05 janeiro 2011

Amaro da Costa

Viva! E um Bom Ano para todos!
Decidi, aqui no Portugal Contemporâneo, começar 2011 da mesma forma que terminei 2010: com crítica literária. Desta feita, sobre um outro livro que li durante estas mini férias de final do ano: "Adelino Amaro da Costa, Histórias de uma Vida Interrompida", escrito por Maria do Rosário Carneiro (irmã do biografado).

Da infância no Funchal à vida adulta em Lisboa, o livro conta-nos um conjunto de estórias, mais do que a história, de Amaro da Costa. Assim, sendo uma narrativa cativante, terminei o livro com um sabor amargo. Primeiro, porque a obra retrata, preferencialmente, o político, em alternativa ao ideológo como, repetidamente, o tenta posicionar. Segundo, porque, para minha grande decepção, o centrismo, preconizado por Amaro da Costa, está mais próximo da esquerda que da direita. Foi (e é) essa a razão pela qual o CDS nunca se afirmou na política portuguesa. E é, também, por isso, que as suas principais figuras de então (Freitas do Amaral e Basílio Horta) acabaram encostados ao PS, como, estou convicto, teria acontecido com Amaro da Costa tivesse este vivido mais tempo.

Aliás, da leitura do livro resulta que, na altura, mais do que posicionar ideologicamente o centrismo junto da democracia cristã ou da social democracia, interessava mais ao CDS posicionar os seus líderes junto do poder (daí as coligações governamentais, primeiro com o PS de Mário Soares e depois com o PS...D de Sá Carneiro). Mas, enfim, também admito que naqueles momentos conturbados e precoces da democracia portuguesa fosse essa a sua preocupação maior. Quanto a Amaro da Costa, deve ter sido um bom tipo. Voluntarioso. Bonacheirão. Criativo. Numa só palavra: Português. Mas, por isso mesmo, dificilmente de direita.

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