Num país de tradição profundamente católica, como é Portugal, para que se faça justiça à sua cultura universal, todas as características humanas e todos os comportamentos humanos hão-de estar representados, cada um deles de um extremo ao outro do espectro.
Num país assim existe um código de comportamento, uma espécie de Constituição implícita, que é a Bíblia, com ênfase no Novo Testamento, segundo a interpretação que lhe é dada pela Igreja Católica. As pessoas são encorajadas a seguir os princípios prescritos nesse código, mas, na realidade, só algumas o conseguem fazer - a elite. O paradigma da figura de elite é Cristo, representado pelo padre católico.
O princípio mais importante deste código católico é o princípio do amor ao próximo ou caridade, que se exprime genericamente em querer bem ao próximo, não cometendo agressões contra ele, não o desvalorizando, não o depreciando. E os padres católicos dão o exemplo, no sentido em que não se imagina um padre a agredir, a insultar ou a desvalorizar alguém.
Porém, para que esta cultura seja verdadeiramente católica ou universal, para além das pessoas - os padres e outros homens de elite - que praticam este princípio à perfeição, havemos de encontrar nela outros homens que o praticam apenas assim-assim e outros que não o praticam de todo. São o povo, e tanto mais povo quanto mais se afastam da prática deste princípio (e dos outros que o código prescreve).
Na realidade, numa sociedade de cultura católica, aquilo que define o povo, por oposição à elite, é que o povo possui um conjunto de valores e de comportamentos que se afastam dos da elite e que, no limite, são exactamente opostos aos da elite. E um homem é tanto mais povo quanto mais os seus valores e comportamentos se afastam dos da elite. Por isso, uma das características de comportamento do povo de cultura católica não é ele tratar bem o seu semelhante. Não. É tratá-lo mal. O povo português, fora do círculo restrito da família e dos amigos, trata-se mal a si próprio, deprecia-se mutuamente. O povo português, no espaço público, só trata bem quem ele não vê como povo, quem ele não vê como seu igual. Num pais de cultura católica, o povo não tem respeito por si próprio. O povo só respeita quem ele vê acima dele, e com poderes sobre ele (ainda que seja um patife).
Ora, o ministro da Economia quer parecer povo. Vai pagá-las. Verá como o povo lhe vai retribuir.
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