Bem, ó Joaquim, sabe, depois de ler para além da espuma do titulo da noticia, dei comigo a simpatizar com a ideia por detrás da medida. . Para mim, vale tudo, incluindo arrancar olhos, para limitar a actividade oligopolista dos hipermercados. Só quem nunca lidou com eles como fornecedor é que não percebe o poder desmensurado que têm. São uma espécie de Deus. Fazem tudo para pagar tarde, chantagear os produtores nacionais e, cereja em cima do bolo, dizimam as iniciativas locais de retalho nos diversos sectores. . Pior do que isso, vendem tomatinhos estrangeiros, os cabrões. . Rb
... eu, à noite, depois de uns copos, quase convenci uns investidores a abrir uma cadeia de supermercados só com produto nacional.
De repente, vira-se um deles e diz-me ó pá isso é mto bom, mas Ricciardi, catano, pá, isso quer dizer que depois de fazer as minhas compras tenho que ir ao modelo comprar um Blue Label? . Não pá, respondi-lhe. Compras Macieira meu, que é muito melhor ou Beirão se estiveres mais apaneleirado. . Rb
Pois são Joaquim. Quem mais? . Bem, olhe, agora posso dizer, que já passou muito tempo e já não tenho veleidades em ser outra; há uns bons anos atrás fui director de um clube futebol. Aquele que está mesmo atrás do benfica. Bom, nessa altura, o clube vivia num desespero financeiro. A mim cabia-me a tarefa mais ardua de todas. Visto de longe, agora, até tenho pena de mim prório. Num mês tinha que falar com os jogadores a ver se aceitavam receber metade do ordenado, no outro mês tnha de convencer os Oliveiras a adiantar a porra dos contratos de publicidade. Enfim, um trabalho dos diabos. . Parecido, em tudo, com o trabalho do primeiro-ministro. Trabalhar muito mas sem resultados frutuosos. O curto prazismo por cima da estratégia. . Uma das fontes de receita era com as licenças de exploração dos hipermercados e licenças de construção civil. Pois é. O sõ presidente da autarquia, fã incondicional do clube, lá me dizia, Ricciardi, vá ali falar com o fulano tal e insinue que a licença está pendente do patrocionio ao clube. Todos pagavam o preço justo. Mais do que o justo. E com toda a boa vontade. . Alguns até pagavam mais para ir mais além das imposições legais. Mais um piso, ou, no caso das grandes superficies, encurtar as limitações do perimetro urbano e licenciamento da actividade. A cidade podia sempre reduzir o perimetro. Daí existirem hipermercados dentro das cidades. . E quem paga isto, meu caro Joaquim? . O povo, claro. Ou o consumidor, nas suas palavras. E paga sempre, quer haja uma taxa quer não haja. . Rb
Não, joserui, eu sou absolutamente alérgico a impostos, principalmente os directos. Mas acho que o Preço a pagar pode ser uma boa ferramenta para implementar uma estratégia. Os liberais falam na penalização dos consumidores, eu falo na penalização dos negócios do meu bairro. Quer dizer, a ideologia liberal, como todas as ideologias, teoriza cenas optimas com saldos positivos para o planeta. Eu fico-me pelo meu próprio país, que sou mais básico. O consumidor portugues, esse ser abstracto, vai ser beneficiado porque vai pagar menos por um produto importado do Vietname. Mas o outro portugues, que é um ser real, vai deixar de ter emprego. Esse desemprego vai significar uma despesa adicional para os consumidores abstractos, através dos impostos, e que compram agora mais barato o produto. Portanto, dizimamos os pequenos retalhistas porque o consumidor deve ter direitos universais a um preço melhor (ainda que son regimes esclavagistas) e, ao mesmo tempo, pagamos aos pequenos para ficarem quietos dando-lhes subsidios de desemprego. . Com o tempo, a coisa mais obvia que acontece é simples: a oligopolía instituida gera preços incomparaveis. Não havendo concorrencia o consumidor abstracto paga o que lhe disserem para pagar. . Os produtores nacionais desesperam. As aguas engarrafadas já se vende a 11 centimos o litro. É esse o preço ou irradica-se as marcas da prateleira do hipermercado. A estratétegia é simples... forçam-se meia duzia de fornecedores de produtos apelativos e correntes a vender a preços vergonhosos e sem praticamente margem de lucro como chamariz para a clientela ir lá comprar e, ao mesmo tempo, levar outros produtos com margens de 200%. Rb
Carrefour deixa de cobrar IVA a clientes com mais de 65 anos.
A cadeia de hipermercados Carrefour vai deixar de cobrar IVA a clientes com mais de 65 anos. Este desconto será imediato e vai recair sobre produtos comprados no talho, peixaria, frutaria, padaria, charcutaria, pastelaria, refeições preparadas, ovos, legumes e queijos.
Ainda bem que já não temos o Carrefour entre nós...
"Só quem nunca lidou com eles como fornecedor é que não percebe o poder desmensurado que têm"
Num mercado pequeno como o português foi um erro muito grande deixar abrir tantos hipermercados. Portugal tem uma cadeia de fornecedores de alimentos totalmente oligopsonista e ninguem fala disso. Um dos principais problemas da balança comercial deriva daí.
13 comentários:
Sugiro IPA
Imposto sobre Produtos Alimentares
Bem, ó Joaquim, sabe, depois de ler para além da espuma do titulo da noticia, dei comigo a simpatizar com a ideia por detrás da medida.
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Para mim, vale tudo, incluindo arrancar olhos, para limitar a actividade oligopolista dos hipermercados. Só quem nunca lidou com eles como fornecedor é que não percebe o poder desmensurado que têm. São uma espécie de Deus. Fazem tudo para pagar tarde, chantagear os produtores nacionais e, cereja em cima do bolo, dizimam as iniciativas locais de retalho nos diversos sectores.
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Pior do que isso, vendem tomatinhos estrangeiros, os cabrões.
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Rb
... ora, um estabelecimento que vende tomatinhos estrangeiros, devia ser encerrado.
Rb
... eu, à noite, depois de uns copos, quase convenci uns investidores a abrir uma cadeia de supermercados só com produto nacional.
De repente, vira-se um deles e diz-me ó pá isso é mto bom, mas Ricciardi, catano, pá, isso quer dizer que depois de fazer as minhas compras tenho que ir ao modelo comprar um Blue Label?
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Não pá, respondi-lhe. Compras Macieira meu, que é muito melhor ou Beirão se estiveres mais apaneleirado.
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Rb
Caro RB,
Quem vai pagar são os consumidores.
Pois são Joaquim. Quem mais?
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Bem, olhe, agora posso dizer, que já passou muito tempo e já não tenho veleidades em ser outra; há uns bons anos atrás fui director de um clube futebol. Aquele que está mesmo atrás do benfica. Bom, nessa altura, o clube vivia num desespero financeiro. A mim cabia-me a tarefa mais ardua de todas. Visto de longe, agora, até tenho pena de mim prório. Num mês tinha que falar com os jogadores a ver se aceitavam receber metade do ordenado, no outro mês tnha de convencer os Oliveiras a adiantar a porra dos contratos de publicidade. Enfim, um trabalho dos diabos.
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Parecido, em tudo, com o trabalho do primeiro-ministro. Trabalhar muito mas sem resultados frutuosos. O curto prazismo por cima da estratégia.
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Uma das fontes de receita era com as licenças de exploração dos hipermercados e licenças de construção civil. Pois é. O sõ presidente da autarquia, fã incondicional do clube, lá me dizia, Ricciardi, vá ali falar com o fulano tal e insinue que a licença está pendente do patrocionio ao clube. Todos pagavam o preço justo. Mais do que o justo. E com toda a boa vontade.
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Alguns até pagavam mais para ir mais além das imposições legais. Mais um piso, ou, no caso das grandes superficies, encurtar as limitações do perimetro urbano e licenciamento da actividade. A cidade podia sempre reduzir o perimetro. Daí existirem hipermercados dentro das cidades.
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E quem paga isto, meu caro Joaquim?
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O povo, claro. Ou o consumidor, nas suas palavras. E paga sempre, quer haja uma taxa quer não haja.
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Rb
Caro RB, limitar o poder dos hipers é com mais impostos? Não há parança para esta gatunagem... só ao chapadão... -- JRF
Se o Governo diminui os impostos da Banca depois tem que ir busca-lo aos "pretos"
é a versão pós moderna do "comam croissants se não têm pão "..
Não, joserui, eu sou absolutamente alérgico a impostos, principalmente os directos. Mas acho que o Preço a pagar pode ser uma boa ferramenta para implementar uma estratégia. Os liberais falam na penalização dos consumidores, eu falo na penalização dos negócios do meu bairro. Quer dizer, a ideologia liberal, como todas as ideologias, teoriza cenas optimas com saldos positivos para o planeta. Eu fico-me pelo meu próprio país, que sou mais básico. O consumidor portugues, esse ser abstracto, vai ser beneficiado porque vai pagar menos por um produto importado do Vietname. Mas o outro portugues, que é um ser real, vai deixar de ter emprego. Esse desemprego vai significar uma despesa adicional para os consumidores abstractos, através dos impostos, e que compram agora mais barato o produto. Portanto, dizimamos os pequenos retalhistas porque o consumidor deve ter direitos universais a um preço melhor (ainda que son regimes esclavagistas) e, ao mesmo tempo, pagamos aos pequenos para ficarem quietos dando-lhes subsidios de desemprego.
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Com o tempo, a coisa mais obvia que acontece é simples: a oligopolía instituida gera preços incomparaveis. Não havendo concorrencia o consumidor abstracto paga o que lhe disserem para pagar.
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Os produtores nacionais desesperam. As aguas engarrafadas já se vende a 11 centimos o litro. É esse o preço ou irradica-se as marcas da prateleira do hipermercado. A estratétegia é simples... forçam-se meia duzia de fornecedores de produtos apelativos e correntes a vender a preços vergonhosos e sem praticamente margem de lucro como chamariz para a clientela ir lá comprar e, ao mesmo tempo, levar outros produtos com margens de 200%.
Rb
Eu penso que esta notícia diz tudo:
Carrefour deixa de cobrar IVA a clientes com mais de 65 anos.
A cadeia de hipermercados Carrefour vai deixar de cobrar IVA a clientes com mais de 65 anos.
Este desconto será imediato e vai recair sobre produtos comprados no talho, peixaria, frutaria, padaria, charcutaria, pastelaria, refeições preparadas, ovos, legumes e queijos.
Ainda bem que já não temos o Carrefour entre nós...
http://vivendi-pt.blogspot.com.br/2012/01/pingo-doce-ou-continente-escuta.html
Consumidores de todo o mundo, taxai-vos.
Irmãos, taxai-vos uns aos outros.
Os taixas vencerão.
"Só quem nunca lidou com eles como fornecedor é que não percebe o poder desmensurado que têm"
Num mercado pequeno como o português foi um erro muito grande deixar abrir tantos hipermercados. Portugal tem uma cadeia de fornecedores de alimentos totalmente oligopsonista e ninguem fala disso. Um dos principais problemas da balança comercial deriva daí.
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