Eu gostaria de ilustrar o ponto essencial do meu post anterior com esta peça jornalística do i, esse jornal feito por adolescentes e para adolescentes. A mulher do primeiro-ministro de Portugal, Laura Ferreira, é comparada a Michele Obama, mas o padrão da comparação é obviamente Michele, e não Laura. Laura é uma imitação de Michele, ainda por cima de Massamá.
Nunca teria ocorrido ao jornalista, ou a quem estabeleceu a comparação, chamar a Michele Obama a Laura Ferreira de South Shore, um pobre bairro negro de Chicago onde Michele nasceu e cresceu.
Mas a comparação é ainda mais capciosa do que aparenta, porque aquilo que estas duas mulheres têm obviamente em comum é a côr da pele. Se ninguém ainda tinha reparado na côr da pele da mulher do primeiro-ministro, o jornal i veio lembrar-lhe.
Portugal está cheio de democratas de vão-de-escada como o jornalista que fez esta peça, e o director do jornal que a deixou passar. Não passaria em qualquer jornal decente dos EUA. Seria considerada ofensiva. Em Portugal não, porque ofender o próximo, ou depreciá-lo, é um desporto muito popular no país e, evidentemente, o traço cultural mais anti-democrático que um povo pode ter.
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