18 abril 2011

os dias contados

A dívida grega está hoje em níveis recorde. A 2 anos, está a 18,7%. A 5 e a 10 anos, está a 15,9% e a 13,9%, respectivamente. O cenário da reestruturação é evidente e cada vez mais iminente. Ora, de acordo com o WSJ, cerca de 20% do stock de dívida pública grega está nos bancos gregos, na carteira própria ou nos seus fundos de investimento, pelo que, qualquer reestruturação de dívida terá um efeito de ricochete...reflectindo-se, internamente, no próprio país. Ou seja, a expropriação não será apenas externa. A Grécia está, portanto, numa posição muito delicada. Porém, ainda na semana passada, Dominique Strauss-Kahn, do FMI, acusava o Governo grego de pouco ter feito para combater a evasão fiscal que continua a persistir no país. Ao mesmo tempo, crescem os movimentos de contestação social - e o boicote - à subida das tarifas reguladas, nomeadamente nos transportes públicos. Em suma, mesmo avisada, a população grega não aceita a austeridade. E resiste, tentando manter uma situação superficial que as baixas taxas de juro do euro permitiram acomodar. Mudar? Para pior? Mas nem pensar!

O pensamento instalado na Grécia diz-nos apenas uma coisa: para os gregos, os sacrifícios deixaram de valer a pena. Não lhes vêem mérito. Nem motivo para esperança. A única mudança aceitável seria pôr o Banco central a imprimir notas. Por isso, a política de terra queimada, que agora se vislumbra, vai conduzir aquele país à ruptura. Neste momento, ninguém empresta dinheiro à Grécia - o próprio FMI/FEEF já deve estar arrependido - e, em breve, a sua população vai forçar o Governo a entrar em default. O que é que, então, sucederá? Possivelmente, a nacionalização de todo o sistema financeiro grego e o regresso ao dracma, sendo que, de uma hora para outra, todos os activos e, sobretudo, todos os passivos em euros serão redenominados naquela moeda. Enfim, esta primeira reestruturação pode ser o rastilho para o fim do euro, pois, sem uma união política que, em última instância, permita ao BCE acomodar os danos colaterais de uma reestruturação generalizada na periferia europeia, o euro tem os dias contados.

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