A transcrição que fiz abaixo de um artigo do Chesterton, onde ele se refere à emergência do fascismo italiano, remete directamente para a actualidade portuguesa e para um tema que fez recentemente as manchetes dos jornais - a pertença de políticos a lojas maçónicas.
O debate que se seguiu, como é normal num país com a tradição católica de Portugal, fez emergir todos os argumentos possíveis e imaginários acerca do assunto, metade favoráveis e a outra metade desfavoráveis, e, assim, como é costume, fez desaparecer a verdade no meio da mais completa confusão.
Eu gostaria de tocar aqui três pontos que me parecem decisivos.
A primeira questão é a de saber se é ou não próprio que um político pertença a uma organização secreta. A forma como a questão foi posta nos jornais e na televisão - a saber, se os políticos têm ou não o direito de ser maçons -, deixava antever a resposta, da mesma forma que se se pusesse a questão de saber se eles têm ou não o direito de matar, a resposta seria a mesma - Sim. Direito, eles têm. Mas não devem. A questão não pode ser posta em termos de direitos - porque direito, eu tenho direito a tudo, a matar, a ser rico, a ser santo, a ser mendigo, a ser maçon, etc. -, mas em termos de deveres. E, posta desta maneira, a resposta não pode senão ser um conclusivo Não.
Os políticos democráticos assumiram com o povo um compromisso, que é o de prosseguirem a vontade e os interesses do povo, quaisquer que eles sejam. Devem ao povo o dever de lealdade e de transparência, que permita ao povo estar certo que eles prosseguem a vontade e os interesses do povo, que são interesses gerais, e que não usam o mandato que o povo lhes deu para prosseguirem interesses privados, ainda por cima obscuros, como são os interesses prosseguidos por organizações possuindo uma grande tradição de secretismo, como é a Maçonaria. Não se pode servir ao mesmo tempo a dois senhores.
A segunda questão é a de saber se os políticos devem ou não ser forçados por lei a declarar a sua pertença a organizações secretas. Também aqui as opiniões se dividiram, uns argumentando que sim, outro argumentando que não. A questão também aqui foi mal colocada, porque posta nos termos da cultura protestante que nás últimas décadas tomou conta do espírito dos portugueses, e que põe todas as questões em termos legais, como se a lei fosse o instrumento mais adequado, na realidade, o único instrumento, para chegar à verdade.
Na realidade, não é. Trata-se de um instrumento muito imperfeito, porque cada um dá à lei a interpretação que muito bem entende, como a história do protestantismo demonstra com as suas múltiplas interpretações da Lei (Escrituras). É por isso, que o catolicismo não toma a Lei (Escrituras) como a única fonte da verdade, mas põe ao seu lado um outro instrumento para chegar à Verdade que é muito mais poderoso - a Tradição. E segundo a tradição, o que é que aconteceu às democracias em que os políticos faziam parte de organizações secretas? Leia de novo a passagem do Chesterton que citei abaixo e essa leitura dar-lhe-à um sinal acerca da verdade sobre esta questão.
No fim, os políticos devem ou não ser forçados por lei a declararem que pertencem à Maçonaria? Não devem nem deixam de dever. Aquilo que os políticos devem é não pertencer à Maçonaria de todo.
Finalmente, o debate público sobre esta questão, chamou-me a atenção para um outro aspecto. Quando foi necessário invocar um cânone, um padrão que permitisse dirimir os argumentos em disputa, foi à Igreja Católica que ele se foi buscar. E comparou-se a Maçonaria a organizações da Igreja, em particular o Opus Dei. Quando, finalmente, a poeira assentou, eu julgo ter ficado no espírito do público a ideia que o Opus Dei é uma organização secreta como a Maçonaria, e que o secretismo da Maçonaria passava assim a estar legitimado.
O Opus Dei uma organização secreta? Como assim? Até tem um gabinete de imprensa. Na realidade, o director do gabinete de imprensa do Opus Dei é um leitor regular e fidelíssimo deste blogue. Está aqui. Se quiser saber sobre o Opus Dei, entre em contacto. E agora, quanto à Grande Loja Simbólica de Portugal ou à Casa Real dos Pedreiros Livres da Lusitânia, se eu os quiser contactar para saber notícias do Grande Arquitecto, como é que faço?
O debate que se seguiu, como é normal num país com a tradição católica de Portugal, fez emergir todos os argumentos possíveis e imaginários acerca do assunto, metade favoráveis e a outra metade desfavoráveis, e, assim, como é costume, fez desaparecer a verdade no meio da mais completa confusão.
Eu gostaria de tocar aqui três pontos que me parecem decisivos.
A primeira questão é a de saber se é ou não próprio que um político pertença a uma organização secreta. A forma como a questão foi posta nos jornais e na televisão - a saber, se os políticos têm ou não o direito de ser maçons -, deixava antever a resposta, da mesma forma que se se pusesse a questão de saber se eles têm ou não o direito de matar, a resposta seria a mesma - Sim. Direito, eles têm. Mas não devem. A questão não pode ser posta em termos de direitos - porque direito, eu tenho direito a tudo, a matar, a ser rico, a ser santo, a ser mendigo, a ser maçon, etc. -, mas em termos de deveres. E, posta desta maneira, a resposta não pode senão ser um conclusivo Não.
Os políticos democráticos assumiram com o povo um compromisso, que é o de prosseguirem a vontade e os interesses do povo, quaisquer que eles sejam. Devem ao povo o dever de lealdade e de transparência, que permita ao povo estar certo que eles prosseguem a vontade e os interesses do povo, que são interesses gerais, e que não usam o mandato que o povo lhes deu para prosseguirem interesses privados, ainda por cima obscuros, como são os interesses prosseguidos por organizações possuindo uma grande tradição de secretismo, como é a Maçonaria. Não se pode servir ao mesmo tempo a dois senhores.
A segunda questão é a de saber se os políticos devem ou não ser forçados por lei a declarar a sua pertença a organizações secretas. Também aqui as opiniões se dividiram, uns argumentando que sim, outro argumentando que não. A questão também aqui foi mal colocada, porque posta nos termos da cultura protestante que nás últimas décadas tomou conta do espírito dos portugueses, e que põe todas as questões em termos legais, como se a lei fosse o instrumento mais adequado, na realidade, o único instrumento, para chegar à verdade.
Na realidade, não é. Trata-se de um instrumento muito imperfeito, porque cada um dá à lei a interpretação que muito bem entende, como a história do protestantismo demonstra com as suas múltiplas interpretações da Lei (Escrituras). É por isso, que o catolicismo não toma a Lei (Escrituras) como a única fonte da verdade, mas põe ao seu lado um outro instrumento para chegar à Verdade que é muito mais poderoso - a Tradição. E segundo a tradição, o que é que aconteceu às democracias em que os políticos faziam parte de organizações secretas? Leia de novo a passagem do Chesterton que citei abaixo e essa leitura dar-lhe-à um sinal acerca da verdade sobre esta questão.
No fim, os políticos devem ou não ser forçados por lei a declararem que pertencem à Maçonaria? Não devem nem deixam de dever. Aquilo que os políticos devem é não pertencer à Maçonaria de todo.
Finalmente, o debate público sobre esta questão, chamou-me a atenção para um outro aspecto. Quando foi necessário invocar um cânone, um padrão que permitisse dirimir os argumentos em disputa, foi à Igreja Católica que ele se foi buscar. E comparou-se a Maçonaria a organizações da Igreja, em particular o Opus Dei. Quando, finalmente, a poeira assentou, eu julgo ter ficado no espírito do público a ideia que o Opus Dei é uma organização secreta como a Maçonaria, e que o secretismo da Maçonaria passava assim a estar legitimado.
O Opus Dei uma organização secreta? Como assim? Até tem um gabinete de imprensa. Na realidade, o director do gabinete de imprensa do Opus Dei é um leitor regular e fidelíssimo deste blogue. Está aqui. Se quiser saber sobre o Opus Dei, entre em contacto. E agora, quanto à Grande Loja Simbólica de Portugal ou à Casa Real dos Pedreiros Livres da Lusitânia, se eu os quiser contactar para saber notícias do Grande Arquitecto, como é que faço?
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