31 março 2012

protecção

Nos últimos posts tenho utilizado a figura da minha mãe para desenvolver vários argumentos.

Ora, acontece que faz hoje exactamente quatro anos que a minha mãe faleceu. Ao evocar o acontecimento, eu não pretendo  gerar em ninguém uma atitude de "cara de enterro". É diferente o que me anima.

Aquilo a que pretendo responder é à questão seguinte: "Qual é o sentimento principal que uma mãe inspira, e ao qual todos os outros se resumem? Qual é o significado da mãe? Em síntese, o que é isso de ser mãe?"

Sucedeu que, nesse dia,  as primeiras palavras que eu escrevi após receber a notícia do falecimento da minha mãe, deixei-as registadas neste blogue. (Nessa altura eu escrevia em estrangeiro). Estão aqui: "Mãezinha, onde é que vais?".

Olhando para trás, à distância de quatro anos, porque é que eu escrevi aquilo, que sentimento espontâneo me terá inspirado para me exprimir daquela maneira?

Quando eu era criança, eu devo ter-lhe feito aquela pergunta centenas de vezes, presumo que sempre que ela saía de casa para tratar dos outros afazeres da sua vida. Por que é que eu haveria de querer saber  onde é que a minha mãe ia? Na realidade, aquilo que eu devia querer saber não era tanto onde é que ela ia e o que  ia fazer. O que eu devia querer saber é se ela voltava. Porque sem ela ao pé de mim faltava-me alguma coisa importante. E, agora, que ela partia definitivamente, essa mesma coisa iria faltar-me definitivamente. 

1 comentário:

Ricciardi disse...

Bem, olhe, acontece-me uma coisa curiosa. Há determinadas coisas que não são susceptíveis de serem explicadas ou compreendidas… surgem apenas no meu subconsciente, em fragmentos, em lampejos… nano-segundos de ilusão…
A sua existência, embora efémera, é fantástica… tanto quanto decepcionante é a tomada de consciência da sua inexistência… nano-segundos depois.
É simples, eu é que gosto de complicar, estou a referir-me ao meu pai… e da forma como intimamente penso, quando tenho algo de bom na vida para contar; o meu primeiro instinto, é partilhar com ele e contar-lhe… debalde.
Não sei quantos anos passaram… dois, três ou quatro… não quero saber… a saudade sente-se, não se mede com régua e esquadro… e eu vivo, dia-a-dia, sem ser capaz de medir ou contar o numero de nano-ilusões a que subconsciente já me habituou… todos juntos, os nano-lampejos,  somam uns miseráveis segundos… ainda assim, prefiro tê-los a não ter nada… são nano-segundos de ouro…

Rb