19 abril 2011

under the establishment's grip

Ontem, no Jornal de Negócios, João Cândido da Silva escrevia "A política portuguesa, dos partidos ao Parlamento, beneficiaria se passasse por um processo de refrescamento e de atracção de caras novas que, da direita à esquerda, não vêem motivos para se envolverem". De acordo, mas eu iria mais longe: é a própria sociedade portuguesa que precisa de se refrescar. Precisa de se libertar de uma geração, que, tendo tido a sua oportunidade para regenerar o País, falhou. A insolvência financeira de Portugal é disso consequência.

Ora, vem isto a propósito das listas de deputados do PS e do PSD que, entre vários membros do Governo PS, presenças habituais no Parlamento, uns tantos novos politiqueiros e uma ou outra boa acção de recrutamento (o caso, parece-me, de Carlos Moedas no PSD), não representam uma verdadeira renovação na vida política do País. Onde está a nova geração de Portugueses? Onde estão os técnicos qualificados? Onde estão as pessoas com currículo, credibilidade e reputação nas suas respectivas áreas profissionais? É simples: não estão! Ao mesmo tempo, isto também vem a propósito das entrevistas que a RTP1 vem conduzindo nas últimas semanas, em horário nobre, que começaram com José Sócrates e que, ontem, tiveram como protagonista Freitas do Amaral. Enfim, neste momento tão difícil, em que a ruptura com o passado é absolutamente necessária, confesso a minha perplexidade com a incapacidade de se encontrarem outros protagonistas que não os mesmos dos últimos 30 anos. E causa-me ainda maior perplexidade o facto de alguns desses velhos protagonistas morderem a mão que lhes deu (dá) de comer. Francamente, não entendo como é que esta gente ainda tem tempo de antena...

A minha conclusão é a seguinte: não existe opinião pública em Portugal. Se existisse, a maioria daqueles senhores já teriam sido arrasados pela imprensa; existe, quanto muito, alguma opinião publicada. Mas, curiosamente, enquanto a generalidade da imprensa portuguesa, sobretudo a TV, insiste nos suspeitos do costume, os jornais estrangeiros não! E basta ler o International Herald Tribune, nos artigos que tem escrito acerca de Portugal, para constatar que, pelo menos lá fora, há quem veja para além do establishment nacional e ainda bem! Sim, porque, infelizmente, tendo em conta que foi o establishment que nos trouxe até aqui, não será de esperar que seja o mesmo a tirar-nos daqui...

Sem comentários: