Na cultura portuguesa e católica nada é o que parece porque a realidade está sempre romanceada, introduzindo elementos de complexidade e de mistério que despertam a curiosidade e a emocionalidade, duas características do carácter feminino e que são comuns aos portugueses.
A Igreja Católica é uma figura de mulher - Maria - desenhada em caras de homem - os padres. Na cultura católica são os homens que dão a cara por valores que são predominantemente femininos, como a compaixão, a solidariedade, o amor, a paz.
Portugal é a Igreja Católica em regime civil, também uma figura de mulher, o povo, representada em caras de homem, a elite. Para juntar à complexidade e ao mistério, a figura da mulher - o povo - é designada por um substantivo masculino, e a figura do homem - a elite - por um substantivo feminino.
Portugal encontra-se actualmente num estado em que a mulher, o povo, não tem homem, a elite. Aquilo que Otelo fez na entrevista ao Jornal de Negócios é tipicamente católico. Eis um homem (Otelo) a dar a cara por um desejo feminino - o do povo -, o desejo de encontrar homem - a elite, na figura de Salazar ou alguém parecido.
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