O problema actual de Portugal não é um problema com as mulheres, nem com os valores femininos. É um problema com os homens que posssuindo, por virtude da sua cultura, valores que são predominantemente femininos, se comportam generalizadamente como mulheres.
A democracia saída do 25 de Abril e o povo puseram fora da cena pública a elite governativa, que era uma elite exclusivamente de homens, substituindo-a por homens e mulheres do povo, os quais possuem valores essencialmente femininos. Portugal passou a ser uma sociedade de mulheres, embora metade da população vista de calças.
A ideologia do género, importada nos últimos anos dos países protestantes (as ideologias são sempre criações dos países protestantes) ajudou a esta transformação. A ideologia do género afirma que não existem diferenças essenciais entre os sexos, entre homens e mulheres (e por isso, ela fala de géneros, e não de sexos). As diferenças são matéria de opção pessoal ou de convenções sociais. Numa sociedade de valores predominantemente femininos como é Portugal, esta ideologia unisexo pendeu para o lado dominante - o lado feminino -, e os homens tornaram-se cada vez mais iguais às mulheres. Nas sociedades protestantes de valores predominantemente masculinos, a homogeneização fez-se também pelo lado preponderante, e aí foram as mulheres a tornarem-se cada vez mais iguais aos homens.
Portugal, que à imagem da Igreja Católica é uma figura feminina, faz hoje a figura da mulher retratada aqui por um observador americano. As circunstâncias desta mulher não são quaisquer. É uma mulher arruinada e sem homem, e uma mulher à procura de homem que a governe, porque ela não se consegue governar a si própria. A mesma figura faria a Igreja Católica se algum dia lhe retirassem a sua elite - os cardeais, presididos pelo Papa: sectarizava-se, todos contra todos (franciscanos, jesuítas, dominicanos, etc.), desorientava-se, consumia em poucos anos os tesouros do Vaticano, e arruinava-se. Até encontrar de novo um Papa e os cardeais, as figuras masculinas e de elite na Igreja.
Aquele deputado e aquele jornalista que recentemente andaram a lavar a roupa suja lá fora acerca do que se passa no país, não tiveram senão um comportamento feminino, que é o de lavar a roupa suja em público, porque lavar a roupa é tradicionalmente uma tarefa feminina. Seria absolutamente impensável um deputado alemão ou um ex-director do Der Spiegel terem comportamentos idênticos.
Diferente não foi o comportamento do líder da oposição que, um dia depois de deitar o governo abaixo, foi a correr dar explicações a Angela Merkel - e sabe-se lá fazer quantas queixas -, imitando, de resto, o primero-ministro que tinha feito o mesmo uma semana antes. A multiplicação de comportamentos desta natureza é de esperar nos próximos tempos, figuras públicas do país a fazerem queixas umas das outras em tudo o que é centro de decisão na Europa.
Procurar cobertura para as suas posições perante uma figura de autoridade - que é um valor distintamente masculino - é um comportamento caracteristicamente feminino. Que essa figura seja a da Senhora Merkel pouco importa porque, provindo de uma cultura predominantemente masculina, ela é um verdadeiro homem de saias, ao contrário dos políticos portugueses que se comportaram como verdadeiras mulheres de calças.
Tal como a mulher portuguesa arruinada e sem homem que andava à procura de um homem que a governasse, assim está Portugal, a mulher católica, à procura de um homem que a governe. Decidiu agora procurar no estrangeiro, na pátria do protestantismo - a Alemanha. Duvido que o amor pegue. Da última vez que esteve nas mesmas circunstâncias, desorientada e arruinada, procurou homem em Portugal, e encontrou-o. O amor pegou e foram felizes e prósperos durante muitos e longos anos. Chamava-se António de Oliveira Salazar.
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