Ontem, no Jornal de Negócios, João Cândido da Silva escrevia "A política portuguesa, dos partidos ao Parlamento, beneficiaria se passasse por um processo de refrescamento e de atracção de caras novas que, da direita à esquerda, não vêem motivos para se envolverem". De acordo, mas eu iria mais longe: é a própria sociedade portuguesa que precisa de se refrescar. Precisa de se libertar de uma geração, que, tendo tido a sua oportunidade para regenerar o País, falhou. A insolvência financeira de Portugal é disso consequência.
Ora, vem isto a propósito das listas de deputados do PS e do PSD que, entre vários membros do Governo PS, presenças habituais no Parlamento, uns tantos novos politiqueiros e uma ou outra boa acção de recrutamento (o caso, parece-me, de Carlos Moedas no PSD), não representam uma verdadeira renovação na vida política do País. Onde está a nova geração de Portugueses? Onde estão os técnicos qualificados? Onde estão as pessoas com currículo, credibilidade e reputação nas suas respectivas áreas profissionais? É simples: não estão! Ao mesmo tempo, isto também vem a propósito das entrevistas que a RTP1 vem conduzindo nas últimas semanas, em horário nobre, que começaram com José Sócrates e que, ontem, tiveram como protagonista Freitas do Amaral. Enfim, neste momento tão difícil, em que a ruptura com o passado é absolutamente necessária, confesso a minha perplexidade com a incapacidade de se encontrarem outros protagonistas que não os mesmos dos últimos 30 anos. E causa-me ainda maior perplexidade o facto de alguns desses velhos protagonistas morderem a mão que lhes deu (dá) de comer. Francamente, não entendo como é que esta gente ainda tem tempo de antena...
A minha conclusão é a seguinte: não existe opinião pública em Portugal. Se existisse, a maioria daqueles senhores já teriam sido arrasados pela imprensa; existe, quanto muito, alguma opinião publicada. Mas, curiosamente, enquanto a generalidade da imprensa portuguesa, sobretudo a TV, insiste nos suspeitos do costume, os jornais estrangeiros não! E basta ler o International Herald Tribune, nos artigos que tem escrito acerca de Portugal, para constatar que, pelo menos lá fora, há quem veja para além do establishment nacional e ainda bem! Sim, porque, infelizmente, tendo em conta que foi o establishment que nos trouxe até aqui, não será de esperar que seja o mesmo a tirar-nos daqui...
Sem comentários:
Enviar um comentário