Ontem a minha filha mais nova fez 21 anos, que é a idade com que em minha casa se atinge a maioridade. Após o jantar com familiares e amigos, depois de cantar os Parabéns, apagar as velas, e enquanto se erguiam as taças de champanhe, ela pediu-me que fizesse um discurso. Ela gosta dos meus discursos. E, provavelmente, tem razão porque os portugueses são excelentes com as palavras. Adoram palavras.
Tive de improvisar um tema, e desta vez com uma dificuldade adicional. Ela tinha trazido de Londres uma colega inglesa, e o discurso tinha de ser feito em estrangeiro porque um português não gosta de excluir ninguém.
O discurso improvisado e em estrangeiro terminou assim: "Today, when my youngest daughter turns 21 and becomes an adult, I can finally claim that I am a free man".
Sim, o sentimento de liberdade foi o que me ocorreu na ocasião. Porque um homem só é livre depois de ter cumprido as suas obrigações. Ninguém é livre aos dezoito anos. Nem sequer aos trinta ou aos quarenta. Essa é uma liberdade ilusória e frequentemente destrutiva. Pelo contrário, o meu sentimento era o de uma liberdade construtiva. Eu tinha terminado a tarefa de construir uma pessoa - a última, de quatro.
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