O desemprego é o maior flagelo social da crise que, a cada dia que passa, se intensifica em Portugal. De acordo com a edição de hoje do Diário Económico, no final de Dezembro existiam (oficialmente) 541.840 desempregados e destes quase metade já havia perdido o direito ao subsídio de desemprego. Não só o desemprego atingiu um nível recorde, como também a taxa de cobertura do subsídio - a relação de desempregados que recebem apoio do Estado dentro do universo total - baixou para 54,5%, o nível mais baixo de sempre desde que as estatísticas começaram a ser publicadas.
Mas há mais. Em Dezembro, o número de beneficiários do RSI caiu para 336.104, uma quebra de 18% face a Dezembro de 2009. E o número de beneficiários do abono de família também, de 1,8 milhões de pessoas para menos de 1,4 milhões. Sendo certo que o Estado social foi longe de mais, e que a eliminação de alguns daqueles benefícios era inevitável, não deixo de me interrogar sobre o que é que aqueles desempregados, a maioria dos quais sem qualquer expectativa de encontrarem emprego em Portugal no curto ou médio prazo, farão agora que, sem horizontes nem dinheiro, veêm as suas vidas a andar para trás. A resposta imediata é: vão ter de emigrar.
Enfim, como diz António Barreto na sua entrevista de hoje ao mesmo DE, "o descontentamento verdadeiro, a indignação perigosa - para já não falar de revoluções e motins - não vem dos pobres cada vez mais pobres, porque esses estão ocupados a sobreviver e a arranjar pão, não têm tempo para fazer revoluções". Pois é. E é por isso que os responsáveis por este triste Estado de coisas se vão, por enquanto, agarrando, que nem lapas, ao poder...
Sem comentários:
Enviar um comentário