A citação que faço no post anterior sobre o John Locke, considerado o pai do Liberalismo moderno, levanta três pontos interessantes.
Primeiro, confirma a ideia que tenho vindo a defender de que uma sociedade de cultura protestante é uma sociedade em que se cortaram os extremos - neste caso, os ateus e os católicos.
Segundo, a razão que Locke invoca para proibir os católicos - a saber, que são perigosos porque a sua lealdade é, em primeiro lugar, dirigida a um outro príncipe (o Papa) - mostra à evidência por que é que o catolicismo é a única e a verdadeira doutrina da liberdade. Se perante um abuso do Governo ou das leis do Estado, eu não tenho a liberdade de recorrer ao Papa e a Deus, então que liberdade me resta - a liberdade de me submeter ao abuso do Governo ou das Leis do Estado?
Terceiro, que o Papa é o símbolo da verdadeira Liberdade. Sem a liberdade para recorrer ao Papa ficamos com uma liberdade à John Locke, uma sociedade donde todos os católicos são excluídos e, portanto, não têm liberdade nenhuma e, quanto aos outros, ficam com a liberdade de obedecer às decisões do Governo e às leis do Estado, por mais injustas ou abusivas que sejam.
Isto devia dar que pensar aos liberais e aos democratas modernos. O símbolo da Liberdade - o Papa - não actua de forma democrática, mas de forma autoritária, e com uma autoridade que é suprema e absoluta. E que o liberalismo moderno é um liberalismo amputado porque nele não se tem, pelo menos, uma liberdade - a liberdade de apelar ao Papa.
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