Portugal, e todos os países de tradição católica, têm uma tendência nata para desenvolverem défices na sua Balança Comercial, porque são ávidos importadores e maus exportadores. Na realidade, este é hoje o problema crucial dos PIGS, e a origem de todos os outros problemas. À tendência cultural para desenvolverem défices comerciais - comprando ao estrangeiro mais do que para lá vendem - juntou-se, nos últimos anos, uma moeda sobrevalorizada - o Euro -, que os encoraja ainda mais a importar (como se eles precisassem de ser encorajados para isso...), e os desencoraja ainda mais a exportar (como se eles já não se desencorajassem a si próprios...) - uma combinação, em que, literalmente, se junta a fome com a vontade de comer.
Portugal acabará por sair do Euro, e o mesmo vai acontecer a todos os outros PIGS. A Grécia, para dar o exemplo, parece estar mesmo à beira, e Portugal aparece em segundo lugar na rampa de lançamento. A saída do Euro representa a medida mais necessária e imediata para resolver o problema da Balança Comercial, tornando as importações mais caras e as exportações mais baratas. Mas não basta nem resolve tudo porque, mesmo sem Euro, fica a cultura católica a encorajar os portugueses a importarem mais do que aquilo que exportam. Medidas adicionais são necessárias, e num post anterior argumentei que o Estado vai ter de impôr restricções às importações e fomentar as exportações.
Quais exportações? Qual a indústria ou indústrias exportadoras que devem ser a prioridade da política pública para reduzir o défice comercial e eventualmente convertê-lo num excedente - o excedente que finalmente permitirá a Portugal começar a pagar as dívidas que agora tem? A resposta parece óbvia. Se os portugueses são maus a exportar, isto é, a levar os seus produtos ao estrangeiro, então que sejam os estrangeiros a vir a Portugal consumir os produtos portugueses. A indústria exportadora por excelência de um país de tradição católica é o Turismo.
A principal atracção de Portugal como destino turístico já foi identificada no post anterior, e tem poucos concorrentes à altura. São eles os outros velhos países genuinamente católicos (Espanha e Itália) e também a Grécia, cuja tradição ortodoxa é irmã do catolicismo - em suma, são os outros PIGS.
Essa atracção é Portugal ser um dos raros países do mundo - e talvez o mais pequeno - que contém o próprio mundo. "Diga o que quer do mundo. Isso arranja-se em Portugal", poderia ser o slogan.
Sem comentários:
Enviar um comentário