Nas últimas semanas, a Newsweek e a Economist têm publicado diversos artigos acerca dos benefícios associados à generalidade dos cursos superiores de pós-graduação, nomeadamente os MBA's. Ao mesmo tempo, um estudo divulgado pela College Board norte-americana fez o mesmo em relação às licenciaturas.
Então, parecem não existir dúvidas quanto à mais valia de uma licenciatura. Nos Estados Unidos, o rendimento per capita dos não-licenciados é de 20 mil dólares por ano, enquanto que no caso dos licenciados é de quase 60 mil. Já em relação aos MBA's, começam a existir algumas hesitações e muitas empresas preferem agora, em alternativa, investir no chamado ensino executivo, organizado e ministrado pelas próprias companhias, a fim de melhorarem a produtividade dos seus colaboradores.
Mas comecemos pelos MBA's. No ranking elaborado pela Economist, o melhor programa é o da Universidade de Chicago nos Estados Unidos. De resto, as instituições norte-americanas dominam a classificação e nos primeiros dez lugares encontramos seis sedeadas nos Estados Unidos. Depois, há uma espanhola (a IESE de Barcelona, em quinto lugar), uma suíça (a IMD, em sexto), uma francesa (a HEC, em nono) e uma canadiana (a York University, em décimo lugar). Contudo, hoje em dia, com o aumento do desemprego e, sobretudo, com a profusão de programas pós graduados, o prémio salarial, em média, associado à obtenção de um MBA está a diminuir. De acordo com os dados citados pela Economist, apenas na HEC e na IESE é que os alunos pós graduados conseguiram duplicar, ou mais do que duplicar, os seus ordenados face ao que ganhavam com uma simples licenciatura. Nos programas das restantes universidades destacadas no Top-10, os aumentos foram inferiores ao vencimento base pré-MBA, sendo que o prémio salarial associado a alguns desses programas diminuiu mais de 10% face ao ano anterior.
O raciocínio anterior não pretende argumentar contra a obtenção de um MBA. Não, pois a obtenção de um MBA ainda permite alcançar melhorias salariais significativas. Porém, essas melhorias não são generalizadas. Recentemente, em conversa com um amigo meu, director de recursos humanos de uma multinacional de chocolates, perguntava-lhe se, de um modo geral, ele valorizava a existência de um MBA no CV de um candidato ou não. A sua resposta foi crua: se for de uma universidade de topo, sim; caso contrário, não acrescenta nada. Ora, esta parece ser a opinião de várias multinacionais que, recentemente, deixaram de investir indiscriminadamente em MBA's para os seus quadros e que, em alternativa, promovem acções de formação técnica destinadas a conceder maior grau de especialização na função que já executam na empresa.
O ensino "corporate" (executivo) não é de agora. De acordo com a Newsweek, a primeira grande multinacional a promovê-lo foi a McDonald's que, em 1961, fundou a Hamburger University no estado do Illinois, cujo objectivo era simplesmente ensinar os seus cozinheiros a virar hamburgueres à McDonald's. Hoje em dia, há programas um pouco mais sofisticados, como o da Universidade Petrobrás que dá aos seus engenheiros formação avançada na exploração "offshore" de petróleo. E há também outros exemplos, como a Infosys (software) na Índia, em que as universidades fundadas pelas companhias privadas concorrem directamente com todas as outras universidades - públicas e privadas - em determinados nichos de saber, nomeadamente naqueles nichos que constituem a sua própria área de negócio, permitindo-lhes recrutar, em primeira mão, os mais alunos mais promissores. É aqui que está o futuro do ensino pós-graduado.
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