22 setembro 2010

fungagá da bicharada III

E, no entanto, assim como Marx fez vir à luz, e analisou, o «feiticismo da
mercadoria» (Fetischismus der Ware), desmontando o complexo dinâmico de relações
que se alberga «sob um invólucro coisal» (unter dinglicher Hülle)17 dado na imediatez
positiva da representação — também não seria desajustado invocar e discernir o
feiticismo do escrito: patente como objecto alegadamente investido de uma aura de
auto-sustentação, mascarado no processo material em que se faz e dissimulado nos
horizontes (teóricos e práticos) em que cobra real estação e significado.
Revestido de independência ôntica na sua positividade de «coisa», tal como
qualquer outro produto cultural, o escrito, no mesmo movimento em que mostra e se
mostra, oculta igualmente a teia de relações e de trabalhos, de índole diversificada, que
o subtende.

José Barata Moura, obra citada no post anterior.

PS: JBM alcança discernimento de Marx (Groucho Marx?)

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