"The only way to bring about any of these changes is for the people to speak, and to speak clearly. Protests do a world of good (...) The most encouraging part is that truth is on the side of liberty. Prosperity and social well being are never a consequence of government's running the economy or regulating personal behaviour. Our goals can only be achieved with a society that respects and equally protects the rights of every human being, old and young, rich and poor, regardless of gender, color, race or creed. We must reject the initation of violence by individuals or governments are morally outrageous.", Ron Paul (em "End the FED").
Há algum tempo que sigo Ron Paul e considero-o, a larga distância de todos os outros, o mais cativante, o mais interessante, o mais desafiante personagem político da América. E a verdade é que, depois de uma carreira política que já leva quase 40 anos, Ron Paul, finalmente, começa a merecer a credibilidade que o pensamento "mainstream" lhe tentou negar décadas a fio. De lunático passou agora para os lugares cimeiros das sondagens relativas às primárias que o Partido Republicano, em breve, organizará, a fim de escolher o seu candidato às Presidenciais norte-americanas de 2012.
Paul, médico ginecologista de formação, começou a sua carreira política ligado às correntes libertárias. Hoje, por questões tácticas de elegibilidade, está encostado ao Partido Republicano, mas, apesar de tudo, diferenciando-se marcadamente do pensamento "mainstream" daquele partido, sendo que não é de excluir a sua candidatura independente caso perca as primárias. Em Ron Paul, há duas linhas de pensamento que o caracterizam: a) uma oposição férrea ao intervencionismo estatal, em defesa das liberdades individuais e b) uma oposição ainda mais férrea ao sistema de papel moeda, corporizado nos bancos centrais, e ao sistema bancário de reservas fraccionadas.
Ora, em 2008 e 2009, eu escrevi abundantemente acerca da origem da crise bancária que depois resultou na crise soberana. Por diversas ocasiões, defendi que o início da crise esteve na abolição do sistema de Bretton Woods em 1971, tal como Ron Paul defende. É uma tese que mantenho, de forma cada vez mais convicta, embora hoje, ao contrário de então, não vislumbre qualquer hipótese (a oportunidade perdeu-se) de se poder regressar a um sistema padrão-ouro ou afim. A fuga para a frente é aquilo que sucederá porquanto a desalavancagem, associada a um regime monetário assente numa base tangível, seria de tal ordem acentuada (tal como foi acentuada a euforia dos últimos 40 anos...) que nem a população o suportaria nem os interesses partidários o permitiriam. É que não o esqueçamos: sem a capacidade de imprimir dinheiro e conceder crédito "out of thin air", como Paul gosta de frisar, os políticos perderiam boa parte do seu indevido poder e as populações boa parte das suas desmesuradas ilusões.
É neste enquadramento que Ron Paul aparece como alguém que representa algo verdadeiramente diferente. Sobretudo à medida que cresce a animosidade contra o poder do Estado, contra os interesses público-privados e também contra a incapacidade de auto-regulação da política. Pelo contrário, em face de tudo aquilo, cresce o apoio à alternativa, às ideias, até aqui tidas como radicais e utópicas de alguns como Ron Paul. No mundo ocidental, as pessoas estão a deixar de acreditar no paradigma actual da política, mas não deixaram, nem (acredito eu) vão deixar, de acreditar na liberdade. É por isso que na América um crescente número de pessoas, nas quais eu me incluiria se fosse norte-americano, estão dispostas a dar a oportunidade a uma alternativa que seja verdadeiramente uma alternativa ao enquadramento que nos trouxe até aqui.
Ora, dito isto, devo também dizer que, no presente, não acredito na viabilidade de se regressar ao padrão ouro; à austeridade orçamental que actualmente é necessária, para regressar a uma trajectória saudável e sustentável, será necessário juntar-lhe alguma indisciplina monetária antes de, também, esta poder ser invertida. Mas acredito e muito na necessidade de devolver às pessoas a primazia que o Estado, mesmo que democraticamente, ganhou sobre o Indivíduo. Acredito na obrigatoriedade de rever (e reduzir drasticamente) o papel e a presença do Estado na nossa sociedade, remetendo-o essencialmente, na tradição libertária, para o domínio da Justiça enquanto zelador do cumprimento de contratos livremente estabelecidos. Considero crucial a eliminação da cobertura e relação institucional que o Estado concede ao "Big Business", eliminando o "too big to fail". E, por fim, penso ser indispensável que a política se torne executante da vontade popular e descentralizada dos eleitores, para a qual toda a transparência democrática e toda a relação directa entre eleitor e eleito serão necessárias. Contudo, e é aqui que reside o grande "appeal" de Ron Paul, só alguém fora do "mainstream" partidário, cá como lá, é que será capaz de assegurar tais desígnios.
Há algum tempo que sigo Ron Paul e considero-o, a larga distância de todos os outros, o mais cativante, o mais interessante, o mais desafiante personagem político da América. E a verdade é que, depois de uma carreira política que já leva quase 40 anos, Ron Paul, finalmente, começa a merecer a credibilidade que o pensamento "mainstream" lhe tentou negar décadas a fio. De lunático passou agora para os lugares cimeiros das sondagens relativas às primárias que o Partido Republicano, em breve, organizará, a fim de escolher o seu candidato às Presidenciais norte-americanas de 2012.
Paul, médico ginecologista de formação, começou a sua carreira política ligado às correntes libertárias. Hoje, por questões tácticas de elegibilidade, está encostado ao Partido Republicano, mas, apesar de tudo, diferenciando-se marcadamente do pensamento "mainstream" daquele partido, sendo que não é de excluir a sua candidatura independente caso perca as primárias. Em Ron Paul, há duas linhas de pensamento que o caracterizam: a) uma oposição férrea ao intervencionismo estatal, em defesa das liberdades individuais e b) uma oposição ainda mais férrea ao sistema de papel moeda, corporizado nos bancos centrais, e ao sistema bancário de reservas fraccionadas.
Ora, em 2008 e 2009, eu escrevi abundantemente acerca da origem da crise bancária que depois resultou na crise soberana. Por diversas ocasiões, defendi que o início da crise esteve na abolição do sistema de Bretton Woods em 1971, tal como Ron Paul defende. É uma tese que mantenho, de forma cada vez mais convicta, embora hoje, ao contrário de então, não vislumbre qualquer hipótese (a oportunidade perdeu-se) de se poder regressar a um sistema padrão-ouro ou afim. A fuga para a frente é aquilo que sucederá porquanto a desalavancagem, associada a um regime monetário assente numa base tangível, seria de tal ordem acentuada (tal como foi acentuada a euforia dos últimos 40 anos...) que nem a população o suportaria nem os interesses partidários o permitiriam. É que não o esqueçamos: sem a capacidade de imprimir dinheiro e conceder crédito "out of thin air", como Paul gosta de frisar, os políticos perderiam boa parte do seu indevido poder e as populações boa parte das suas desmesuradas ilusões.
É neste enquadramento que Ron Paul aparece como alguém que representa algo verdadeiramente diferente. Sobretudo à medida que cresce a animosidade contra o poder do Estado, contra os interesses público-privados e também contra a incapacidade de auto-regulação da política. Pelo contrário, em face de tudo aquilo, cresce o apoio à alternativa, às ideias, até aqui tidas como radicais e utópicas de alguns como Ron Paul. No mundo ocidental, as pessoas estão a deixar de acreditar no paradigma actual da política, mas não deixaram, nem (acredito eu) vão deixar, de acreditar na liberdade. É por isso que na América um crescente número de pessoas, nas quais eu me incluiria se fosse norte-americano, estão dispostas a dar a oportunidade a uma alternativa que seja verdadeiramente uma alternativa ao enquadramento que nos trouxe até aqui.
Ora, dito isto, devo também dizer que, no presente, não acredito na viabilidade de se regressar ao padrão ouro; à austeridade orçamental que actualmente é necessária, para regressar a uma trajectória saudável e sustentável, será necessário juntar-lhe alguma indisciplina monetária antes de, também, esta poder ser invertida. Mas acredito e muito na necessidade de devolver às pessoas a primazia que o Estado, mesmo que democraticamente, ganhou sobre o Indivíduo. Acredito na obrigatoriedade de rever (e reduzir drasticamente) o papel e a presença do Estado na nossa sociedade, remetendo-o essencialmente, na tradição libertária, para o domínio da Justiça enquanto zelador do cumprimento de contratos livremente estabelecidos. Considero crucial a eliminação da cobertura e relação institucional que o Estado concede ao "Big Business", eliminando o "too big to fail". E, por fim, penso ser indispensável que a política se torne executante da vontade popular e descentralizada dos eleitores, para a qual toda a transparência democrática e toda a relação directa entre eleitor e eleito serão necessárias. Contudo, e é aqui que reside o grande "appeal" de Ron Paul, só alguém fora do "mainstream" partidário, cá como lá, é que será capaz de assegurar tais desígnios.
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