09 novembro 2010

separar as árvores da floresta (III)

Analisando em detalhe os balanços dos quatro maiores bancos nacionais (CGD, BCP, BES e BPI), e tendo em conta que o principal risco financeiro (embora não imediato) a que o país se sujeita é o incumprimento do Estado no pagamento da nossa dívida soberana, a conclusão é a de que, ao contrário de 2008, o banco menos seguro é neste momento a CGD!
A razão é simples: se considerarmos o peso dos recursos dos bancos centrais no balanço dos quatro bancos referidos no total do passivo daquelas entidades, observa-se que a maior exposição relativa (e, também, absoluta) é da CGD. Ou seja, os recursos de bancos centrais na CGD, para os quais esta tem de entregar activos que sirvam de garantia e que em geral são títulos de dívida pública (onde, hoje, está concentrado o maior risco), representam 11% do seu passivo, tendo no último ano quase duplicado de valor para mais de 13 mil milhões de euros. Quanto aos demais, no BES essa componente também duplicou de valor, mas, para já, representa uma percentagem menor (9%). E, por fim, no caso do BPI e do BCP as respectivas leituras não ultrapassam os 5% e os 2%.
Acrescente-se, ainda, que, no universo analisado, a CGD é também o banco que apresenta maior rácio de crédito com incumprimento no total de crédito concedido: 3,2%. Em suma, os principais bancos privados não estão tão mal quanto agora os pintam. Porém, também é verdade que, enquanto as incertezas quanto à sustentabilidade do país não desaparecerem, não se poderá, evidentemente, esperar que a banca nacional se fortaleça. As suas realidades vão a reboque da realidade do país. Mas, ao contrário da Irlanda, não são os bancos que estão no centro da crise; é o Estado.

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