Uma organização social que aceita como normais as desigualdades sociais, para quem a existência de classes ou de grupos sociais com direitos (1) diferentes é da “ordem natural do mundo” (conceito que de natural nada tem, e que procura ignorar que as sociedades humanas são construções obtidas da capacidade de racionalização e de abstracção do intelecto humano (2)).
E essa normalidade da desigualdade, essa aceitação de que há pessoas diferentes, que não podem ser iguais a nós (3) – os que temos acesso ao trabalho e a meios de sobrevivência ...
Este texto da jornalista São José de Almeida, do Público de hoje (sao.jose.almeida@publico.pt) é perfeitamente demonstrativo do pensamento de certa esquerda. É uma perfeita salada de alhos e bugalhos.
Destaquei três conceitos:
1) Há direitos primários e direitos secundários, os primeiros são direitos à acção e são iguais para todos. Os segundos são chamados secundários ou económicos e têm de estar limitados pela escassez de recursos. Estes últimos são naturalmente diferenciados. Não seria possível toda a população estar no RSI, por exemplo.
2) As sociedades humanas não são apenas construções sociais. Nós somos frutos da nossa genética e da educação. Não somos uma tábua rasa. Há tabelas aos modelos sociais impostos pela nossa natureza humana.
3) Não é possível garantir direitos económicos iguais a quem produz e a quem apenas consome. Tal princípio destruiria qualquer sociedade.
Prometo não vos voltar a incomodar com saladas de alhos e de bugalhos.
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