No seu livro Jesus de Nazaré (vol. I, cap.IV - O Sermão da Montanha), O Papa Bento XVI discute, em termos teológicos, aquilo que o Cristianismo acrescentou ao Judaísmo. São principalmente dois pontos que eu vou procurar explanar em linguagem vulgar, e que ainda hoje, mau grado as raizes comuns, constituem os principais pontos de divergência entre judeus e cristãos.
1. Primeiro, Cristo universalizou o judaísmo. Cristo veio dizer que o Povo de Deus não são exclusivamente os Judeus. O Povo de Deus é toda a humanidade, somos todos nós. Cristo universalizou o Povo de Israel e levou o Deus de Israel a todos os povos do Mundo. Acabou-se o Povo Eleito, eleitos são todos os homens: "O que decide já não é a "carne", a descendência fisica de Abraão, mas o "espírito": a pertença à herança da fé e da vida de Israel através da comunhão com Jesus Cristo, o Qual "espiritualizou" a Lei e assim a transformou num caminho de vida aberto a todos" (op. cit., p. 142).
2. Segundo, Cristo pessoalizou o judaísmo. A união do Povo de Deus, não se faz primariamente pela Lei (Torah), mas em torno da figura do Legislador, Deus, encarnado na figura de Cristo. Assim, Cristo acrescenta à Lei Judaica um elemento muito importante: Ele próprio. Mais importante que seguir a Lei (Torah), passa a ser seguir o Legislador (Cristo).
Daqui decorrem algumas consequências importantes. Gostaria de mencionar duas:
a) Um católico, que seja verdadeiramente um católico, não tem nenhum preconceito em relação aos judeus, ele olha para os judeus como olha para qualquer outro povo, todos sendo filhos de Deus. A recíproca é que não é verdadeira, um judeu não olha para um católico (ou para qualquer outro povo) como sendo filho de Deus. Filhos de Deus são só eles, os judeus. Está aqui a origem do ressentimento que, ao longo dos séculos, os judeus têm gerado nas comunidades no seio das quais têm vivido.
Um exemplo actual acerca desta dualidade de critérios respeita à produção de armas nucleares pelo Irão. Israel possui armas nucleares. No meu julgamento católico, o Irão também tem direito de as possuir, porque os iranianos também são filhos de Deus. Mas isto é assim no meu julgamento católico. Porque no julgamento judaico, Israel e o Irão não são comparáveis, uns são filhos de Deus, outros são bastardos, e não se reconhece esse direito a filhos bastardos.
b) A ideia moderna do Estado de Direito, da supremacia da Lei sobre os homens é uma ideia com raizes judaicas, e de que o protestantismo se aproximou após a Reforma religiosa. Na verdade, não apenas o protestantismo adoptou a versão judaica do Antigo Testamento como, colocando o ênfase nas Escrituras e rejeitando a figura do Papa, se colocou, neste aspecto, do lado da tradição judaica.
A ideia católica correspondente é a de um Estado de Pessoa - ilustrada pelo Papa e pelo próprio Vaticano - onde um homem, o Legislador´é mais importante que a Lei, porque ele próprio tem poder para mudar a Lei (como Cristo fez em relação a vários aspectos da Lei Judaica ou Torah: circuncisão, sábado, purificação de alimentos, etc.).
Esta diferença ajuda a explicar por que é que num país tradicionalmente católico como é Portugal a ideia do Estado de Direito nunca vence. Como mais uma vez se está a confirmar.
11 comentários:
Caro PA, está a confundir as coisinhas:
Uma coisa é afirmar-se que os Judeus são o Povo Eleito outra coisa é dizer-se que os não Judeus não são filhos de Deus.
.
Portanto os judeus são o povo eleito, mas não são os unicos filhos de Deus. É isso que afirmam, ou não é?
.
Eleito porque foi com os Judeus, alegadamente, que Deus terá feito um pacto.
.
Mas isso, sabe, são palavras. Na verdade a biblia também é poesia aonde o jogo com palavras tem sido demasiado levado à letra.
.
Quanto às bombas atómicas. Não se trata de um direito. Porque esse direito ninguém deveria ter, sobretudo uma arma daquele calibre. Trata-se de uma coisinha bem humana que tem a ver com equilibrios regionais e politica e percepção do perigo e embuste e táctica e paz.
.
Não me parece que assobiar para o lado e achar que paises cuja cultura politica instiga e destila ódio e a eliminação especifica de uma país - Israel - possa ter o direito de ter uma arma nuclear para atingir esse fim.
.
Tudo em nome da igualdade. O que me irrita profundamente. Tratar igual o que é desigual. Qualquer dia, e nessa linha de raciocinio, democratiza-se a bombinha por tudo quanto é país. Então se o Irão a pode ter, o afeganistão também, e o sudão e o libano e a siria e a arabia saudita.
.
Aliás um irão nuclear iria despoletar uma corrida imediata ao nuclear por parte dos arabes que sentiam ameaçados.
.
Olhe o exemplo de Cuba durante a guerra fria... a ver se os gringos não fizeram tudo para evitar uma Cuba nuclear. Claro. São estúpidos não.
.
Rb
Rb
"Não me parece que assobiar para o lado e achar que paises cuja cultura politica instiga e destila ódio e a eliminação especifica de uma país - Israel - possa ter o direito de ter uma arma nuclear para atingir esse fim. "
Veja o lado deles.
Um país (sem marinha ou aviação) que em duas frentes, vê inúmeras bases militares em dois países invadidos e ocupados pela única nação que utilizou duas bombas atómicas e que por acaso já operou um golpe militar para depor o seu presidente eleito (1953) e depois apoiou logisticamente Saddam na sua guerra contra o Irão.
O regime actual é agressivo contra Israel? sim, é uma pena, não se devia meter no assunto e nas disputas territoriais dos outros.
Mas não é que o não-intervencionismo geo-estratégico seja um exemplo dado pelos outros. Pelo contrário.
Assim, a vida da oposição interna no Irão é difícil.
«sim, é uma pena, não se devia meter no assunto e nas disputas territoriais dos outros.»
ehehe
Nestas coisas o CN é certeiro.
O Irão não tem força aérea e naval? deve estar a brincar comigo.
.
Se não conseguiram obter a merda da bomba no tempo em que o podiam fazer, agora é tarde, sobretudo depois dos acordos de não-proliferação de armas nucleares controlado pela ONU.
.
Temos pena, mas a eliminação de Israel terá de ficar para mais tarde.
.
Rb
Precisamos de um "imperatore" que restaure Portugal.De facto com os dirigentes adquiridos nas lojas chinesas dos 300 não nos safamos...
O pior dos males "democráticos" foi aprofunda divisão dos Portugueses.Divididos qualquer um reina.E tem reinado a pior mediocridade, alguma dela internacionalista que quer abastardar a NAÇÃO Portuguesa, traindo-a...esses deveriam ser castigados!
Uns andam por aí a descobrir "raízes" judaicas, outros "islâmicas", outros "africanas".Capelinhas e mais capelinhas para a fogueira da "divisão".Quem ganhou?Quem lucrou?Quem é que "avança"?
Safanões a tempo!Isto se não quiserem desaparecer do mapa...
Julgo que não erro muito ao dizer que hoje em dia o Judaísmo está muito mais aberto a receber no seu seio gente de todas as raças, ao abrigo da ideia de que podem fazer parte das tribos perdidas de Israel
Ora, os iranianos querem é ser o parceiro regional dos Estados Unidos. E estas coisas contra Israel são pura retórica para aumentarem a sua popularidade na região.
De qualquer forma acho altamente improvável que o protestantismo seja qualquer tipo de regresso ao judaísmo, até porque aliás constituiu em certa medida alguma recuperação de Santo Agostinho contra Tomás de Aquino.
Considero muito certeiras as distinções que o papa faz entre o judaismo e o cristianismo.
Porém, é falso que essas distinções tenham sido elaboradas pelo próprio Jesus (Cristo), o qual era, como hoje em dia está bem estabelecido, um judeu tal como os outros.
Essas distinções foram elaboradas e estabelecidas nos primeiros tempos do cristianismo, pelos primeiros cristãos (nomeadamente sob a influência de São Paulo), mas não pelo próprio Jesus.
Com toda a verosimilhança, Jesus ele próprio cumpriria escrupulosamente a lei judaica e, como todos os outros judeus, discriminaria entre judeus e gentios.
En français ::Pedro Arroja est le roi des cons ! champîon galactiquer de la connerie basse!
Un vrai vers de merde
Enviar um comentário