Não se compreende o interesse académico que pode ter para as matérias da Contabilidade e da Administração convidar um revolucionário profissional para proferir uma palestra. Mas em Coimbra - a Cidade do Conhecimento, segundo o placard colocado na auto-estrada - o Instituto Superior de Contabilidade e Administração decidiu convidar o coronel Otelo Saraiva de Carvalho para falar sobre "As Forças Armadas na Defesa da República e da Democracia Portuguesa" (aqui)
O coronel reiterou a sua tese da necessidade de um golpe militar em Portugal. Caso venha a acontecer, é de desejar que o coronel Otelo não esteja envolvido porque golpes de Estado com ele envolvido já se sabe no que dão. Dão nisto.
Mas foi de Coimbra também - sempre da Cidade do Conhecimento -, e da sua Universidade, embora desta vez da Faculdade de Economia, que há dois dias chegou um outro sinal sobre este tema. Foi quando o professor universitário Pacheco Pereira, com o investigador universitário Carvalho da Silva a assistir, afirmou com preocupação que as condições estavam reunidas para aparecer um novo Sidónio Pais. (aqui)
Na realidade, começam a ser cada vez mais numerosos os políticos profissionais que exprimem em público o seu medo de virem a ser alvos de um julgamento popular, eles que são acérrimos defensores da democracia. Alguns, como se vê, até começam a mudar de profissão. Porque é óbvio que a revolta popular de que fala o coronel Otelo é, em primeiro lugar, uma revolta e um julgamento contra a classe política e os políticos profissionais. Numa altura em que muitos portugueses estão a empobrecer, a verdade permanece de que não se conhece um político da era democrática que tenha empobrecido.
O mote para esta tendência defensiva da classe política foi dado por Mário Soares no seu livro "Um Político Assume-se". Não havia necessidade nenhuma de Mário Soares se assumir como político, porque toda a gente sabe que ele é um político. Mas o sinal mais recente foi dado pelo Presidente da República com as suas declarações sobre o ex-primeiro ministro José Sócrates. O Presidente já compreendeu os riscos que estão pela frente e resolveu, para se proteger, demarcar-se da classe política, em especial do PS e do PSD que são os dois partidos da governação da era democrática. Fê-lo agora em relação ao PS, apanhando-o numa posição de fragilidade. Fá-lo-à amanhã, ainda com maior vigor, em relação ao PSD.
O coronel reiterou a sua tese da necessidade de um golpe militar em Portugal. Caso venha a acontecer, é de desejar que o coronel Otelo não esteja envolvido porque golpes de Estado com ele envolvido já se sabe no que dão. Dão nisto.
Mas foi de Coimbra também - sempre da Cidade do Conhecimento -, e da sua Universidade, embora desta vez da Faculdade de Economia, que há dois dias chegou um outro sinal sobre este tema. Foi quando o professor universitário Pacheco Pereira, com o investigador universitário Carvalho da Silva a assistir, afirmou com preocupação que as condições estavam reunidas para aparecer um novo Sidónio Pais. (aqui)
Na realidade, começam a ser cada vez mais numerosos os políticos profissionais que exprimem em público o seu medo de virem a ser alvos de um julgamento popular, eles que são acérrimos defensores da democracia. Alguns, como se vê, até começam a mudar de profissão. Porque é óbvio que a revolta popular de que fala o coronel Otelo é, em primeiro lugar, uma revolta e um julgamento contra a classe política e os políticos profissionais. Numa altura em que muitos portugueses estão a empobrecer, a verdade permanece de que não se conhece um político da era democrática que tenha empobrecido.
O mote para esta tendência defensiva da classe política foi dado por Mário Soares no seu livro "Um Político Assume-se". Não havia necessidade nenhuma de Mário Soares se assumir como político, porque toda a gente sabe que ele é um político. Mas o sinal mais recente foi dado pelo Presidente da República com as suas declarações sobre o ex-primeiro ministro José Sócrates. O Presidente já compreendeu os riscos que estão pela frente e resolveu, para se proteger, demarcar-se da classe política, em especial do PS e do PSD que são os dois partidos da governação da era democrática. Fê-lo agora em relação ao PS, apanhando-o numa posição de fragilidade. Fá-lo-à amanhã, ainda com maior vigor, em relação ao PSD.
2 comentários:
Não conheço um único político em qualquer país, em qualquer regime político, em qualquer momento histórico que não tenha enriquecido no Poder.
Mas talvez o PA conheça...
Rui Silva
Parece-me que o Presidente da República, como chefe de estado, prestou um mau serviço à nação e a si próprio quando disse o que disse sobre Sócrates.
1º Não sendo defensora do dito, entendo que deve acusar-se sempre pela frente dando ao outro, por muito que custe, a possibilidade de se defender. O contrário é o disz que diz nos corredores que tanta desconfiança gera.
2º O cargo PR também é pedagógico e parece-me um péssimo exemplo criticar alguém depois, quando o devia ter feito antes, tanto mais que tinha poderes para isso. Por muito menos Jorge Sampaio demitiu Santana Lopes.
A mensagem que fica é que devemos proteger "as costas" em vez de nos responsabilizarmos pelos nossos actos. Por isso temos o país que temos
Maria Filomena Santos
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