O Estado Social português acabou. O famigerado «modelo social europeu» acabou. Tudo isto se está a desmoronar, em Portugal com o actual governo do PS, e vai ser enterrado pelo FMI e pelo governo que será eleito a 5 de Junho, qualquer que ele seja. Infelizmente, por obtusidade nossa, deixamos o nosso modelo social precipitar-se no abismo, quando devíamos e podíamos tê-lo reformado paulatinamente, para pouparmos as pessoas ao sofrimento que agora infelizmente vão ter de enfrentar. O que deverá então estar reflectido num documento programático de um partido que poderá chefiar o próximo governo é, a meu ver, o modo como o estado devolverá as funções que usurpou à sociedade nas últimas décadas. Para isto não chega «privatizar», como o documento refere de passagem, embora alienar todo o sector empresarial público seja, mais do que uma necessidade económica, uma obrigação moral: chega de empresas públicas desnecessárias, falidas e geridas por gestores políticos pagos com salários milionários. Mas, para além de privatizar, é necessário desestatizar a sociedade, começando por abrir à iniciativa privada e à liberdade contratual e individual, de forma ilimitada e sem os controles actualmente existentes, os sectores da educação, da saúde, da previdência, da regulamentação laboral e largos domínios da segurança, da justiça e até mesmo do direito público. Afastar o estado das corporações e deixar ao mercado a responsabilidade da livre escolha, em vez de manter os interesses instalados, será também essencial para o arejamento da nossa vida social. Mudar de paradigma, infelizmente a correr e à pressa, é o que nos vai suceder pela força das circunstâncias. Os governantes dos próximos anos terão de estar cientes disso e devem dizê-lo claramente aos portugueses.
Rui Albuquerque, no Blasfémias
Em Portugal, é muito curioso que tenham sido os socialistas a "rebentar" com o Estado Social. E que o tenham comemorado com tanta euforia em Matosinhos.
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