Literalmente "tinker" significa funileiro. É aquele tipo que remenda utensílios de cozinha e que afia facas e tesouras. O termo "tinkering", muito utilizado no inglês corrente, significa remendar ou reparar de forma grosseira. Eu utilizo o "tinkering" no sentido um pouco mais lato de tentar resolver qualquer problema de forma desajeitada e temporária.
Não sei bem como traduzir este "tinkering"... a Isabel sugeriu-me engonhar, mas engonhar não transmite todo o sentido do termo. Sugeriu-me ainda atacoar que significa atamancar.
Não estou certo da melhor tradução possível, o que estou certo é de que:
"Our government has been tinkering with the financial crisis"... tem andado a tentar remendar os problemas, a atamancar ou atacoar, em vez cortar o mal pela raíz.
A queda da receita fiscal e a diminuição quase simbólica da despesa pública demonstram que os remendos não estão a resultar. O melhor é o funileiro amolar melhor a tesoura para cortar onde se tem de cortar e deixar-se das mezinhas que não estão a dar efeito nenhum.
"Stop tinkering, dammit"!
15 comentários:
desenrascar.
É outra boa sugestão, mas o tikering nem sempre desenrasca...
Excelente post.
Isto é mesmo um governo de funileiros. :)
Alguém se antecipou à minha sugestão- desenrascar, pois.
Entretanto, os meus parabéns ao Joaquim que operou milagres neste template.
Até o tipo de letra mudou. Está lindo e funciona.
Coisa que os alfaiates remendões não sabem fazer.
E não sabem porque nem são alfaiates, são rabecões.
Hola Zazie,
:-)
Joaquim
Joaquim,
Good tinkering with the blog.
PA
Dar um jeito e aquele que o faz é um jeitoso.
Um governo de jeitosos, Joaquim.
PA
Caro PA,
São uns jeitosos a tentar desenrascar a coisa.
Uma vez o Ribeiro Telles escreveu um texto muito bonito onde falava nesta questão em termos ecológicos.
O que precisávamos era de restauradores.
Restaurar, sim, é uma arte. É aproveitar o que de bom existiu no passado e torná-lo útil e funcional de novo.
Na minha terra natal há dez anos não havia piscinas públicas. Quem tinha dinheiro frequentava o health center de um hotel, que até tinha uma piscina muito boa, sempre com professor. Entretanto a câmara construiu e abriu as piscinas públicas. Empregou professores de educação física ou fisioterapeutas lá do sítio que estavam desempregados, e eram amigos de malta da câmara. Conheço-os e sei que num mercado de trabalho normal estavam tramados. São nulidades. Adiante. O health center, entretanto, fechou. Foram para o desemprego pelo menos seis pessoas. A população passou a frequentar as piscinas públicas, que eram muito mais baratas. Um euro por cada utilização na piscina pública. Cerca de 65 euros por mês no health center, com acesso a piscina e ginásio.
A autarquia também abriu uma biblioteca, construída de raiz, que está quase sempre vazia. Empregou mais gente.
Foi criada uma empresa municipal, que passou a fazer o que antes era feito pelos gabinetes da autarquia. Por lá estão muitos jovens licenciados que não teriam emprego cá fora. A maior parte licenciados em Direito com «conhecimentos» no PS e PSD locais.
Uma das novas funções da empresa municipal passou a ser a organização de eventos. Volta e meia a população é presenteada com um concerto do Tony Carreira, do Paulo Gonzo ou uma qualquer festa com um DJ português.
Antigamente, nos anos 70 e 80, havia um enormes salões de festas. Organizavam-se bailes e pertencia a três sócios, que conheço bem. Por lá passaram Marco Paulo, Dino Meira ou as Doce. Sendo festas de organização privada, pagava-se bilhete. Mas quando as autarquias começaram a pagar aos artistas, deixou de compensar. Para além disso, os cachets subiram bruscamente. As câmaras pagavam bem, muito bem, e os artistas não hesitaram e começaram a exigir exorbitâncias. O salão fechou em meados dos anos 90.
Neste momento, a câmara municipal em questão é uma das mais endividadas do país. Cerca de 18 000 habitantes para uma dívida que ronda os 150 milhões de euros. É dirigida há largos anos pelo PSD.
Agora, como se obriga um autarca a fechar uma empresa municipal e a despedir toda a gente que lá está? Depois, a despedir os excedentes dos gabinetes? De seguida, a entregar a privados ou a encerrar os serviços que antes eram feitos... por privados (e bem feitos)? Depois, a parar com as entregas de dinheiro aos caçadores, pescadores ou clubes de futebol? Agora, imaginem que todas as câmaras tomavam estas medidas. Quanto se pouparia?
Isto só lá vai com um governo de salvação nacional, mas precedido de muita sarrabulhada
Governo de Salvação? Com os mesmos que nos trouxeram até aqui?
Isto só lá vai correndo à vassourada a maioria dos iluminados que estão no PS, no PSD, no CDS e nas empresas do Regime, universidades ou poder local. Ah, e «ilegalizando» o PCP, o BE e as suas ramificações.
Governo de Salvação constituído por grandes personalidades, pessoas íntegras de carácter e independentes destes politiqueiros e associados que nos conduziram a isto.
Os jornais feitos com os políticos criam nos seus meios restritos um estado de sobreexcitação doentia que cada qual julga partilhado por todos os outros, e daí vem que dum canto da capital, por definição a cabeça do país, o mais reduzido grupo partidário convictamente julga falar em nome da Nação. Mas há interesses mais directos e palpáveis em jogo na actividade política, e o que é pior é que à medida que o poder se corrompe e que o interesse colectivo é sacrificado a interesses individuais, ao mundo político que espera e provoca as mutações governativas, junta-se o outro mundo ávido dos negócios. Na alta finança, nos bancos, no comércio de especulação nos grandes empreiteiros, entre os grandes fornecedores, mesmo no campo da produção propriamente dita, em ramos cuja vida depende em grande parte de actos governativos, existem já numerosos indivíduos a interessar-se activamente pela política dos partidos. A influência corrosiva da sua acção traz mais duma dificuldade grave à governação pública.
António de Oliveira Salazar, in 'Inéditos e Dispersos Políticos (1924)'
Restaurar Portugal precisa-se.E a primeira medida é mesmo acabar com o "eucaliptal" eleito e a sua árvore de interesses, profissionalizando outra vez o Estado.Depois descolonizar.Terceiro ensinar a técnica de produzir.
E meus voltar às "razões de Estado" que defenda o zé povinho de aventureiros chico espertos que compram poder numa de imitação dos prof Karamba...
lusitânea
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