A cultura católica é constituída por duas subculturas, a da elite e a do povo, e só é compreensível na relação entre estas duas subculturas. O equilíbrio e a fecundidade da cultura católica resulta da combinação destas subculturas em proporções adequadas. Quando uma das subculturas prevalece em detrimento da outra, a cultura católica desequilibra-se e torna-se estéril.
Aquilo que caracteriza estas duas subculturas na sua relação uma com a outra é que perfilham valores exactamente opostos, e é esta característica que confere à cultura católica a imagem de um pêndulo, que pode variar entre os extremos da sua amplitude ou ocupar qualquer posição intermédia. Esta característica para variar, para nunca permanecer na mesma posição, opõe-se à cultura protestante que parece ocupar um ponto fixo e imutável no arco de variação do pêndulo. Não é possível definir e caracterizar uma comunidade católica, ou um país de cultura católica, de uma maneira definitiva e válida para sempre, porque aquilo que ela é hoje pode ser radicalmente diferente daquilo que era ontem e do que será amanhã.
Considero a comunidade católica alargada e a sua elite, genericamente os padres, mais especificamente a alta hierarquia católica.
Os padres são castos, estando-lhes vedada toda a actividade sexual. Pelo contrário, não existe na civilização ocidental povo mais sexual que o povo católico. Por vezes, ao extremo. Esta é a cultura mais sensual da civilização ocidental, como vários estudiosos têm notado.
Os padres dedicam a sua vida inteiramente às coisas do espírito, à gratificação da alma. O povo, pelo contrário, é extraordinariamente materialista, dedicando a vida sobretudo à gratificação do corpo.
Os padres não vivem por dinheiro e nada fazem por dinheiro, está-lhes vedado pelo seu código de conduta, segundo o qual não se pode servir ao mesmo tempo a Deus e ao dinheiro. Pelo contrário, um povo de cultura católica adora o dinheiro, é capaz de fazer tudo por dinheiro e vende tudo por dinheiro.
Os padres estão vinculados à Verdade. Pelo contrário, o povo católico é o mais fantasista que se pode imaginar (para não utilizar um termo mais forte correspondente a uma das variantes do fantasista).
Os padres levam uma vida recolhida de estudo, reflexão e meditação, eles são a primeira classe organizada de professores que a civilização Ocidental conheceu. Pelo contrário, o povo gosta é de festa, actividades de rua, e detesta estudar.
Os padres são pessoas altruístas por excelência, dedicando a sua vida aos outros em nome do principal valor cristão - o amor ao próximo ou caridade. Pelo contrário, o povo católico é radicalmente egoísta, só cuida de si e dos seus. Um padre não diz mal de outras pessoas. Ao invés, o homem e a mulher do povo deleitam-se a falar mal dos outros.
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