"A Ética Protestante goza de um estatuto quase sagrado entre os sociólogos, mesmo se os historiadores económicos rapidamente invalidaram a monografia surpreendentemente não-documentada de Weber, sob o argumento irrefutável de que o desenvolvimento do capitalismo precedeu a Reforma Protestante.
Assim, Hugh Trevor Ropper explicou que «a ideia de que os capitalismo industrial de larga escala era ideologicamente impossível antes da Reforma é negada pelo simples facto de que ele já existia. Apenas uma década após a publicação de Max Weber, o célebre Henri Pirenne, inventariou uma vasta literatura que «estabelecia o facto de que todos os aspectos essenciais do capitalismo - iniciativa individual, avanços no crédito, lucros comerciais, especulação, etc. - se podem encontrar a partir do século XII nas cidades-república da Itália - Veneza, Génova e Florença.
Uma geração mais tarde, o igualmente célebre Ferdinand Braudel lamentou-se que "todos os historiadores se têm oposto a esta ténue teoria (a Ética Protestante, de Weber), embora não tenham conseguido libertar-se dela de uma vez por todas. Ela é claramente falsa. Os países do norte apenas tomaram o lugar que antes tinha sido longa e brilhantemente ocupado pelos antigos centros capitalistas do Mediterrâneo. Eles não inventaram nada, quer em tecnologia, quer em técnicas de gestão».
Mais ainda, durante o seu período crítico de desenvolvoimento económico, os centros do capitalismo no norte da Europa eram católicos, não protestantes. A Reforma religiosa ainda estava muito distante."
(Rodney Stark, The Victory of Reason - How Christianity Led to Freedom, Capitalism and Western Success, New York, Random House, 2005, pp. xi, xii)
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