22 janeiro 2012

O Rei

Portugal é um país de cultura católica.

Nesta fase de crise nacional, onde tudo ameaça ruir, desde o sistema político ao sistema económico, qual o regime político (ou económico) que a Igreja ou a doutrina Católica teria para recomendar? Todos, todos os que existem no mundo e mais aqueles que entretanto possam ser inventados. Mas nenhum em particular.

A respostas parece excessivamente vaga. Todos e nenhum. Todos porque o catolicismo é uma filosofia de tudo, considera que em tudo, todas as pessoas, todas as coisas, todas as obras humanas, sejam elas físicas ou do intelecto - como por exemplo, um regime político -, existe um toque (graça) de Deus. Nenhum em particular, porque todas as pessoas são diferentes, todas as comunidades humanas são diferentes umas das outras - o personalismo católico - e, portanto não existe um regime político (ou económico) único que sirva igualmente a todas.

Aquilo que a Igreja nos recomendaria é que olhássemos para dentro de nós próprios, enquanto comunidade com características únicas e distintivas - a comunidade dos portugueses -, em lugar de andar por aí a imitar os outros, e víssemos quais eram verdadeiramente as nossas tradições: "As vossas tradições estão na vossa história.Vejam a vossa história que já tem quase 900 anos, vejam qual o regime político sob o qual conseguiram tirar melhor partido de vós próprios, aquele sob o qual tenham conseguido os maiores feitos e o maior bem-estar para todos e até, talvez, tenham sido a admiração do mundo. Escolham esse regime e, depois, adaptem-no às condições da vida moderna".

Seria assim. E fica assim também respondida a questão que desde há vários dias deixei em suspenso. Quem, em Portugal, deve escolher o primeiro-ministro? O povo? Não. Um conselho de sábios? Também não. A Tradição? Sim. E o que é que isso significa?

O Rei. Se ele próprio quiser ter funções executivas, será ele o primeiro-ministro. Caso contrário, designa outro.

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