje mais umas partes.

Globalista não é- se com isso quer dizer globalização.

Ele ataca a globalização de uma forma até primária (muito mais primária que eu ehehehe)

A cena dele da globalização é por causa da "alta-finança" e mais não sei quantos que é o que diz o BE mas é absolutamente inconsequente com a ideia milenarista que é uma universalização também.

Esse é o calcanhar de aquiles.

E fiquei mesmo a pensar se é possível existir pensamento profundo (sem ser específico- sem ser saber- reflexão civilizacional, por exemplo, em quem é burro politicamente).

Eu penso que não e esse é até um gigantesco problema que tenho para encontrar pensadores em História da Arte que não sejam escardalhos.

Não sei porquê mas a escardalhada, particularmente os internacionais situacionistas, deitaram a pata a tudo.

zazie disse...

Quanto ao milenarismo é um tema que sempre achei muito curioso historicamente mas que nunca levei a sério, em termos religiosos.

Mas eu sou católica badalhoca, por isso, não conto.

Agora se me perguntar se tomo o livro do Apocalipse como um fim Histórico e a etapa última do cristianismo, digo-lhe já que não.

É completamente pedrado, deu as iconografias mais espantosas.

Mas é maluqueira a mais, essa ideia de ressuscitar todo maralhal e podermos viver eternamente depois de nos deixarmos enganar por um clone maligno de Cristo

ahahahahahha

zazie disse...

É coisa de neocons.

E nem sei como é que o Mattoso não se dá conta disso e ainda se arma em armagedónico para a purificação final.

Anónimo disse...

Não foi nada difícil!... que bronco Joaquim!... pelo que se conhece da Zazie não foi nada difícil! -- JRF

Anónimo disse...

Exacto... nada difícil!... não tinha lido... respondo por ordem... o "ainda deve ser mais coisas", não está mal... hehehe... -- JRF

Anónimo disse...

"até o nosso Morgadinho e o Doutor Engenheiro Campónio"... até?... ò caro RB... diga-me uma coisa... isto foi elogioso?... -- JRF

Anónimo disse...

Zazie,
Só para recordar:

Bem, assino por baixo tudo o que o Mattoso escreveu.
Zazzzzie, há uns dias atras.

sampy disse...

É por isso que eu chamava a atenção para o percurso religioso do Mattoso. A sua passagem e ligação aos beneditinos, a sua paixão pela Idade Média, o seu estilo de vida quase monástico indiciam um espírito de "fuga mundi" que se traduz numa visão pessimista dos tempos que se vivem e o anseio por uma nova era (que recuperaria os élans do medievo).

Anónimo disse...

Zazie,
Em conclusão, o José Mattoso é um parvo (do latim - pequeno) que vive nas trevas, mas que pensa que é um sábio.
Há centenas deles em Portugal.

Anónimo disse...

Caro sampy,

Ele chega a apelar a uma nova ordem mundial, a uma autoridade "suprema" que tome conta da Terra. É patético.
Depois vem a sopeirada:

Enquanto houver um sorriso de criança há esperança.

Isto é uma tirada de catgegoria mas é para comer umas "mulas" de Gondomar.

sampy disse...

Calculo que para essa autoridade suprema, ele tome como modelo o papado, e a sua relação com os imperadores e reis cristãos. Quanto ao significado da autoridade papal, bastará reler alguns dos posts do Pedro Arroja.

Relativamente à tirada sopeira, parece-me que resulta de uma espécie de ingenuidade muito típica de pessoas que viveram ou vivem em conventos. Ou dadas à coisa "espiritual" (estilo Laurinda Alves).

Bmonteiro disse...

«Será que a fome é um avanço civilizacional?» - Depende, termo que serve para tudo e para nada.
Se for excessiva, deita qq homem ou sociedade abaixo;
Se for desafiante, pode levá-los a superarem-se.
Parcela significativa dos nacionais, sujeitos à pobreza e à fome, emigrou para as Américas e Franças, onde acabaram por entrar na civilização.
O grande Toynbee, diz algo semelhante, o efeito desafio/resposta na morte ou sobrevivência das sociedades.
"Um estudo de História"

zazie disse...

Joaquim: e repito- assino por baixo todas aquelas passagens que v. largou e que o Mattoso escreveu.

O que é que isso altera em relação ao que escrevi?

zazie disse...

ehehe

Claro que foi elogio. A frase é que ficou incompleta. queria eu dizer que isso até vs. os 2 fazem sem precisarem de ser neotontos.

":O)))

zazie disse...

O que o sampy diz não se escreve. É ateu militante e basta.

Beneditino também é o Frei Bento Domingues e é mais xuxa que frade.

O Mattoso é capaz de ter levado essa ideia de solidão mas não sei para onde.

E nem ele deve saber lá muito bem porque, como eu disse de início, sempre balançou entre o deserto e as meninas

zazie disse...

Mas o Joaquim tem razão- tem por lá sopeiradas de meter dó.

e chega ao patético de ilustrar prognósticos de futuro com ficção de filmes.

Cita o Lars von Trier para justificar que vai ser assim, tudo à vida e para breve.

zazie disse...

sampy: eatá calado. Lê e não inventes que o teu jacobinismo consegue ser mais oportunista e falso que um carteirista.

zazie disse...

Quando ler tudo, digo.

Mas não altero em nada o que escrevi e confirmo que ele tem passagens certeiras.

A dada altura diz literalmente que o problema é essa treta da ética em vez da moral.

Porque falar-se em ética é coisa laica onde não existe o pecado mas apenas a infracção.

E dá forte porrada noutra merda que me encanita e que já me fartei de fazer em cacos- incluindo em debate no Aspirina: a cidadania- o cidadão- essa entidade que não é carne nem peixe.

zazie disse...

E ser medievalista é um elogio que só os imbecis que são fruto do jacobinismo da revolução francesa é que não entendem.

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Mas ninguém precisa de ser milenarista por ser medievalista.

E tenho até dúvidas que também seja ideia obrigatória num católico, já que a cena da 2ª vinda é coisa que agrada mais aos que negaram a primeira.

Armagedónicos sãos os protestantes. A nossão milenarista tuga é lindíssima e bastava ler o Agostinho da Silva para meterem a viola no saco.
............

Eu é que disse que, em termos de crença, isso passa-me ao lado (isso e muito mais, mas enfim... cada um é para o que nasce ...)

zazie disse...

nossão? eu escrevi nossão?

Phónix! foi só uma imperial

":O+

zazie disse...

Olha, o Bmontiro acaba de citar um grande Historiador (com maiúscula) de que pouco se fala.

O Toynbee.

Pois é. Estas coisas é que me fazem pensar.

Porque é que por cá o Toynbee foi banido das universidades?

Quem é que lê ou cita Toynbee?

Ia jurar que ninguém. Porque a nossa maleita escardalha fala sempre mais alto.

E depois os gurus que o Mattoso cita são coisas de circo. E sempre os mesmos.

Anónimo disse...

"Isto é uma tirada de catgegoria mas é para comer umas "mulas" de Gondomar."... com essa come umas mulas de Gondomar mas só se forem socialistas... -- JRF

Anónimo disse...

Caro anónimo,

Todas a mulas são socialistas. Uma conservadora não anda a dá-lo.

Anónimo disse...

Não sou anónimo ò Joaquim!... Continue a pensar assim das conservadoras... Está a preparar-se para grandes surpresas pela vida fora... -- JRF

Anónimo disse...

Caro JRF,
Desculpe que não vi a assinatura. Todas as regras têm excepções. ahahah

sampy disse...

Zazie, o frei Bento é dominicano. É uma raça diferente da dos filhos de Cluny.

Quanto ao Mattoso, não me dizem respeito as razões por que saiu do mosteiro. Apenas constato que, se ele saiu do mosteiro, o mosteiro não saiu dele.

E quem sabe o que é um mosteiro, sabe que a Idade Média está viva, lá, na régula observada, na organização do espaço e do tempo, nos códigos musicais, arquitectónicos... Dizer que o Mattoso é medievalista é dizer pouco; ou melhor, é dizê-lo com todas as letras. Porque ele teve realmente a oportunidade de viver na Idade Média. E não há dúvida de que foi uma experiência que o fascinou para toda a vida. E que vai a par do desencanto com aquilo que vai observando do mundo hodierno. E é esse choque que o fez descambar para uma espécie de "milenarismo". E que, de facto, pouco tem que ver com a ideia dos protestantes.

O "milenarismo" do Mattoso pode ser captado através da leitura de "O Ano Mil" de Georges Duby.

zazie disse...

sampy- não dizes nada.

Ok. o outro xuxa é dominicano. Do what, para o caso de ser mais xuxa que frade?

E o Mattoso não saiu do convento, andou sempre cá e lá.

E so what para o milenarismo?

Queres que eu leia o Duby, achas que não li? e leste tu o Norman Cohn, já agora?

zazie disse...

Aliás, se ele fosse isso tudo que escreveste, era um sábio.

É pena que não tenha mesmo ficado fora da sociedade. Porque aí, sim, talvez tivéssemos pensador.

Mas temos apenas Grande Historiador.

E a culpa não é do afastamento.

Aposto que é o inverso- é do contacto.

As referências estão lá. E são jacobinas. Porque a nossa intelectualidade democrática é jacobina.

Ou, se calhar, porque nem temos elites.

Pelo mesmo motivo que me ocorreu quando o BMonteiro referiu o Arnold Toynbee.


Porque é que não se dá nas universidades?

Porque é que praticamente nem traduzido está?

A resposta explica a fraqueza do Mattoso.

E não é religiosa. De modo algum. Isso é que ainda o salva.

zazie disse...

O milenarismo dele é ideológico.

O problema é esse.

sampy disse...

Zazie, a minha referência ao Duby era apenas forma de dizer que acho útil comparar o retrato que é feito daquela "hora" com as observações do Mattoso relativas ao nosso momento histórico.
Não li o Norman Cohn.

Quanto ao pretenso jacobinismo do Mattoso, eu estaria tentado em dar-te razão. Até porque quem pasta nas nossas universidades dificilmente cosegue evitar ser contaminado pelo ébola jacobino. Mas penso que essa interpretação não faz justiça ao Mattoso nem se coaduna com a sua posição de pessoa crente (mesmo que o seu pensamento possa sofrer de diversas incoerências).

zazie disse...

Leste estes textos dele?

Eu ainda só li passagens.

Mas, explica-me lá onde posso encontrar no Duby explicação milenarista quando ele diz que a crise dos valores aumentou com a crise financeira e a seguir apela à Vinda de Jesus.

Ou, de outro modo, onde entra a formação do convento para dar exemplos com canções da Joan Baez ou o Gracias à la Vida da Violeta Parra.

zazie disse...

Poi não. tens razão que o jacobinismo não se coaduna com a fé católica.

E ele é católico e tem enormes contradições nesse campo.

Eu acho que isto se explica do mesmo modo que se explica o Louça e os nossos católicos da Capela do Rato.

Ele faz parte da corrente de esquerda. São essas as referências mundanas.

E é isso que menoriza tudo. Porque depois fica pela rama e limita-se a papaguear aquelas fórmulas BE.

Mete dó como um frade e um grande historiador pode ter caído nesta armadilha a vida toda sem se dar conta.

E ele é humilde. Muitíssimo. Ingénuo até.

Mas é este o pano de fundo da intelectualidade portuguesa.

Por isso é que o Toynbee apenas foi traduzido em 64 e nunca mais se falou nele.

zazie disse...

Já li mais umas passagens e tem partes excelentes.

Ele é certeiro sempre que se afasta da ideologia