"Como qualquer regime político, a partidocracia que governa Portugal, e que nos levou ao buracão em que estamos metidos, tem os mais básicos instintos de sobrevivência (...) Mas o regime actual é apenas uma das muitas formas de democracia que podemos ter. E esta forma de partidocracia semi-presidencial feita à medida do PS e do PSD está esgotada. Fracassou (...) Para sobreviver, o regime procura encontrar culpados, um puro bode expiatório que salve a elite governante da década muito dura que Portugal tem pela sua frente (...) A nova versão do regime para explicar o atoleiro português é culpar a senhora Merkel. Acontece que ela é neste momento a única segurança contra o fim do euro que evidentemente teria consequência ainda mais nefastas para uma economia aberta e imensamente endividada como a nossa.", Nuno Garoupa, na edição de hoje do Jornal de Negócios.
Recomendo a leitura deste excelente artigo. Na minha opinião, o retrato que faz da clique política que nos governa é acertadíssimo, de onde resulta que, além de outros protagonistas, a democracia portuguesa terá de encontrar outro enquadramento institucional que a livre dos erros do passado recente. Quanto ao euro, a saída de Portugal da moeda única teria, de facto, um custo de curto prazo muito considerável. Porém, e é este o único ponto no qual discordo do Nuno Garoupa, após a absorção desse impacto imediato, o país teria de novo esperança num futuro melhor, coisa que, nos dias que correm, dificilmente, alguém de bom senso poderá sentir.
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