08 julho 2011

Que vá ele

É claro que a Moody's tem razão e que, nas circunstâncias actuais e nas perspectivas futuras, Portugal não tem condições para pagar aquilo que deve. Um país que tem um défice crónico das contas externas, que todos os anos importa mais 10% do PIB do que aquilo que exporta, que se encontra numa situação totalmente incapaz de atrair capital estrangeiro, paga com quê?

Não paga. O Presidente da República, que é economista, já se apercebeu disso, sabe que Portugal não tem condições para pagar, que só uma alteração drástica nas contas externas poderia abrir luz a uma esperança. Trata-se de importar menos e de exportar mais, mas sem uma moeda própria nem uma política proteccionista não há maneira de o conseguir.

O Presidente, no seu discurso de 10 de Junho, apelou aos portugueses para voltarem à Agricultura, que seria uma maneira de substituir os bens agrícolas importados por produção nacional. Dava vontade de lhe esfregar o discurso no nariz. Ele, que como primeiro-ministro, vendeu a agricultura à UE (e as pescas e uma boa parte da indústria portuguesa tradicional - quer dizer, praticamente tudo aquilo que os portugueses sabiam fazer) a troco de subsídios que lhe deram votos e lhe permitiram criar este grandioso Estado-Providência agora falido ...

Para a Agricultura, agora, sem condições de competitividade (que o Euro não permite), assim em atitude de patriotismo? Que vá ele.



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