12 janeiro 2012

coisas pequenas

Portugal não é um país de tecnologistas, afirmei num post anterior. Esta é uma afirmação genérica, que não significa que Portugal não tenha os seus tecnologistas. Claro que tem. Portugal é um país distintamente católico, universal, e portanto tem tudo. Também tem tecnologistas, só que eles não fazem massa.

Foi citado como exemplo, numa caixa de comentários, o sector da produção de canoas. Não custa acreditar que Portugal seja portador de uma tecnologia de ponta neste sector porque corresponde a uma longa tradição de séculos. Os portugueses sabem construir barcos, fazem-no hás muitos séculos.

Eu tenho assistido com algum desalento ao fecho, ou ameaça de fecho, de estaleiros navais espalhados um pouco por todo o país. Portugal vai mudar de vida em breve e a mudança será radical. Os portugueses vão ter de fazer apelo novamente aquilo que de melhor existe neles e isso significa voltar aquilo que está dentro das suas tradições. Ora, uma das indústrias onde os portugueses têm uma enorme tradição é a da construcção naval. Nós vamos ter necessidade em breve, outra vez, desses estaleiros que estão agora a ser fechados.

O ponto que eu pretendia fazer neste post é, porém, diferente, e retoma o primeiro parágrafo. Um país de tradição católica, como Portugal, tem representado em si tudo aquilo que há no mundo. Procure, que existe lá. Mas para que seja assim, para que tudo aquilo que há no mundo, esteja representado num só país, então as coisas têm de ser necessariamente pequenas. E isto é tanto mais assim quanto mais pequeno fôr o próprio país. Nós temos tecnologia de ponta mas o sector é pequeno. Nós também temos neve, mas o lugar onde ela existe é pequeno. Também temos quedas de água, mas não do tamanho das cataratas do Niagara.

Portugal é um país de coisas pequenas e é a fazer coisas pequenas, e em ambientes pequenos ou informais, que os portugueses são melhores. Esta é a nossa tradição. A mania das grandezas é fatal na nossa cultura. Sai sempre mal.

Sem comentários: