Escreve hoje o jornalista Pedro Romano, do Jornal de Negócios, que "A Administração Central vai chegar ao fim do primeiro trimestre de 2011 com um défice de 2.544 milhões de euros. Em apenas um mês, Estado, Fundos e Serviços Autónomos - a verdadeira máquina do sector público - veêm assim evaporar-se o excedente volumoso obtido até Fevereiro, que se torna assim num buraco de cerca de 1,5% do PIB. A conclusão surge da análise dos objectivos trimestrais de despesa e receita do Estado, ontem apresentados pelo Ministério das Finanças (...) Segundo este plano, a execução de Março vai pulverizar os bons resultados obtidos nos dois primeiros meses. A receita da Administração Central, que foi de 3,7 e 4,1 mil milhões de euros nos dois primeiros meses, cai para 2,7 mil milhões. Já a despesa, que rondou os 4 e os 3,4 mil milhões em Janeiro e Fevereiro, dispara para 5,6 mil milhões em Março.", edição de hoje, página 38.
Enfim, estou, como diriam os bifes, dumbfounded!
Na minha última análise à Execução Orçamental, tinha chegado a duas conclusões: a) que a contenção na Despesa da Administração Central se estava a fazer como previsto, embora de forma decepcionante, e que, através da análise das incongruências registadas nas despesas do sub-sector Serviços e Fundos Autónomos, se poderia extrapolar que o esforço de contenção não estaria a ser muito sério e; b) que a evolução das receitas, a exemplo do que já havia sucedido no relatório anterior, indicava que, muito provavelmente, a evolução futura, a partir de Março, na cobrança de impostos pudesse vir a ser inferior às expectativas. Este era o meu cenário central, em face dos números mais recentes da Direcção Geral do Orçamento (DGO).
Porém, o que hoje nos é relatado pelo Jornal de Negócios faz prever uma situação muito, mas muito, pior do que aquela que eu previ e que, confirmando-se, será absolutamente contrária àquela que os (ainda) responsáveis políticos deste Governo nos fizeram crer nos últimos dias e nas últimas semanas. Ou seja, se esta informação do Negócios vier a ser confirmada pelo boletim mensal da DGO em Abril, será grave. Será muito grave.
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