O Estado Novo foi governado predominantemente por homens que eram homens de elite, e Salazar destacava-se entre eles. Um homem de elite da tradição católica é aquele que possui valores, comportamentos e um código de conduta que o aproximam do padre católico, e portanto, de Cristo. Hoje, Portugal é governado por homens e mulheres do povo, cujos valores, comportamentos e atitudes, no extremo, são exactamente os opostos dos do padre católico e, portanto, de Cristo.
Esta alteração não se fez de um golpe. Pelo contrário, foi uma evolução lenta e gradual que ocorreu ao longo dos últimos 37 anos. Julgo, porém, que é possível discernir o momento em que os homens de elite deixam de aparecer na governação do país em qualquer número significativo, e passam a aparecer predominantemente homens e mulheres do povo. Esse momento situa-se em meados da década 90.
O último governo português onde existe uma presença significativa de homens de elite é o primeiro governo maioritário de Cavaco Silva. Estou a pensar em homens como Álvaro Barreto, Eurico de Melo e Miguel Cadilhe, mas incluiria também, o que é uma raridade na cultura católica, uma mulher de elite, Leonor Beleza.
E o primeiro governo que é genuinamente povo, onde é difícil distinguir um homem de elite é o governo de António Gueterres. A partir de então os governos são predominantemente constituídos por povo. O governo de António Guterres merece, ainda, uma palavra especial. O seu lema era "A Paixão pela Educação", um lema retintamente feminino, como feminino é o carácter do povo português. O governo de António Guterres é, verdadeiramente, o primeiro governo do povo da nova democracia portuguesa. É também por essa altura que começa o descalabro que conduziu à situação actual.
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