É claro que Paul Krugman tem razão quando afirma que um corte generalizado nos salários em Portugal, da ordem dos 30%, resolveria para já as causas da crise económica em que estamos mergulhados.
A crise é motivada pela falta de competitividade externa da economia portuguesa, reflectindo-se num défice permanentemente elevado da Balança de Transacções Correntes (BTC). Um corte de 30% nos salários faria baixar os preços dos produtos portugueses vendidos lá fora, aumentando as exportações, e também o preço dos produtos portugueses vendidos cá dentro, reduzindo as importações, desta forma diminuindo - eventualmente anulando - o défice externo. Não haveria mais necessidade de recorrer a empréstimos externos.
O problema é que essa dificilmente seria uma solução aceitável pelos portugueses. Pois se até o corte nos subsídios da função pública, motivou logo que várias instituições do sector público - que deviam dar o exemplo de espírito público -, desatassem a inventar razões para se eximirem aos cortes, que reacções seriam de esperar de uma decisão do governo que fizesse baixar os salários de todos os portugueses em 30%, no sector público e no sector privado?
É aqui que a irrelevância de Krugman em contribuir para uma solução dos problemas portugueses transparece. Ele não conhece Portugal, senão através dos jornais e de cá vir uma ou duas vezes. E, certamente, ele não conhece os portugueses. Numa palavra, ele não conhece a cultura. E, por isso, ele fala como se estivesse na América e a falar para americanos. E na América eu estou a ver a possibilidade de, perante uma situação económica de emergência como aquela que vive Portugal, se gerar um consenso entre os americanos que levasse à aceitação generalizada de um corte de 30% nos salários.
A crise é motivada pela falta de competitividade externa da economia portuguesa, reflectindo-se num défice permanentemente elevado da Balança de Transacções Correntes (BTC). Um corte de 30% nos salários faria baixar os preços dos produtos portugueses vendidos lá fora, aumentando as exportações, e também o preço dos produtos portugueses vendidos cá dentro, reduzindo as importações, desta forma diminuindo - eventualmente anulando - o défice externo. Não haveria mais necessidade de recorrer a empréstimos externos.
O problema é que essa dificilmente seria uma solução aceitável pelos portugueses. Pois se até o corte nos subsídios da função pública, motivou logo que várias instituições do sector público - que deviam dar o exemplo de espírito público -, desatassem a inventar razões para se eximirem aos cortes, que reacções seriam de esperar de uma decisão do governo que fizesse baixar os salários de todos os portugueses em 30%, no sector público e no sector privado?
É aqui que a irrelevância de Krugman em contribuir para uma solução dos problemas portugueses transparece. Ele não conhece Portugal, senão através dos jornais e de cá vir uma ou duas vezes. E, certamente, ele não conhece os portugueses. Numa palavra, ele não conhece a cultura. E, por isso, ele fala como se estivesse na América e a falar para americanos. E na América eu estou a ver a possibilidade de, perante uma situação económica de emergência como aquela que vive Portugal, se gerar um consenso entre os americanos que levasse à aceitação generalizada de um corte de 30% nos salários.
Na América existe de forma generalizada o chamado espírito público, que é o espírito que leva as pessoas a aceitarem sacrifícios pessoais em nome do bem comum. Em Portugal também existem pessoas assim, mas são poucas, são casos extremos. Para além de existirem também aquelas que são o exacto oposto, pessoas que não estariam dispostas a sacrificar um cêntimo que seja em prol do bem comum, existem depois todos os graus intermédios. Perante esta variância, seriam numerosos os grupos de interesses que se iriam levantar - alguns provavelmente em armas - contra esta medida.
Que as universidades portugueses queiram dar um doutoramento honoris causa ao economista Paul Krugman é uma decisão que se compreende. Já pretender fazer dele o economista destinado a apontar as soluções para resolver a crise económica portuguesa é a maior das fantasias, pela simples razão de que ele não conhece Portugal nem, principalmente, os portugueses.
A verdade não está no exterior, como pretende o pensamento protestante e moderno - embora também esteja aí. É este preconceito que levou académicos e jornalistas a ficarem embasbacados com a conferência do Paul Krugman. É ainda este preconceito que levou os panelistas do Expresso, com excepção de Medina Carreira a sugerir que as soluções para os problemas económicos portugueses são os cronistas estrangeiros e as publicações estrangeiras que as possuem.
Que as universidades portugueses queiram dar um doutoramento honoris causa ao economista Paul Krugman é uma decisão que se compreende. Já pretender fazer dele o economista destinado a apontar as soluções para resolver a crise económica portuguesa é a maior das fantasias, pela simples razão de que ele não conhece Portugal nem, principalmente, os portugueses.
A verdade não está no exterior, como pretende o pensamento protestante e moderno - embora também esteja aí. É este preconceito que levou académicos e jornalistas a ficarem embasbacados com a conferência do Paul Krugman. É ainda este preconceito que levou os panelistas do Expresso, com excepção de Medina Carreira a sugerir que as soluções para os problemas económicos portugueses são os cronistas estrangeiros e as publicações estrangeiras que as possuem.
A verdade não está no exterior, embora também esteja aí. A verdade está, em primeiro lugar, no interior, está em nós, os portugueses, porque somos nós que conhecemos melhor - porque a vivemos diariamente -, a realidade das coisas, a começar pelo próprios portugueses E eu garanto que se não forem os portugueses - alguns portugueses, bem entendido -, a encontrar as soluções para os problemas económicos do país, não é nenhum estrangeiro - o Paul Krugman, os membros da troika, os alemães ou os economistas do FMI - que a vão encontrar.
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