Dar serviços de saúde gratuitos a todos é precisamente a ambição do Serviço Nacional de Saúde e do Estado-Providência ou social-democrata que nos governa desde há quase trinta anos. Mas, então, onde é que está a novidade do catolicismo?
Antes de responder, eu gostaria de voltar ao edifício católico, o edifício em cujo primeiro andar, que é o maior de todos e a base da pirâmide, está a dádiva, em cujo segundo andar, que é menor que o anterior, está a troca, e em cujo terceiro andar, que é o mais pequeno de todos, está a imposição ou o poder. E gostaria de voltar a este edifício para lhe propôr um pequeno exercício intelectual. Experimente inverter este edifício. A base do edifício passa a ser agora o seu andar mais estreito, o da imposição ou poder. Uma ventania e este edifício cai. Vê alguma relação com a situação actual em Portugal e, mais avançadamente, na Grécia?
Ora, este edifício invertido é precisamente a social-democracia resultante do pensamento luterano e germânico. O andar de base é o Estado, o segundo é o Mercado e só o terceiro é que é o do Amor. Se a doutrina católica é verdadeira - como eu julgo que é -, este edifício está de pernas para o ar, e ainda por cima assente no seu andar mais frágil, o do Estado, onde reinam as relações de poder ou imposição.
Eu estou agora em condições de voltar à questão inicial. A novidade - se é que se pode chamar assim - da solução católica à organização do sistema de saúde é que o faz assentar em relações de Amor - entendido em sentido lato de relações de amizade, de família, de vizinhança ou de mero conhecimento pessoal, e não no sentido estrito de amor romântico, embora também inclua este -, ao passo que a solução social-democrata assenta em relações de poder ou imposição.
A relação de amor é uma relação voluntária e livre, eu envolvo-me nela por minha vontade e no exercício da minha liberdade, ao passo que a relação de poder é uma relação imposta, contra a minha vontade e contra a minha liberdade. Eu aguento-a e suporto-a enquanto não me puder livrar dela. Mas que ninguém tenha dúvidas acerca disto: no dia em que eu me puder ver livre dela, eu não hesitarei um segundo.
A relação pessoal ou de amor, no sentido definido acima, é uma relação forte porque é baseada na liberdade de cada um, uma liberdade que até permite a cada um sair de uma relação e entrar noutra. A relação de poder, ao contrário, é uma relação muito fraca porque está baseada na imposição, que é o oposto da liberdade. Logo que possa, eu vou tirar-lhe o tapete. Chesterton tinha razão quando escreveu que o poder é a coisa mais débil deste mundo.
A doutrina social-democrata não é uma doutrina própria para governar uma comunidade humana. Ela não foi inventada em países católicos, é certo, mas na muito protestante Alemanha e aí, tal como nos países escandinavos, ela até parece desmentir esta afirmação. Mas desengane-se, porque a verdade acerca dela só pode ser provada num país católico, porque só um país católico pode levar a social-democracia ao extremo, ao excesso, ao exagero, ao abuso até, porque é aí que se vê a verdade.
São os países católicos, como Portugal, a Espanha ou a Itália, ou aparentados ao catolicismo, como a Grécia, que vão revelar a verdade acerca da viabilidade da social-democracia para governar uma comunidade humana, porque só estes países são capazes de levar a social-democracia ao exagero, nunca os países protestantes. E os sinais que estes países estão a emitir, com a Grécia à frente de todos e Portugal logo a seguir, apontam para um conclusivo não.
Antes de responder, eu gostaria de voltar ao edifício católico, o edifício em cujo primeiro andar, que é o maior de todos e a base da pirâmide, está a dádiva, em cujo segundo andar, que é menor que o anterior, está a troca, e em cujo terceiro andar, que é o mais pequeno de todos, está a imposição ou o poder. E gostaria de voltar a este edifício para lhe propôr um pequeno exercício intelectual. Experimente inverter este edifício. A base do edifício passa a ser agora o seu andar mais estreito, o da imposição ou poder. Uma ventania e este edifício cai. Vê alguma relação com a situação actual em Portugal e, mais avançadamente, na Grécia?
Ora, este edifício invertido é precisamente a social-democracia resultante do pensamento luterano e germânico. O andar de base é o Estado, o segundo é o Mercado e só o terceiro é que é o do Amor. Se a doutrina católica é verdadeira - como eu julgo que é -, este edifício está de pernas para o ar, e ainda por cima assente no seu andar mais frágil, o do Estado, onde reinam as relações de poder ou imposição.
Eu estou agora em condições de voltar à questão inicial. A novidade - se é que se pode chamar assim - da solução católica à organização do sistema de saúde é que o faz assentar em relações de Amor - entendido em sentido lato de relações de amizade, de família, de vizinhança ou de mero conhecimento pessoal, e não no sentido estrito de amor romântico, embora também inclua este -, ao passo que a solução social-democrata assenta em relações de poder ou imposição.
A relação de amor é uma relação voluntária e livre, eu envolvo-me nela por minha vontade e no exercício da minha liberdade, ao passo que a relação de poder é uma relação imposta, contra a minha vontade e contra a minha liberdade. Eu aguento-a e suporto-a enquanto não me puder livrar dela. Mas que ninguém tenha dúvidas acerca disto: no dia em que eu me puder ver livre dela, eu não hesitarei um segundo.
A relação pessoal ou de amor, no sentido definido acima, é uma relação forte porque é baseada na liberdade de cada um, uma liberdade que até permite a cada um sair de uma relação e entrar noutra. A relação de poder, ao contrário, é uma relação muito fraca porque está baseada na imposição, que é o oposto da liberdade. Logo que possa, eu vou tirar-lhe o tapete. Chesterton tinha razão quando escreveu que o poder é a coisa mais débil deste mundo.
A doutrina social-democrata não é uma doutrina própria para governar uma comunidade humana. Ela não foi inventada em países católicos, é certo, mas na muito protestante Alemanha e aí, tal como nos países escandinavos, ela até parece desmentir esta afirmação. Mas desengane-se, porque a verdade acerca dela só pode ser provada num país católico, porque só um país católico pode levar a social-democracia ao extremo, ao excesso, ao exagero, ao abuso até, porque é aí que se vê a verdade.
São os países católicos, como Portugal, a Espanha ou a Itália, ou aparentados ao catolicismo, como a Grécia, que vão revelar a verdade acerca da viabilidade da social-democracia para governar uma comunidade humana, porque só estes países são capazes de levar a social-democracia ao exagero, nunca os países protestantes. E os sinais que estes países estão a emitir, com a Grécia à frente de todos e Portugal logo a seguir, apontam para um conclusivo não.
E, agora, uma profecia. Prepare-se, porque o edifício vai cair, o tal que está de pernas para o ar e assente sobre o seu andar mais estreito e que é também o mais débil. A ventania já chegou à Grécia e começa a fazer sentir-se em Portugal.
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